about the book

E uma das apresentações do livro, a arquiteta Lina Bo Bardi ressalta a dupla finalidade do livro “Arquitetura rural na Serra da Mantiqueira”, de Marcelo Carvalho Ferraz: de um lado, trata-se de um registro histórico de um estágio de nossa evolução sociocultural fadada à desaparição – “é um adeus e, a um tempo, o convite à documentação da história do Brasil” –; de outro, temos a captura de uma força ativa da brasilidade, que pode ser convocada pelos construtores contemporâneos, “caminho necessário para encontrar dentro do humanismo técnico, uma poética”. Em outra apresentação, o crítico literário Antônio Cândido salienta a relevância das fotografias, que “impressionam pelo entrosamento dos diversos aspectos fixados, de maneira a estabelecer uma visão bastante completa, segundo a qual se articulam a paisagem, a habitação, a faina de todo-o-dia, os costumes, os folguedos – resultando algo muito humano além de belo”. O escritor Agostinho da Silva, na terceira e última apresentação do livro, destaca as conexões histórico-culturais estabelecidas por Ferraz, que salienta emigração de portugueses do Minho para a região estudada por ele.

As falas dos três textos apontam para a riqueza do material apresentado pelo autor, que se utilizando de texto e fotografias; se apoiando na trilogia de Euclides da Cunha em Os sertões (o “homem”; a “terra”; e a “luta” – no caso, a “arquitetura”), Marcelo Carvalho Ferraz trança as relações entre as comunidades e o meio ambiente, onde o modo de vida resulta nos artefatos necessários à labuta cotidiana. Assim, o livro retrata o cotidiano da vida na região, as paisagens do lugar, os habitantes em atividades individuais e coletivas, as construções e artefatos que dão suporte às necessidades físicas e espirituais – casas; igrejas e capelas; circos; apetrechos diversos para o lar, trabalho, diversão). Assim, as construções populares da Serra da Mantiqueira, traduzem a simplicidade, harmonia e beleza de um dado modo de vida.

about the author

Marcelo Carvalho Ferraz
Arquiteto formado pela FAU-USP, é sócio do escritório Brasil Arquitetura e também sócio fundador da Marcenaria Baraúna, onde desenvolve projetos de mobiliário. É professor de projeto da Escola da Cidade, em São Paulo.

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