about the book

Sendo formosa, carecia de dote. É o que dizia de São Paulo, terra que governou, certo capitão-general, no século XVIII. Despovoada, fornecedora da força de trabalho para as lavras de ouro e diamantes das Gerais, de Mato Grosso e de Goiás, mal e mal subsistindo de suas lavouras, é somente no final do setecentos, graças ao cultivo do açúcar e ao comércio de animais, trazidos dos campos do Sul, que São Paulo começa a espantar o prolongado marasmo em que caíra. Logo mais o café, que, em meados da década de 1790, já era exportado pelo porto de Santos, trará a prosperidade com que jamais se havia sonhado.

Ë este longo momento de transição que os escritos - memórias, depoimentos, evocações, peças de teatro - agrupados nesta publicação, procuram reconstituir. Tratam-se. de relatos feitos a partir dos diversos planos cm que se situam os narradores: o cronista, os memorialistas, a imperial viajante, os dramaturgos. Imagens, elaboradas por desenhistas, pintores e fotógrafos, muitas das quais inéditas, insuspeitadas em sua diversidade e expressividade, ilustram esses escritos. Do conjunto resulta o desvendamento do passado, a revelação de um tempo que se quer recuperar, e de um espaço para sempre modificado, quando não destruído. Vale a pena, entretanto, evocar o que foi: quem se priva de sua história está condenado a morrer duas vezes.

about the author

Carlos Eugênio Marcondes de Moura
Doutor em Sociologia pela USP e tradutor. Foi professor do Serviço de Teatro da Universidade do Pará e do Departamento de Teatro da Escola de Comunicações e Artes da USP.

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MOURA, Carlos Eugênio Marcondes de (Org.). Vida cotidiana em São Paulo no século XIX. Memórias, depoimentos, evocações. 2124, Ateliê Editorial, Editora Unesp, 1998.

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