Sementes urbanas
A Europa está hiper-ligada.
Já não encontramos obstáculos nas ligações espaciais no território europeu, e tudo indica que num futuro próximo toda esta realidade será ainda mais notória.
“A Europa tornou-se uma multiplicidade de regiões interligadas numa rede: Hiper Europa”.
Neste contexto, as cidades já não podem ser entendidas como elementos autônomos e isolados. Agora são partes de um todo, de um sistema complexo de relações e ligações entre elas.
Esta hiper-ligação gerou uma nova tipologia de cidade: um lugar onde as experiências urbanas se multiplicam. Uma cidade, onde o desenvolvimento econômico, cultural, geográfico e político é dado pelo interesse comum das diferentes partes. Uma cidade com um novo “cidadão”, fruto de todas estas hiper ligações e relações.
Na era da tridimensão, da globalização, do online, network, da aldeia global, das comunidades,... Apelamos a um novo tipo de compreensão do urbanismo, a um novo tipo de planejamento da cidade.
Na tentativa de distanciar-se o mais possível do ainda usado, e já obsoleto, modo bidimensional de gerar bairros e cidades, este projeto busca produzir uma nova dinâmica, adaptativa, onde o tecido urbano, composto por diversas camadas (layers), absorve e responde ao novo estilo de vida da sociedade.
As “sementes urbanas” são elementos que emergem e não elementos impostos. A sua interação gera uma sociedade com um mecanismo plural e complexo.
Nos subúrbios há uma forte tendência à falta de diversidade de usos (de layers), as redes de comunicação existem, mas apenas os unem espacialmente, sem que gerem urbanidade. Em resposta à análise sobre uma “Hiper-Europa”, e à situação regional da área metropolitana de Helsinki, perguntamo-nos se a maneira de conceber estruturas urbanas pode ser alterada e adaptada para que possa responder a uma sociedade européia ainda mais dinâmica.
Uma cidade criada pela adição de “porções complementares” de todas as outras cidades que estão ligadas entre si.
Em qualquer rede urbana: uma cidade de cidades.
Espoo: a questão
A região de Helsinki apresenta-se como um território com uma grande variedade de possibilidades e oportunidades. Dentro deste quadro, Espoo emerge como um novo e importante ponto focal.
Poderá Espoo gerar uma cidade de cidades? Será possível criar uma rede que possibilite a criação de uma estrutura urbana dinâmica e adaptativa? Que parâmetros dão forma a esta nova estrutura?
Masterplan
Uma das primeiras decisões foi gerar, a partir dos caminhos existentes, uma nova malha urbana baseada em tiras que irão conectar a marina a cidade já existente. Essas tiras são interrompidas por caminhos, muitos deles do traçado já existente.
Como resultado desse processo, o esquema gerado estende tanto a o limite da cidade como o da natureza envolvente, criando zonas de interseção entre ambos.
Lidar com um entorno natural tão forte é um desafio que não pode ser escondido. O projeto procura uma maneira de integrar a nova massa construída a paisagem e a condições climáticas tão especiais.
Qual o limite para a extensão de uma cidade? O projeto foi concebido em busca desse limite, não um limite conflituoso no qual as partes simplesmente se tocam, mas sim um limite de integração. Um limite onde o bairro projetado cruza a fronteira com o entorno criando ilhas de construção. Um limite onde a natureza invade a cidade interrompendo a nova malha urbana.
Deste modo, desenhamos um quadro de pixels urbanos com uma porção tridimensional de espaço onde cada cidadão, seja ele nômade ou residente permanente, possa ter a possibilidade de ocupar. A intenção não é impor um desenho, uma forma concreta, mas antes dar uma idéia inicial de como cada cidadão pode entender a cidade enquanto processo, para que possa ter um papel consciencioso na sua construção, atirando ele as sementes ao território.
A relação entre o edificado, a água, o espaço público é diferente ao longo de toda a área de intervenção. Cada usuário, cada lote e cada ambiente envolvente são determinantes no crescimento e desenvolvimento que a zona terá ao longo do tempo.
Pluralidade, multiplicidade, diversidade. Cada bloco modular serve diferentes usos, adaptáveis às necessidades de cada habitante, de cada estação do ano.
Água (natureza) + Tecnologia + Habitação = Novo entendimento de usos e funções.
ficha técnica
Autores
BC.PM
Bruno Louzada – Brasil
Francisco Villeda – México
Henry Quiroga - Colômbia
Iris Cantante – Portugal
BC.PM é resultado da colaboração entre 4 jovens arquitetos de diferentes backgrounds arquitetônicos (Brasil, Colômbia, Portugal, México). A busca por entender arquitetura como uma disciplina que lida e processa diferentes informações ao mesmo tempo, tentando trabalhar com as várias escalas e condições que o planejamento urbano e a construção requerem, e o desejo de produzir uma arquitetura que represente nosso tempo e necessidades.