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architexts ISSN 1809-6298

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A partir da temática, diálogos, trama e fotografia presentes no filme de Wim Wenders, o autor tece comentários sobre aspectos relevantes da grande cidade contemporânea


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JACQUES, Paola Berenstein. Elogio aos errantes. Breve histórico das errâncias urbanas. Arquitextos, São Paulo, ano 05, n. 053.04, Vitruvius, out. 2004 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05.053/536>.

João do Rio, charge de J. Carlos.
Imagem divulgação [revista Careta, 1910]


Assim como de forma simultânea à história das cidades podemos falar de uma história do nomadismo, ou melhor, de uma nomadologia (2), também podemos traçar, de forma quase simultânea à própria história do urbanismo, um breve histórico das errâncias urbanas. Esse histórico seria construído por seus atores, errantes modernos ou nômades urbanos, filhos de Abel e Caim ao mesmo tempo. Os errantes modernos não perambulam mais pelos campos como os nômades mas pela própria cidade grande, a metrópole moderna, e recusam o controle total dos planos urbanísticos modernos. Eles denunciam direta ou indiretamente os métodos de intervenção dos urbanistas, e defendem que as ações na cidade não podem se tornar um monopólio de especialistas.

Dentre os errantes e nômades urbanos encontramos vários artistas, escritores ou pensadores que praticaram errâncias urbanas. Através das obras ou escritos desses artistas é possível se apreender o espaço urbano de outra forma, partindo do princípio de que os errantes questionam a construção dos espaços de forma crítica. O simples ato de andar pela cidade pode assim se tornar uma crítica, direta ou indireta, ao urbanismo enquanto disciplina prática de intervenção nas cidades. Esta crítica pode ser vista tantos nos textos quanto nas fotografias ou mapas produzidos por artistas errantes a partir de suas experiências do andar pela cidade.

Ao ler Baudelaire podemos ver uma reação crítica à reforma urbana do Barão Haussmann, que estava transformando completamente a velha cidade de Paris naquele exato momento. As obras de Haussmann vão de 1853 a 1870, enquanto o livro Le Spleen de Paris de Baudelaire, por exemplo, é de 1855. Para fotografar essas transformações urbanas radicais, da cidade antiga sendo destruída para dar lugar a nova, Haussmann contratou um fotógrafo, Charles Marville, que retratou o desaparecimento desta Paris por onde perambulava Baudelaire. No Rio de Janeiro se passou algo bem parecido, já no início do século XX. João do Rio, cronista e errante urbano, descreve nos jornais suas errâncias pela antiga cidade que também estava sendo parcialmente destruída pelo nosso Haussmann tropical (3), Pereira Passos, que como Haussmann também contratou um fotógrafo oficial para retratar a transformação em curso na cidade, Marc Ferrez. Pereira Passos realizou um “bota-abaixo” no centro do Rio de Janeiro entre 1902 e 1904. Um texto muito conhecido de João do Rio, por exemplo, chamado A Rua, foi publicado na mesma época na Gazeta de Notícias, mais precisamente em 1905.

João do Rio, 1881-1921
Foto divulgação [revista Fon-Fon!, Rio de Janeiro. 13 fev. 1909, p. 11]


Esse texto de João do Rio (1881-1921, pseudônimo de Paulo Barreto) começa por: “Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse, e razões tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós”. E continua por: “(…) A rua era para eles apenas um alinhado de fachadas, por onde se anda nas povoações… Ora, a rua é muito mais do que isso a rua é um fator de vida das cidades, a rua tem alma! (…) A rua faz as celebridades e as revoltas, a rua criou um tipo universal, tipo que vive em cada aspecto urbano, em cada detalhe, em cada praça (…) Para compreender a psicologia da rua não basta gozar-lhes as delícias como se goza o calor do sol e o lirismo do luar. É preciso ter espírito vagabundo, cheio de curiosidades malsãs e os nervos com um perpétuo desejo incompreensível, é preciso ser aquele que chamamos flâneur e praticar o mais interessante dos esportes – a arte de flanar”. A título de comparação, entre os principais objetivos do plano de melhoramentos de Pereira Passos, citados por Alfredo Rangel em 1904, era: “Dar mais franqueza ao tráfego crescente das ruas da cidade, iniciar a substituição das nossas mais ignóbeis vielas por ruas largas arborizadas”.

O urbanismo enquanto campo disciplinar e prática profissional surge exatamente com o intuito de transformar as antigas cidades em metrópoles modernas, o que significava também transformar as antigas ruas de pedestres em grandes vias de circulação para automóveis. Podemos, a grosso modo, classificar o urbanismo moderno (4) em três momentos distintos (mas que se sobrepõem): a modernização das cidades, de meados e final do século XIX até início do século XX; as vanguardas modernas e o movimento moderno propriamente dito (Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna, CIAMs), dos anos 1910-20 até 1959 (final dos CIAMs); e o que chamamos de modernismo (moderno tardio), que iria do pós-guerra até os anos 1970 (5).

O breve histórico das errâncias urbanas também pode ser dividido em três momentos, de forma quase simultânea a esses três momentos da história do urbanismo, que corresponderiam às diferentes críticas aos três momentos do urbanismo dito moderno: o período das flanâncias, de meados e final do século XIX até início do século XX, que criticava exatamente a primeira modernização das cidades; o das deambulações, dos anos 1910-30, que também fez parte das vanguardas modernas mas ao mesmo tempo criticou algumas de suas idéias urbanísticas do início dos CIAMs; e o das derivas, dos anos 1950-60, que criticou tanto os pressupostos básicos dos CIAMs quanto sua vulgarização no pós-guerra, o modernismo.

O primeiro momento, flanâncias, corresponderia principalmente a criação da figura do Flâneur em Baudelaire, no Spleen de Paris ou no Les fleurs du mal, que foi tão bem analisada por Walter Benjamin nos anos 1930. Benjamin também praticou a “flânerie” (principalmente de Paris e de suas passagens cobertas) (6), ou seja, as flanâncias urbanas, a investigação do espaço urbano pelo Flâneur. O segundo momento, deambulações, corresponderia as ações dos dadaístas e surrealistas, as excursões urbanas por lugares banais, as deambulações aleatórias organizadas por Aragon, Breton, Picabia e Tzara, entre vários outros, que desenvolveram a idéia de Hasard Objectif, ou seja, da experiência física da errância no espaço real urbano, que foi a base dos manifestos surrealistas, do Nadja de Breton ou ainda do próprio Paysan de Paris de Aragon. Já o terceiro e último momento, derivas, corresponderia ao pensamento urbano dos situacionistas, uma crítica radical ao urbanismo, que também desenvolveu a noção de deriva urbana, da errância voluntária pelas ruas, principalmente nos textos e ações de Debord, Vaneiguem, Jorn e Constant (7). Tanto Baudelaire quanto os dadaístas e surrealistas, ou ainda os situacionistas, estavam praticando errâncias urbanas - e relatando essas experiências através de seus escritos ou imagens explícita ou implicitamente críticas - em uma mesma cidade, Paris, mas em três momentos bem distintos.

Essas idéias de errâncias urbanas se desenvolveram também no meio artístico após os situacionistas. O grupo neo-dadaísta Fluxus (Maciunas, Patterson, Filliou, Ono etc) também propôs experiências semelhantes, foi a época dos “happenings” no espaço público, no caso do Fluxus dos Free Flux-Tours, errâncias por Nova York nos anos 1970. Dentro do contexto da arte contemporânea, vários artistas trabalharam no espaço público de forma crítica ou com um questionamento teórico. O denominador comum entre esses artistas, e suas ações urbanas, seria o fato de que eles vêem a cidade como campo de investigações artísticas aberto a novas possibilidades sensíveis, e assim, possibilitam outras maneiras de se analisar e estudar o espaço urbano através de suas obras ou experiências. Diferentemente dessas abordagens, a deriva situacionista não pretendia ser vista como uma atividade propriamente artística, mas sim como uma técnica urbana para tentar desenvolver na prática a idéia de construção de situações através da psicogeografia. A deriva seria uma apropriação do espaço urbano pelo pedestre através da ação do andar sem rumo (8).

Flávio de Carvalho no lançamento de seu Traje de Verão, em 1956. In: MATTAR, Denise. Flávio de Carvalho, 100 anos de um revolucionário romântico.São Paulo: Museu de Arte Brasileira da FAAP; Rio de Janeiro, Centro Cultural Banco do Brasil, 1999.
Foto divulgação


No Brasil, tanto os artistas modernistas quanto os tropicalistas também tiveram algumas idéias semelhantes, principalmente as Experiências de Flávio de Carvalho, próximo aos surrealistas parisienses dos anos 1930, ou o Delirium Ambulatorium de Hélio Oiticica, leitor admirativo do mentor dos situacionistas dos anos 1960, Guy Debord. Da mesma forma que nas flanâncias de João do Rio podemos notar uma clara influência dos textos de Baudelaire, Flávio de Carvalho (1899-1973), que conheceu os surrealistas parisienses em seus anos de estudo na Europa, também parece ter sido influenciado por suas idéias, principalmente em suas deambulações urbanas. O engenheiro civil, arquiteto, escultor e decorador Flávio de Carvalho, como ele se denominava, ficou mais conhecido por suas pinturas e obras arquitetônicas, do que por suas errâncias urbanas, que ele denominou de Experiências.

A Experiência nº 2 realizada em 1931 e publicada em livro homônimo (com o subtítulo, uma possível teoria e uma experiência), consistia na prática de uma deambulação, com um tipo de boné cobrindo a cabeça, no sentido contrário de uma procissão de Corpus Christi pelas ruas de São Paulo, como ele conta em seu livro: “Tomei logo a resolução de passar em revista o cortejo, conservando o meu chapéu na cabeça e andando em direção oposta à que ele seguia para melhor observar o efeito do meu ato ímpio na fisionomia dos crentes.” Depois de algum tempo a multidão se voltou contra ele, que teve que fugir e se refugiar em uma leiteria. Quando a polícia o prendeu ele disse que estava realizando uma “experiência sobre a psicologia das multidões”. Nos jornais do dia seguinte as manchetes destacavam: “Na procissão uma experiência sobre a psicologia das multidões da qual resultou sério distúrbio” (9).

Antes mesmo desta primeira experiência (a Experiência nº 1 fracassou e não foi divulgada), Flávio de Carvalho publicou um texto interessante no jornal Diário de São Paulo intitulado: “Uma tese curiosa – A cidade do homem nu” (10). Já na Experiência nº 3, que só foi realizada publicamente em 1956, ele sai andando pelas ruas de São Paulo vestido com o traje de verão do “novo homem dos trópicos” (ou new look), desenhado por ele, e que consistia em uma roupa para ambos os sexos: uma blusa de náilon, um saiote com pregas e um chapéu transparente, vestidos com meia-arrastão e sandálias de couro. A deambulação foi conturbada e polêmica, mas segundo os jornalistas da época: “São Paulo nunca viu nada igual” (11). Flávio de Carvalho escreveu uma série textos sobre a cidade e as questões urbanas em 1955 no Diário de São Paulo, que tratavam sobretudo da questão do transporte e do trânsito urbano, e a partir de 1956 ele escreveu outra série de textos no mesmo jornal sobre “A moda e o novo homem” onde explica: “Entende-se por moda os costumes, os hábitos, os trajes, a forma do mobiliário e da casa (…) Contudo, é a moda do traje que mais forte influência tem sobre o homem, porque é aquilo que está mais perto do seu corpo e o seu corpo continua sempre sendo a parte do mundo que mais interessa ao homem”.

Hélio Oiticica, Delirium Ambulatorium (Mitos Vadios), 1978
Foto divulgação


Assim como Flávio de Carvalho pode ser considerado um pioneiro da chamada “arte de ação” ou performance no Brasil – em particular desta relação entre a arte e a vida cotidiana que passa também tanto por questões corporais quanto por questões urbanas – Hélio Oiticica (1937-1980), junto com Lygia Clark e Ligia Pape, pode ser considerado um dos mais inquietos seguidores desta linhagem teórica no país. A partir de 1964, ano da morte de seu pai e da “descoberta” da favela da Mangueira no Rio de Janeiro, Oiticica passa a desenvolver os Parangolés – capas, tendas e estandartes, mas sobretudo capas – que vão incorporar literalmente as três influências da favela que Oiticica acabava de descobrir: a influência da idéia do corpo e do samba, uma vez que os Parangolés eram para ser vestidos, usados e, de preferência, o participante devia dançar com eles; a influência da idéia de coletividade anônima, incorporada na comunidade da Mangueira: com os Parangolés, os espectadores passavam a ser participantes da obra – e, diga-se – a idéia de participação do espectador (a mesma idéia desenvolvida pelos situacionistas como antídoto ao espetáculo) encontrou aí toda sua força; e a influência da arquitetura das favelas, que pode ser resumida na própria idéia de abrigar, uma vez que os Parangolés abrigam efetivamente e, ao mesmo tempo, de forma mínima (como os barracos das favelas), os que com eles estão vestidos.

Assim como as Experiências de Carvalho, os Parangolés de Oiticica causaram bastante polêmica. Os Parangolés, foram mostrados ao público pela primeira vez em 1965, na exposição coletiva Opinião 65 no MAM do Rio. Na abertura da exposição, Oiticica chegou vestido com um desses Parangolés, acompanhado por um cortejo de amigos da escola de samba da Mangueira, também vestidos com Parangolés, tocando bateria, cantando e sambando. Mas Oiticica e os passistas da Mangueira foram efetivamente impedidos de entrar no Museu de Arte Moderna, e os jornais da época registraram que a festa teve lugar no lado de fora do museu: “O que causou realmente impacto no grupo, foram os trabalhos apresentados por Hélio Oiticica, os quais ele denominou de Parangolé. (...) Comentaremos o fato de a direção do MAM não permitir a exibição da ‘arte ambiental’ no seu todo. Não foi possível a apresentação dos passistas, comandados por Hélio Oiticica, no interior do Museu, por uma razão que não conseguimos entender: barulho dos pandeiros, tamborins e frigideiras. Hélio Oiticica, revoltado com a proibição, saiu juntamente com os passistas e foram exibir-se no lado de fora, onde foram aplaudidos pelos críticos, artistas, jornalistas e parte do público que lotava as dependências do MAM” (12).

Original de Helio Oiticica, Eu em mitos vadios / Ivald Granato, 24 out. 1978
Imagem divulgação


Toda a obra posterior de Oiticica, que cada vez mais se confundiu com sua própria vida, seguiu buscando novas experiências corporais mas também urbanas: Penetráveis, Tropicália, Éden, Barracão, entre várias outras (13). A partir de sua estadia em NovaYork, Oiticica se aproximou ainda mais do pensamento situacionista, ele passou a citar Guy Debord em vários de seus escritos e chegou a propor um Penetrável (P12) com textos escritos e declamados retirados do clássico de Debord, A sociedade do espetáculo (1967). Ao voltar ao Brasil, em 1978, participou do evento Mitos Vadios, realizado pelas ruas de São Paulo, onde apresentou o Delirium ambulatorium, uma de suas últimas derivas urbanas. No texto Eu em mitos vadios (de outubro de 1978) ele descreve essa experiência e diz que a proposta era:

“Poetizar o urbano
     ↓
As ruas e as bobagens do nosso daydream diário se enriquecem
     ↓
Vê-se q elas não são bobagens nem trouvailles sem consequência
     ↓
São o pé calçado pronto para o delirium ambulatorium renovado a cada dia” (14).

Talvez a maior crítica dos errantes urbanos aos urbanistas modernos, tenha sido exatamente o que Oiticica resumiu de forma tão clara em “poetizar o urbano”. Os urbanistas teriam esquecido, diante de tantas preocupações funcionais e formais, deste potencial poético do urbano, algo tão simples, porém imprescindível, principalmente para os amantes de cidades.

notas

1
Texto originalmente escrito para a revista Le Passant Ordinaire, Bordeaux, 2004 (JACQUES, Paola Berenstein. “Eloge aux errants: bref historique des errances urbaines”). Um artigo mais longo será publicado na Arqtexto, UFRGS, Porto Alegre (no prelo).

2
"Escreve-se a história, mas ela foi escrita do ponto de vista dos sedentários, e em nome do aparelho unitário do Estado, pelo menos possível, inclusive quando se falava sobre nômades. O que falta é uma Nomadologia, o contrário de uma história (...) Nunca a história compreendeu o nomadismo (…)”. In DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. Mille Plateaux. Paris, Minuit, 1980.

3
Cf. BENCHIMOL, Jaime Larry. Pereira Passos: um Haussmann tropical. Rio de Janeiro, Biblioteca Carioca, 1990. Sobre a idéia de Haussmanização tanto no Rio com Pereira Passos, quanto em Salvador em seguida com J.J. Seabra (1912-1916), ver PINHEIRO, Eloísa Petti. Europa, França e Bahia, difusão e adaptação de modelos urbanos. Salvador, Edufba, 2002.

4
O termo “urbanismo moderno” nos parece um pleonasmo, uma vez que o próprio termo urbanismo, e a disciplina que lhe corresponde, surgem exatamente neste momento de modernização das cidades ( termo usado pela primeira vez por Cerdà em 1867 – responsável pelo plano de modernização de Barcelona em 1959 - na obra Teoría general de Urbanizacion). Nos perguntamos: será que, mesmo após o final do movimento moderno em arquitetura e urbanismo, já existiu algum tipo de urbanismo não-moderno ou “pós-moderno”? A propria noção de plano, de planificação e de planejamento (bases da prática do urbanismo em geral), e até mesmo de projeto, são extremamente modernas…

5
O símbolo internacional do final deste período foi a destruição do conjunto habitacional Pruitt Igoe, que foi dinamitado nos EUA em 1972. O que para Charles Jencks simbolizava o início do Pós-modernismo em arquitetura.

6
Ver BENJAMIN, Walter. Paris, capitale du XIXème siècle, le livre des passages. Paris, Cerf, 1989. As passagens, ruas cobertas, são exaltadas por Benjamin pois representavam um espaço intermediário entre interior e exteriior, entre privado e público, entre arquitetura e paisagem: “ a flanerie pode transformar toda a Paris num interior, numa moradia cujos aposentos são os quarteirôes, por outro lado, também, a cidade pode abrir-se diante do transeunte como uma paisagem sem soleiras”.

7
Ver JACQUES, Paola Berenstein (org.). Apologia da deriva, escritos situacionistas sobre a cidade. Rio de Janeiro, Casa da Palavra, 2003.

8
Essa idéia hoje poderia se estender até mesmo (como um caso-limite) aos sem-teto, que mesmo sem pretensões artísticas ou intenções estéticas são aqueles que atualmente mais vivenciam e se apropriam do espaço urbano das grandes metrópoles contemporâneas. Exatemente ao contrário dos novos turistas, que não experimentam esses espaçosm mas simplesmente passam por eles (e tiram fotografias) de dentro de ônibus de turismo climatizados.

9
O Estado de São Paulo. São Paulo, 9 de junho de 1931.

10
Podemos relacionar o texto de Flávio de Carvalho, Uma tese curiosa – A cidade do homem nu, com alguns textos do artista austríaco Hundertwasser como: Manifesto do nu pelo direito a uma terceira pele (Muique, 1967) ou ainda o Segunda demonstração do nu contra o racionalismo em arquitetura (Viena, 1968). Em ambos o autor discursou nu. Carlos Nelson Ferreira dos Santos também recorreu a este recurso...

11
Manchete. Rio de Janeiro, 1956.

12
Diário Carioca. Rio de Janeiro, 14/08/65

13
Sobre esse aspecto na obra de Oiticica, em particular com relação às favelas, ver Paola Berenstein Jacques, Estética da Ginga, a arquitetura das favelas através da obra de Hélio Oiticica. Rio de Janeiro, Casa da Palavra, 2001.

14
OITICICA, Helio. Eu em mitos vadios / Ivald Granato, 24 out. 1978. Ver reprodução do original ao lado.

sobre o autor

Paola Berenstein Jacques, arquiteta e urbanista, professora da Faculdade de Arquitetura, do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo e do Mestrado em Artes Visuais da Universidade Federal da Bahia, pesquisadora CNPq. Autora de Les favelas de Rio (Paris, l'Harmattan, 2001); Estética da Ginga (Rio de Janeiro, Casa da Palavra, 2001); Esthetique des favelas (Paris, l'Harmattan, 2003); co-autora de Maré, vida na favela (Rio de Janeiro, Casa da Palavra, 2002) e organizadora de Apologia da Deriva (Rio de Janeiro, Casa da Palavra, 2003).

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