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Em conferência proferida na Academia Brasileira de Letras – ABL, em 14 de abril de 2016, o historiador Carlos Guilherme Mota traça ampla trajetória que resultou na publicação pela editora Perspectiva do seu livro Nordeste 1817, em 1972.

how to quote

MOTA, Carlos Guilherme. Como e porque escrevi o livro Nordeste 1817. Resenhas Online, São Paulo, ano 15, n. 176.01, Vitruvius, ago. 2016 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/16.176/6135>.


Se vem por círculos na viagem
Pernambuco – Todos os Foras.
Se vem numa espiral
Da coisa à sua memória

João Cabral de Melo Neto

Resultado de tese de doutorado defendida em 1970 na Universidade de São Paulo – USP, no Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, e publicado em 1972 pela editora Perspectiva, meu livro Nordeste 1817 constituiu para mim um passo decisivo na afirmação de uma vocação ainda não bem definida. Pois nele retomei uma experiência primeira no vasto campo historiográfico da história das ideologias e mentalidades, ensaiada em 1966 em meu mestrado, defendido na USP em 1967 sob o título Ideia de revolução no Brasil. Estudo das formas de pensamento (1).

De 1967 e 1969, entre aulas e turbulências no país, voltei-me à pesquisa sobre a “Revolução Pernambucana” de 1817. Pesquisas que resultaram no meu doutorado defendido em 1970, e no livro Nordeste 1817. Estruturas e argumentos, várias vezes reimpresso. Nessa obra, ampliei o quadro geral de referências mineiro-baiano e focalizei o Nordeste durante a grande insurreição de 1817. Uma temeridade para um paulistano enfrentar problemática histórico-historiográfica tão rica e marcada pelo nativismo, pelo regionalismo e pela densa e vivaz erudição nordestina. Ao mesmo tempo, procurei aprofundar aquelas primeiras indagações de 1967 sobre formas de pensamento dos inconfidentes no campo da história das ideologias e mentalidades. Seara então pouco cultivada em nossas universidades, assoladas por um estranho quantitavismo desenfreado. Descobri enfim o campo e a vertente historiográfica a que passei a me dedicar.

1817: o contexto político-ideológico em que foi escrito

A temática centrada em 1817 inscrevia-se em meu projeto maior pensado em 1966, mais ambicioso, que abarcaria das inconfidências do período colonial, desde a Inconfidência do Curvelo e Vila Rica (Minas Gerais, 1777 e 1789) até a Revolução e Contrarrevolução da Independência, depois a deposição de Pedro I, as insurreições do período regencial (1831-1840), a Revolução Praieira (1848), as lutas pela emancipação dos escravos e, já no século 20, à denominada Revolução de 1930. Tempos de descolonização, revolução e luta armada, contrarrevolução. E da velha Conciliação de sempre…

Com efeito, naquela década de 1960, os temas da reforma, revolução e descolonização estavam na ordem do dia, e julguei que incumbia aos historiadores oferecer subsídios e pontos de referência para orientarem nossas lutas sociais, no Brasil como na América Latina e no Terceiro Mundo. A vida política nacional, marcada por temas agudos como a reforma agrária (as Ligas Camponesas ainda estavam vivas, apesar de reprimidas com insuspeitada violência), as reforma do Estado, das instituições dedicadas à saúde e à economia, da universidade e de todo o sistema educacional, da rede bancária, das Forças Armadas, das relações internacionais com abertura para o Terceiro Mundo etc., revelava o aprofundamento das contradições histórico-sociais multisseculares. Intelectuais públicos como Celso Furtado, Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira, Paulo Freire, Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, entre tantos outros, tornaram-se referências na discussão da problemática nacional e latino-americana. Na África portuguesa, tinham início em 1971 as lutas pela libertação, com vários líderes, dentre os quais se sobressaía o notável guineense Amílcar Cabral, assassinado pelos salazaristas em 1974. Contra o esquematismo e clichês da esquerda, proclamava ele:

“Cultura, fator de libertação? Não , libertação, fator de cultura”.

No Brasil, as cassações de professores e intelectuais, de políticos e até de militares progressistas, submetidos a prisão e até à tortura aumentaram a insatisfação coletiva, mas também reforçaram a ideia de que o Brasil não era o país em que se cultivava a “democracia racial”, o homem cordial” e em que as transições históricas eram pacíficas... As revoluções cubana, argelina e muitos outros movimentos de descolonização na África, na Ásia e na própria América Latina sinalizavam a profunda mudança que se assistia no mundo contemporâneo. As figuras dos Kennedy, Fidel e Guevara, Martin Luther King, e os movimentos conduzidos por afrodescendentes nos Estados Unidos, e a nova respiração político-ideológica vivenciada nas esquerdas mundiais após o Congresso do XX Congresso dos Partidos Comunistas em 1956, com o célebre relatório Kruschev denunciando os horrores do período stalinista, tudo isso trouxe-nos uma nova compreensão dos processos históricos em curso. E a necessidade de propor-se uma profunda revisão dos conceitos históricos, o que levou inúmeros pesquisadores a descobrir novos sentidos de temas-problemas como Revolução, sociedade, Política, ideologia, consciência de classe, Cultura e História. Vale recordar que os debates e discussões de revisões ou proposições de novos projetos eram alimentados por variadíssimos textos de Jean-Paul Sartre, Pablo Gonzalez Casanova, Georges Balandier, Frantz Fanon (Os condenados da terra), Roberto Stavenhagen (As sete teses equivocadas sobre a América Latina), entre outros. Nesse contexto brotaram novas teorias como a Teoria da Dependência, em que se destacaram Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto, Celso Furtado e Florestan Fernandes, com perspectivas não coincidentes. Teorias que animaram tanto o criticismo liberal como o das esquerdas. E radicalizações em todos os quadrantes ideológicos, endurecimento da direita.

Nas Ciências Sociais e na História surgiu um revisionismo diferenciado tanto no Brasil, como na África, na Europa e nos Estados Unidos (Toward a New Past), com José Honório Rodrigues, autor de Conciliação e reforma e de aspirações nacionais, além de Brasil e África: um novo horizonte, sinalizando a abertura para a África, na qual também Eduardo Portella assumiu papel decisivo.

* * *

No compasso de grandes transformações internacionais, a necessidade de uma revisão histórica de nosso passado tornara-se urgente, impondo um novo desafio para as universidades e movimentos sociais no Brasil, universidades ainda permaneciam nessa sonolência estamental que deitava raízes no passados colonial, imperial e da Primeira República.

Foi nesse contexto e seguindo um roteiro imaginado, que esbocei o projeto sob o título “Mudanças sociais e estruturas mentais no Brasil (1789-1970)”, por mim coordenado na USP, em que reunia doze mestrandos, projeto publicado na Revista de História do Departamento de História da Faculdade de Filosofia. Desse projeto, cinco ou seis pesquisadores apresentaram resultados satisfatórios, com estudos logo publicados em livros inovadores.

Seguindo esse roteiro, após estudar as inconfidências, minha tarefa seguinte seria a chamada “Revolução Pernambucana de 1817”. Revolução breve, que afinal descobri, surpreso, constituir movimento muito mais amplo e profundo, abrangendo todo o Nordeste. Movimento de descolonização precursor da Independência, que deixou marca indelével na formação do que denominávamos consciência nacional. Pois a problemática da identidade nacional estava na ordem do dia, realimentada pelas lutas de libertação nacional e movimentos de descolonização que pipocavam em toda parte. A temática da Independência do Brasil adquiriu nova feição e profundidade, desdobrando-se até aqueles dias que estávamos vivendo.

Eu já estava treinado nas leituras e análises (1798) de documentos sobre a Inconfidência Mineira (1789) e sobre a dita Conjuração dos Alfaiates em Salvador. Sobre a primeira, percorri com zelo todos os volumes dos Autos da Devassa da Inconfidência Mineira, quando mantive intenso diálogo com meu ex-professor Fernando Novais, que preparava seu doutorado sobre a crise do antigo sistema colonial português, e com Kenneth Maxwell, grande estudioso da Inconfidência de Minas e do sistema colonial português, iniciando-se amizade que perdura até os dias atuais. Sobre a conjuração baiana, além dos autos do levantamento de 98, eu conhecia as obras de Luís Henrique Dias Tavares e de Kátia Mattoso, também interlocutores de primeira hora. Mas desde 1966 eu andava siderado pela pessoa e obra do professor ilustrado baiano Luís dos Santos Vilhena, o autor de Recopilação de Notícias soteropolitanas e brasílicas (1801), escritos tão bem utilizados por Caio Prado Júnior em sua Formação do Brasil contemporâneo, minha referência maior (2).

Enfim, logo após a defesa de meu mestrado sobre as inconfidências em junho de 1967, Pernambuco em 1817 era o tema-problema com me deparava. Com Fernando Novais, com quem por vezes frequentei a rica biblioteca do Museu Paulista (o antigo “Museu do Ypiranga”), deparei-me com os dez volumes substanciosos dos Documentos históricos da Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro, 1953 a 1955, cada volume com apresentação de José Honório Rodrigues). “Eis aqui o caminho”, disse a Novais, já entusiasmado com o “achado”, até porque a parte mais pesada da tarefa estava feita (todos nós trabalhávamos muito, dando aulas em diferentes disciplinas e atendendo estudantes exigentes, em busca de novas ideias, e não sobrava muito tempo para pesquisarmos em arquivos). Desde logo comecei a preparar minha viagem aos arquivos portugueses, onde imaginei ter mais fontes primárias. Em seguida, viagem a Toulouse, onde estagiei durante dez meses a convite do doyen Jacques Godechot, coordenador de um vasto projeto sobre os desdobramentos da Revolução Francesa, participando de seu seminário doutoral. Fugi das influências da École des Annales e da École Pratique des Hautes Études e descobri que havia vida inteligente fora delas (3) ...

Sobre 1817, eu contava com a obra de Amaro Quintas, e tinha notícias do que se passava em Pernambuco e no Nordeste por um “exilado” pernambucano de esquerda em São Paulo, o professor Reynaldo Xavier Pessoa, acolhido pelo Diretor da Faculdade Eurípedes Simões de Paula e por nosso pequeno grupo progressista. Ex-aluno de Amaro, entusiasmou-se quando soube de minha pesquisa sobre 1817, e até me presenteou com seu volume encadernado da História da Revolução de Pernambuco em 1817, de Francisco Muniz Tavares (Recife, Imprensa Industrial, 1917, revista e anotada por Oliveira Lima) (4).

Ao longo da pesquisa, realizada no Brasil, em Lisboa e em Toulouse sob os olhares atentos e críticos de José Honório Rodrigues, Magalhães Godinho, Jacques Godechot e, indiretamente, do professor da Sorbonne Albert Soboul, abri o foco, ampliei o quadro geográfico e a bibliografia, aprofundei minhas leituras teóricas e historiográficas, procurando entender os dinamismos da sociedade (lutas de classes em 1817?). Mas sobretudo iniciei a subida à esfera do que julguei ser o mundo das ideias sociais, das tomadas de consciência e modos de pensar, dos quadros mentais. Louis Trénard e sua História das ideias sociais foram minhas primeiras referências, ao lado dos estudos sobre mentalidades do grande Lucien Febvre e de comportamentos, de Huizinga.

Enfim, preocupavam-me as formas de pensamento. Como pensavam os revolucionários? E fui descobrindo a partir de então um universo riquíssimo, surpreendente. Um veio historiográfico pouco explorado no Brasil, mas central para a compreensão de nossas formações culturais, naquele presente radicalizado mas brumoso, incerto, com escassa referência ao passado, num embate confuso de ideologias afogadas num sistema político-social e mental autoritário e duro, com utopias generosas porém mal fundamentadas das esquerdas conflituadas. A uma visão da história pseudoliberal e comemorativista opunha-se com frequência a visão da história marxista mecanicista e redutora, ambas desconsiderando a necessidade de uma profunda revisão conceitual e teórica. Notei que tanto Gilberto Freyre quanto Caio Prado Júnior, entre poucos outros, fugiam a tal esquematismo.

A insurreição de1817, situada no rastilho das inconfidências de Curvelo, Vila Rica e Salvador à dos Suassuna, foi o prenúncio de 1822 e, em largo sentido, o momento em que se forjaram e se definiram formas de pensamento revolucionárias, ideológicas e utópicas, muitas vezes algo primitivas, que marcariam toda a história subsequente (5). E interessavam-me também as formas do pensamento conservador, traço forte e profundo em nossa História coletiva, até os dias atuais. As ideias de nação, revolução e contrarrevolução, liberalismo, estado nacional, democracia, reforma, liberdade, sociedade civil tornaram-se então mais nítidas para mim, ou menos obscuras. Comecei a me preocupar e a dedicar-me mais seriamente ao estudo dos conceitos-chave utilizados pelos agentes históricos, procurando entender como os diversos personagens percebiam o processo vivido como eram utilizados tais conceitos para a compreensão da estrutura histórico-social em que estavam envolvidos, qual seu instrumental conceitual, suas bibliografias, suas formações.

Nesse sentido, a “descoberta” do advogado dos revolucionários Antonio Luís de Brito Aragão e Vasconcelos constituiu um ponto de referência a partir do qual consegui dimensionar a amplitude do movimento revolucionário e das visões de história envolvidas. Dentro da tradição pombalina, seguidor da teses do jurista português Paschoal José de Mello, que citava sistematicamente, Aragão e Vasconcelos ajudou-nos a descortinar todo o processo revolucionário, além de permitir-nos conhecer quais os autores (juristas, historiadores, filósofos etc) de que se servia em suas brilhantes defesas dos revolucionários presos em Salvador, desde Platão e Cícero a Montesquieu, Buffon e De Bonald, mas também Cervantes e Rousseau, filósofo este de livros defesos em todo o Reino luso-brasileiro. Neste caso, uma descoberta nossa foi a utilização que fez de teoria de Rousseau sobre o homem natural na defesa um réu, sem revelar o filósofo francês nominalmente. Sutil, citou em outra defesa o dicionarista Antônio de Morais e Silva, testemunha algo desacreditada, quando fez prova não apenas de cultura mas também de habilidade. Da mesmo modo, na defesa de Frei Caneca, ex-Capitão de Guerrilhas (6).

Na tese de doutorado, começamos a redação exatamente por esse advogado da ilustração, ampliando nosso olhar para outros defensores de réus, podendo notar, à medida que redigíamos, que o mundo luso-brasileiro vinha sofrendo profunda transformação desde 1808, desde a expulsão da família real de Portugal até o levante de Gomes Freire de Andrade na metrópole, também em 1817. Nessa perspectiva, a insurreição nordestina constituía o mais forte sintoma do que viria a ocorrer em Portugal com a Revolução de 1820 no Porto e com a Independência do Brasil em 1822. Em Pernambuco, a insurreição de 1817 foi também o prenúncio de uma revolução mais profunda, a Confederação do Equador de 1824, ambas superiormente estudadas por Evaldo Cabral de Mello em obra mais recente e definitiva (7).

Apesar de já estarmos informados por uma bibliografia crítica, que abarcava de Fernand Braudel, Althusser, Goldmann, Marcuse, Foucault a Sartre (Questão de método era nosso livro de cabeceira) e outros, nossa visão de história ainda era relativamente tradicionalista, embora densa, tendo como referências Caio Prado Júnior, Manuel Correia de Andrade, Vitorino Magalhães Godinho, Stanley Stein, Sérgio Buarque de Holanda, o próprio Gilberto Freyre, José Honório, Amaro Quintas. Até que, na virada da década de 1960 para a de 1970 um reboliço profundo foi provocado pelo movimento internacional de Maio de 1968, em que todos os antigos paradigmas político-sociais e ideológico-culturais foram contestados, com intensa reverberação nos costumes e mentalidades.

Durante a redação de 1817

Na elaboração da tese de 1970 não sofri grande influência das novas linhas da historiografia internacional, antes cingindo-me aos nossos “modernos”, tendo como referência para pensar a história geral do Brasil autores críticos e operosos como Caio Prado, José Honório (especializado na história da independência), Florestan Fernandes, um pouco de Sérgio Buarque, grandes frequentadores de arquivos e fontes primárias, aliás historiadores cujas teorias de Brasil nem por isso eram muito endossadas pelos pesquisadores, ainda imersos, na melhor da hipóteses, em Oliveira Vianna, Varnhagen, Oliveira Lima, Capistrano de Abreu ou, quando de esquerda, na obra encachoeirada de Nelson Werneck Sodré, de fácil consumo. Além dos muitos viajantes e cronistas da época que examinei com vagar, esmiucei com apuro a documentação até então publicada (sobretudo os conhecidos dez volumes editados pela Biblioteca Nacional, por José Honório) e, procurando novos ângulos, retomei as análises de historiadores voltados a 1817, como as do ex-revolucionário Francisco Muniz Tavares, Gomes de Carvalho, Barbosa Lima Sobrinho. E, mais detidamente, as pesquisas dos saudosos precursores da moderna historiografia brasileira Amaro Quintas e José Honório Rodrigues, historiadores neojacobinos empenhados. Muitas foram as minhas “descobertas”, releituras e atualizações, mas deslumbraram-me as defesas feitas pelo advogado dos revolucionários Aragão e Vasconcelos, extremamente sólidas, estribado em obras de sua própria e incandescente biblioteca. Enfim, como pensavam e o que diziam (ou escondiam) os homens do sistema, os revolucionários, os advogados, os viajantes e cronistas? Quais seus conceitos de revolução, sociedade, democracia, Estado? Conceitos que procurávamos no cotidiano daqueles dias tenebrosos da História do Brasil pós-1964...

Reynaldo Xavier Pessôa era um bibliófilo arretado, ótimo colega, marxista tranquilo com seu cachimbo ontológico, muito generoso quanto a informações oportunas para colegas pesquisadores mais novos como eu, e alunos. Amaro Quintas, seu mestre discreto e elegante, veio a São Paulo poucas vezes, quando pude conhecê-lo. Mantivemos um contato fraternal, cordial mesmo, mas distante. Seu livros me marcaram, sobretudo A Revolução de 1817 e O sentido social da revolução praieira, dois clássicos.

O clima mental com que pesquisei Nordeste 1817 deve muito ao hiper-carioca José Honório. Com ele, tive uma convivência mais próxima, apesar da distância Rio-São Paulo. Frequentei seu apartamento de cobertura em Ipanema, sito à rua Paul Redfern, 27, apto C01, em que morava com a grande historiadora Lêda Boechat Rodrigues. Os livros de Zé Honório, como o chamávamos e ele gostava, nos introduziam à pesquisa, diversamente de nossos ex-professores da USP, com exceção de Emília Viotti da Costa, Novais, a muito jovem Maria de Lourdes Janotti, Joaquim Barradas de Carvalho, português exilado e discípulo de Fernand Braudel, porém de formação marxista. Já Sérgio Buarque fazia muita pesquisa pessoal, dava aulas enroladas mas não ensinava os alunos a pesquisar. José Honório, ao contrário, nos instigava, provocava, falava do presente, repetia e repetia suas teses, ideias e obsessões, oferecia-nos seus livros e de outros… Apreciava Capistrano de Abreu e Johan Huizinga, e também seu amigo Charle Boxer, estudioso do império colonial português. Seu livros, sobretudo Conciliação e reforma, punha-nos em estado de alerta ao afirmar que a História do Brasil, toda ela, era a história da vitória da contrarrevolução permanente: “no Brasil nunca houve revolução, no sentido marxista do termo”. E mais: segundo ele, “em todos os anos, todos !, ocorreram levantes de escravos!”. Veio a São Paulo a nosso convite, então estudantes, quando proferiu a conferência Vida e história, que deu título a uma coletânea com seus artigos. O prédio na Avenida Paulista foi cercado pela polícia, e escapamos resfolegando, Sérgio Buarque à frente…

Alguns anos depois, o professor Florestan Fernandes se interessou por meus livros e artigos e iniciou-se uma rica interlocução e fraterna e cálida amizade: o livro Nordeste 1817, disse-me mais de uma vez, estava entre seus livros que mais apreciava. Com Florestan entendi finalmente que a sociedade brasileira em 1817 era de caráter estamental-escravista, como afirmei em 1970 e 1972, e que a Independência de 1822 não só não aboliu a escravidão como a reforçou…

Discussão sobre conceitos: estamentos ou classes? (e as castas…?)

Surpreendentemente, o livro provocaria uma intensa discussão sobre conceitos, pois procurávamos saber e definir qual a natureza da sociedade pernambucana e, mais amplamente, nordestina de então. Trabalho que enfrentamos a partir da leitura intensiva de documentos publicados pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, e de uns poucos manuscritos colhidos em Lisboa na Torre do Tombo e na Biblioteca da Ajuda, mas também muita consulta a viajantes e cronistas, além das obras de historiadores conhecidos que se debruçaram sobre 1817. Como se produziu tal insurreição, que descobrimos ser muito mais ampla do que a então denominada “Revolução Pernambucana de 1817”? Quais os motores desse movimento e quais os quadros mentais e político-culturais da revolução e da contrarrevolução? Com pensavam os homens do sistema? E os revolucionários? Seria possível definir a sociedade a partir do que pensavam esses personagens? Enfim, uma história das mentalidades coletivas e das formas de pensamento?

Além da amplidão do movimento, que abrangeu praticamente todo o Nordeste (uma surpresa pois na historiografia e 1817 surge sempre isolado em sua província), “descobrimos” que não havia sentido em separar 1817 de 1824, embora tenhamos nos detido no primeiro. E, claro, na sequência dever-se-ia considerar a abdicação em 1831 e a Revolução Praieira…Porém 1817 foi crescendo muito aos nossos olhos, tornando-se um universo-laboratório riquíssimo, com uma historiografia sólida latreada numa cultura regional erudita e complexa, cujos meandros nos escapavam.

O problema conceitual também tornara-se muito complexo, pois historiadores e cientistas sociais como Caio Prado Júnior, Nelson Werneck Sodré. Sérgio Buarque, Raymundo Faoro, Florestan Fernandes , dentre os mais conhecidos, alguns notáveis, utilizavam-se de conceitos diferentes para descrever a mesma sociedade! Para Caio, Buarque e Sodré, a sociedade seria de classes; para Faoro, de estamentos; para Gilberto Freyre, de ordens e classes; para Florestan, de estamentos e castas.

Afinal, qual a natureza dessa sociedade no início do século XIX?

Quanto a nós, a partir de expressiva documentação em que os agentes da época procuravam se situar, utilizamos o conceito de sociedade estamental-escravista. Ou seja, tratava-se de uma sociedade dirigida pelo senhoriato baseado no modo de produção escravista. As classes (por exemplo, a dos comerciantes) não eram dominantes, tanto que o líder Domingos José Martins e seus companheiros não teve apoio efetivo para consolidar a revolução. Os padres constituíam uma parte da sociedade de ordens, assim como os bacharéis eram parte do estamento burocrático.

A polêmica instaurou-se quando publicamos em 1972, pela mesma editora Perspectiva, a coletânea 1822: dimensões, com a participação de historiadores como Emília Viotti, Novais, Jacques Godechot, Joel Serrão e outros, com um anexo bibliográfico com notas críticas a Buarque, Sodré e outros, comentando os usos nem sempre corretos ou adequados de tais conceitos.

Ora, na historiografia “marxista” brasileira desconhecia-se a palavra “estamento”, que nunca foi traduzida pelas editoras comunistas, para as quais tudo era “classe”, desconhecendo que há, mesmo em Marx, uma diferença entre os conceitos “Ständ” e “Klassen”… Naqueles anos, muitas vezes ouvi que “estamento é coisa de Max Weber”… Mesmo Sérgio Buarque, que conhecia bem a língua alemã, publicou duro artigo contra nós (8). Com o qual Faoro, que também dominava a língua alemã, não concordou… Já Werneck Sodré escreveu respostas a tal bibliografia e ao nosso livro Ideologia da cultura brasileira digna de um frequentador de bas-fond

Mais recentemente, com a disseminação da cultura universitária, de boas traduções e boas maneiras, o uso desse conceitos tornou-se comum e mais preciso.

A crônica de uma defesa de tese de doutorado: USP, 1970

O tema da revolução (e da contra-revolução) estava no ar em 1968, 1969 e em 1970, ano da defesa de Nordeste 1817. O ano seguinte (1971) foi o auge da luta armada no Brasil, e também na América Latina. Muitos professores foram cassados, outros emigraram, uns tantos foram torturados ou mortos. Muitos que, como nós, permaneceram em seus postos tiveram que enfrentar a Direita dentro (espiões em sala de aula, professores fascistas etc.) e fora da universidade (convocações da Polícia Federal e DOPS etc.), bem como a esquerda ensandecida dos alunos, além de segmentos radicalizados da sociedade. Muitos achavam que, se não fomos cassados, era porque éramos reacionários, ou suspeitos… Nordeste 1817 apareceu nesse contexto, na continuidade de meu livro anterior Atitudes de inovação no Brasil (1789-1801), já citado.

Redigida a tese, chegara a hora de defendê-la. Sufoco, pois as tramas internas do Departamento de História, mais vaidades feridas de colegas que não avançavam na carreira, além de um catedrático que achava “cedo demais” para eu me titular, tudo dificultava e era pretexto para o adiamento do evento. O catedrático exigiu que um “historiador respeitado” lesse e viesse até ele para dizer se a tese era boa e podia ir para a defesa pública… De comum acordo, escolhemos o mineiro austero e erudito Francisco Iglésias, que aliás pagou de seu bolso a passagem de avião… Ele confirmou a qualidade da tese, numa conversa com o grand patron digna de Ionesco (ou Kafka?), madrugada a dentro. O tal catedrático não havia lido o texto, assim como não o leria para o dia da defesa… Como se não bastasse, durante a arguição pública ainda fez observações mirabolantes sobre o assunto. Por exemplo, ao conceito de descolonização (que colhi em texto de Sérgio Buarque) o barroco professor disse preferir o termo “decolonialização”, que até hoje não descobri o que significa…

A Banca examinadora sugerida por mim foi designada finalmente, mas com enormes dificuldades e tropeços, pois o catedrático, além de não desejar que o evento ocorresse, tinha suas sugestões no bolso do colete, não reveladas. Chegamos a um sofrido consenso: ele indicaria uma professora do Departamento sua amiga, que “precisava aparecer e fazer títulos para seu currículo” (disse-me ele). Amiga, ou seja “uma assistante du coeur” como ironizou Braudel. Desse modo, eu poderia então confirmar os outros três membros de fora da USP, os quais aliás eu já havia sondado e até falado sobre os impasses, para espanto deles: José Honório Rodrigues, Francisco Iglésias e Albert Soboul, da Sorbonne. Todos conhecidos e respeitados, com obra significativa.

A nota mais triste e irritante: Caio Prado Júnior seria um arguidor natural, um membro óbvio em tal circunstância. Mas estava preso (!) no 16º Batalhão da Polícia Militar, não muito longe da Cidade Universitária e do anfiteatro em que ocorreu a defesa do doutorado. Preso porque concedera entrevista a estudantes, aliás dizendo que ações revolucionárias dispersas não eram adequadas naquele contexto e momento, nem derivavam de diagnóstico preciso. Caio foi preso com pena de cinco anos por não aceitar denunciar os estudantes que o entrevistaram…!

Enfim, a defesa…

Estava eu bem seguro quanto ao embasamento da pesquisa apresentada, porém menos seguro do ponto de vista dos conceitos e inseguro quanto ao contexto, pois a universidade estava sob suspeita, tendo sido cassados alguns de seus mestres. O clima político nacional era de terror, com reflexos diretos na cultura (universidade, teatro, cinema, música, jornais, TV etc.), e no dia-a-dia das pessoas.

A preparação (redação final, datilografia, revisão etc.) foi um tormento, pois as incertezas quanto à montagem da banca definitiva deviam-se à crescente má vontade do todo-poderoso catedrático “orientador”. Tal má vontade só arrefeceu quando ele percebeu que seria um prestígio enorme ter na banca examinadora sob sua (inoperante) presidência a presença de um conhecido professor da Sorbonne, Albert Soboul. Ah! o peso da Sorbonne… E também de seus livros sobre a revolução francesa, conhecidos internacionalmente.

Para completar a banca examinadora, o nome do mineiro Francisco Iglésias, da Universidade Federal de Minas Gerais, foi bem aceito, até porque avalizara antes o doutorado, como vimos. Um liberal de esquerda, amigo de todos nós. E o último nome foi o do historiador carioca José Honório Rodrigues, combativo, excelente pesquisador, ex-diretor do Arquivo Nacional e da Seção de Obras Raras da Biblioteca Nacional, que além de tudo, editara os principais documentos sobre 1817. Longo o processo que incluiu a aprovação da banca examinadora pela Congregação da Faculdade.

Aprovada a banca, antes do início da sessão solene de defesa em junho de 1970, acorreram ao enorme, moderno e lotado anfiteatro do Departamento de História da USP, os dois bedéis portando as becas negras para serem vestidas pelos arguidores e pelo candidato. Neguei-me a vesti-la, alegando que aquele excesso de formalidade não se coadunava com a prisão ali perto de uma figura eminente como a de Caio Prado Júnior, e como se não bastasse, num evento próximo de Maio de 1968. Firmei posição e, apesar do presidente do júri, venci, com apoio dos outros professores.

O primeiro arguidor foi Albert Soboul, que ultrapassara a dificuldade com o português, que não dominava, com auxílio de minha irmã Amélia Cohn e de Gabriel Cohn fez-me um duro questionário público, focalizando conceitos sociais, políticos e ideológicos vigentes em 1817. Respondi-lhe com meu limitado francês, mas creio tê-lo satisfeito.

Antes de começar sua fala, Soboul levantou-se firme e solenemente e disse que estava ali como professor, mas também em “mission” universitária do governo francês, e nessa condição estendia sua solidariedade a Caio Prado Júnior, contra a ditadura. O anfiteatro trepidou.

José Honório, que eu tanto temia por sua erudição e contundência, estava satisfeito por arguir na USP e sobre tema que dominava. Seu apreço por minha pessoa (“com sua mente bem feita”) e uma problematização vivaz constituíram o espetáculo daquela tarde. Ao referir-se ao revolucionário Antonio Carlos Andrada, iracundo personagem de minha tese, não se aguentou e disse, levantando-se de sua cadeira, que era um tipo de liberal empenhado no começo mas que depois derrapou, “e esse liberalismo deu no que deu, nos dias de hoje”…

Francisco Iglésias, com suavidade e argúcia mineiras, levantou temas que poderiam derivar da tese sobre a Insurreição nordestina, e em seguida discorreu sobre o estilo adotado na redação, sumarizando algumas ideias que julgou inovadoras, como a ampliação do quadro referencial nordestino e internacional, e o destaque dado a alguns personagens além das lideranças. Procurei responder-lhe, mas de pronto dispensou-me esboçar resposta, satisfeito com a tese, que conhecera antes.

Como foi uma das poucas teses defendidas àquela altura, e talvez pelo fato de ter havido uma banca examinadora com tais historiadores, a defesa ficou como um marco em nossa vida acadêmica.

Para além da defesa

Enfim, o livro Nordeste 1817. Estruturas e argumentos mereceu densas críticas, reparos, mas também reconhecimento, que o situaram na vertente inovadora da historiografia das ideologias e mentalidades, naquele contexto em que dominava a dita historiografia quantitativista, no caso do Brasil filha do “milagre econômico” da ditadura. Diga-se que, também nas França e nos Estados Unidos, o modismo do quantitativismo estava em alta, como sendo a única e “verdadeira” metodologia “científica”. Claro que Ernest Labrousse e Fernand Braudel jamais aceitaram tal falácia… Nem tampouco Eric Hobsbawm ou Perry Anderson, na Inglaterra.

Alguns capítulos da tese doutoral foram publicados no Suplemento Literário do Estado de S. Paulo, com boa repercussão. O professor J. Guinburg, professor, ensaísta, tradutor e editor, acolheu a tese, na prestigiosa Coleção Ensaios da editora Perspectiva, e mais tarde meu livro 1789-1798. A Revolução Francesa, e na Coleção Debates a coletânea de estudos 1822: Dimensões, sobre a Independência do Brasil, então inovadores em 1972.

* * *

A republicação de Nordeste 1817, sem retoques e fiel às limitações da época, ocorreu novamente em 2016. Os comentários de Iglésias, Soboul e José Honório, que participaram da banca examinadora na USP em 1970, foram incorporados, como também os dos leitores e amigos Kenneth Maxwell, Eric J. Hobsbawm, Laura de Mello e Souza, Amaral Lapa, Joel Serrão, Joaquim Barradas de Carvalho, Immanuel Wallerstein. Outros amigos, como Florestan Fernandes, Vitorino Magalhães Godinho, Jacques Godechot e, mais tarde, Raymundo Faoro estimularam-me a dar continuidade ao projeto maior das revoluções.

Na década de 1970 estava eu nesse caminho até que o clima político-ideológico ditatorial no País obrigaram-me a alterar o rumo, o que me conduziu em 1974 à elaboração do polêmico Ideologia da cultura brasileira, “livro do contra”, no dizer de Antônio Cândido, reeditado há pouco pela Editora 34, com o mesmo instigante prefácio de Alfredo Bosi. Bem mais tarde eu retornaria ao antigo roteiro das ideias de revolução no Brasil, estudando a independência e outros temas-problemas na trilha de Manuel Correia de Andrade, Evaldo Cabral de Mello e de minha amiga Socorro Ferraz. Mas deixaria para colegas mais novos e atualizados a tarefa de analisar as insurreições, reformas, contrarrevoluções e mentalidades coletivas, e também outras dimensões de 1817, como o fizeram Teobaldo José Machado sobre 1817, 1821 e 1824 em Goiana, sob orientação do professor Antônio Jorge Siqueira; Marcus Carvalho, sobre os índios de Pernambuco no ciclo das Insurreições Liberais; Isabel Marson sobre as ideologias políticas no Nordeste. E muitos outros!

Finalmente, Ideias de revolução no Brasil, Nordeste 1817 e 1789-1848. Revolução Francesa pavimentaram o caminho para meu último livro, História do Brasil. Uma interpretação (São Paulo, Editora 34, 2016), escrito com Adriana Lopez, autora de Guerra, açúcar e religião, sobre holandeses na Bahia e Pernambuco, entre outros livros).

notas

NA – Conferência proferida na Academia Brasileira de Letras – ABL, em 14 de abril de 2016, no 2º Ciclo “Identidade em questão: identidade e história”. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=jQ3ib1tpFig.

1
Da banca examinadora participaram os historiadores Joaquim Barradas de Carvalho e Francisco Iglésias, além do professor Eduardo d’Oliveira França. A dissertação de mestrado foi publicada em Portugal em 1970 sob o título Atitudes de Inovação no Brasil, 1789-1801, a convite do professor Vitorino Magalhães Godinho (Lisboa, Livros Horizonte) com prefácio desse saudoso historiador. Para ser publicado o livro, o título original teve de ser abrandado, pois o clima político-cultural sob o brutal regime salazarista era irrespirável. “Revolução” ou “colônia” eram conceitos proibidos…

2
Só muito anos mais tarde surgiriam os livros de István Jancsó, Na Bahia, contra o Império, e outros estudos e ensaios de fato inovadores, como se pode constatar pela leitura da obra coletiva Viagem incompleta, por mim coordenada (São Paulo, Editora Senac, 2000, vários autores).

3
Ao longo do percurso, tive o apoio de Giselda Mota (Gigi), então minha esposa, a quem o livro foi dedicado.

4
Trata-se de edição comemorativa dos cem anos da revolução. Inclui introdução de Maximiano Lopes Machado e apêndice documental. Quanto ao professor Reynaldo Xavier Pessoa, após ter lecionado discretamente em “cursinhos” e colégios menores para sobreviver, tornou-se importante orientador de um bem número de pós-graduandos. Sempre na expectativa do retorno ao Brasil do ex-governador exilado Miguel Arraes, faleceu no Hospital do Servidor, com um sorriso ao saber que o avião do ex-governador aterrissara finalmente em terra brasileira. Uma sala de aula do Departamento de História em que lecionou leva seu nome.

5
Forte inspiração devo às obras de Karl Mannheim, mas também às de Eric J. Hobsbawm, sobretudo Rebeldes primitivos, historiador que em suas interpretações cultivava um marxismo “respirado” e começava a se tornar conhecido no Brasil, em meu caso por indicação de Octávio Ianni.

6
Toda a argumentação de Aragão em defesa de Caneca encontra-se à p. 205 do livro Nordeste 1817.

7
MELLO, Evaldo Cabral de. A outra Independência: o federalismo pernambucano de 1817 a 1824. São Paulo, Editora 34, 2004.

8
Ver nossa resposta a Sérgio Buarque e Werneck Sodré em “Os fazendeiros do ar”, em História e contra-história. Perfis e contrapontos. São Paulo, Globo, 2010. Prefácio de Candido Malta Campos.

sobre o autor

Carlos Guilherme Mota é graduado em História pela Universidade de São Paulo (1963), mestre (1967) e doutor (1970) em História Moderna e Contemporânea, livre docente (1975) pela mesma universidade e pós-doutorado pela Universidade Stanford. Ex-professor titular do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp e da Universidade de São Paulo, atualmente é professor titular da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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resenha do livro

Nordeste 1817

Nordeste 1817

Carlos Guilherme Mota

1972

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176

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