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Que caminhos anda trilhando a preservação do patrimônio no Brasil hoje? Complexa resposta, inacabada, talvez nos deixasse ainda perplexo, diante das dificuldades e imperfeições enfrentadas e construídas no cotidiano das ações que resultam na proteção do patrimônio cultural brasileiro.

Se considerássemos como verdadeira a inagação de Alöis Riegl, reafirmada por Françoise Choay, de que o movimento de certos arquitetos em se voltarem para a preservação do patrimônio edificado talvez pudesse refletir uma profunda crise na produção arquitetônica de seu tempo, os ensinamentos de Lucio Costa, reunidos neste e outros poucos mas fundamentais texto sobre e dele publicados, talvez nos deparássemos com uma outra dimensão desta mesma realidade

O debruçar-se sobre o passado, na obra de Lucio Costa, revela uma dimensão particular do que significa o compromisso com o antigo e o novo, na perspectiva da vida que parece, algumas vezes, apoiar-se sobre a tênue e implacável linha do tempo.

O resgate e a organização de seus textos, neste volume, pode também ser de alguma forma interpretado nesta mesma linha de raciocínio: é consultando suas palavras, para reafirmar ou contestar, que nós, jovens técnicos o patrimônio, sempre buscamos suporte para nossas ações.

Ou como diria Maria Elisa (filha de Lucio), quando consultado, Lucio Costa sempre conseguiu, em assuntos de trabalho ou particulares, resgatar o aparente Norte das questões, apontando o caminho a seguir.

O movimento contemporâneo de construção e alternativas aos desafios futuros que enfrentamos em nossas diversas frentes de trabalho e embate com a realidade, exige, muito mais do que se imagina, que nos voltemos para o passado, às vezes recentemente, como a passagem de doutor Lucio pelo IPHAN.

A organização deste livro terá, por certo, entre tantas outras intenções a de permitir que seus ensinamentos continuem a ser consultados dando alento ou inquietação para aqueles que, de uma forma ou de outra, lidam com as contradições inerentes ao trabalho de preservação de bens culturais. Mesmo porque este patrimônio é o que identifica, clareia, cartografa os contornos dos diferentes povos, cada dia mais afrontados pelos processos de globalização e uniformização de valores e padrões, sendo, portanto, “o que convém preservar.”

Ana Carmen Jara Casco
Coordenadoria de Edições/IPHAN

about the author

José Simões de Belmont Pessôa
Arquiteto, doutor em Pianificazione Territoriale - Istituto Universitario Di Architettura Di Venezia e pós-doutorado sobre "invariantes urbanísticas nos centros históricos portugueses", Universidade de Coimbra. Professor da UFF.

how to quote

PESSôA, José Simões de Belmont (Org.). Lucio Costa: documentos de trabalho. Rio de Janeiro, Iphan, 1999.

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