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Carmem Portinho nasceu em Corumbá, Mato Grosso, em 1903. Os almanaques de história registram, nesse mesmo ano, pelo menos dois fatos imprescindíveis na composição de seu perfil: a articulação das sufragistas inglesas na criação da Associação Política e Social das Mulheres, que desencadeou um movimento internacional pelo direito de voto feminino. E a outorga do Nobel de Física a uma mulher, Marie Curie. Dois eventos que ganham sentido, quando somados, como marcos iniciais do processamento da igualdade feminina.

Mas o ano de 1903 coincide também com a data da fundação da Motor Company pelo norte-americano Henry Ford, cuja obsessão pela fabricação de veículos em série acabou por provocar uma mudança radical na produção industrial no mundo todo, com seus desdobramentos também no campo da construção civil. Não é por acaso que o traçado de Carmem Portinho começa exatamente aí, na interseção dessas ocorrências.

Dela frequentemente ouve-se alguma coisa. Que foi diretora da Escola Superior de Desenho Industrial, que esteve à frente do Museu de Arte Moderna, que lutou por dar resposta à questão da habitação popular no Rio de Janeiro. Que se comprometeu com a causa feminista. Que se formou engenheira no Brasil dos anos 20 - o que não é pouco.

about the author

Ana Luiza Nobre
Arquiteta (UFRJ), Doutora em História (PUC-Rio), Professora de Teoria e História da Arquitetura no Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio

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