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architectourism ISSN 1982-9930

Porto de Paranaguá PR. Foto Abilio Guerra

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No sábado, dia 7, do sétimo mes, às 7 P.M., o mundo conhecerá as " novas 7 maravilhas", resultado de uma enquete inventada pelo suiço Bernard Weber. Não é uma maravilha?! Neste artigo, algumas peculiaridades sobre os acontecimentos do concurso


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GORSKI, Michel. Não é uma maravilha?! Arquiteturismo, São Paulo, ano 01, n. 002.04, Vitruvius, abr. 2007 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/01.002/1314>.


“A 7 do 7 de 2007, Lisboa recebe e anuncia as Novas 7 Maravilhas do Mundo num evento único e memorável. [...] Nesse dia, Portugal e o Mundo vão conhecer as suas 7 Maravilhas. Se quiser ser testemunha deste evento único na história e assistir ao vivo a esta grande festa, poderá reservar os seus bilhetes a partir do dia 7 de Março em qualquer agência da Caixa Geral de Depósitos” (extraído do site oficial).

Temos que admitir que o cara teve uma grande sacada, um tanto cafona, mas do bem e super associada à arquitetura e ao turismo. Com uma mistura de internet, história, imaginário coletivo e, no final, regionalismos patrióticos, o suíço Bernard Weber detonou o processo para a escolha das Novas Sete Maravilhas do Mundo, capitaneada pela "New 7 Wonders Foundation", que ele criou em 2001. Consta nos objetivos da Fundação, reverter parte da arrecadação para financiar restaurações de monumentos, fazendo parte destes as estátuas de Buda, destruídas pelo Talibã no Afeganistão. A fundação criada por Bernard Weber tem como sede em Zurique na Suíça, o Museu Heidi-Weber, cuja edificação foi o derradeiro projeto de Le Corbusier.

Os critérios foram mudando durante o processo e se acochambrou para que todos continentes e principais paises tivessem maravilhas elegíveis, gerando muita mídia e bons negócios, até chegar nas 21 definitivas.

O show

Nada mais justo que tudo se realize em campo neutro, ou seja “wonderless”, e para compensar ou atrair público (pagando de 55 a 140 euros) Portugal conhecerá na mesmo cerimônia as suas próprias maravilhas. Como será tudo surpresa, o que poderá acontecer a partir das 7 da noite no dia 7 de julho, no Estádio da Luz? A primeira imagem que tenho é um mix de abertura de Jogos Olímpicos e concurso de Miss Universo, tão popular nos distantes anos 1960. Serão pirâmides humanas ou crianças deitadas em forma de muralha, com textos falando de fairplay cultural ao condenar a destruição dos Budas? Ou além de telões sairão réplicas infláveis das maravilhas do meio do campo? Tudo poderá acontecer, inclusive uma invasão de temidas torcidas organizadas defensoras de suas maravilhas, como os Stonehange hooligans.

o mais correto: 6 novas maravilhas

Daquelas 7 maravilhas velhas, do tempo dos 7 pecados capitais, escolhidas pelo poeta grego Antípatro de Sídon em 150 AC, só restaram as Pirâmides do Egito, injustamente colocadas na competição, simplesmente como uma concorrente a mais, que inclusive quase foi barrada nas votações preliminares. Toda vez que sai uma lista dos melhores jogadores de futebol, para pegar um tema sobre o qual temos opiniões (umas 180 milhões...), insistem em querer comparar Pelé, ou Maradona para ser futebolisticamente correto, com uma moçadinha nova; ora Pelé e Maradona são as pirâmides do Egito do futebol, hors concours!

Inscritos para o concurso do século 22

Dentre as 21 selecionadas, nas sucessivas eliminatórias, a mais esdrúxula é a Ópera de Sidney, pois ao mostrar a vontade dos organizadores de ter representação de todos os continentes, desqualifica as “verdadeiras” concorrentes. A linda, porém não maravilhosa, a meu ver, obra arquitetônica tem outras companheiras de baixos teores de maravilha, e pior, ainda com chances de vitória.

Sugiro que sejam imediatamente pré-selecionadas para a competição do século 22, além da Ópera que nem fantasma tem, a torre Eiffel, a estátua da Liberdade, o nosso querido Cristo Redentor e aquele castelo Neuschwanstein na Alemanha. Tem que ter uma regra de antiguidade até para novas maravilhas.

O risco das maravilhas suplentes

Como o processo eleitoral é uma contagem numérica, as maravilhas aparecerão ordenadas e conseqüentemente existirá a oitava, nona, etc, que farão as maravilhas suplentes; ficarão na fila por séculos? Imaginemos que o concurso tivesse se realizado antes da destruição dos Budas no Afeganistão, que teriam participado e provavelmente vencido como uma das 7 eleitas. Com o trágico ocorrido, seria convocada a primeira suplente? Há um certo humor negro em ter maravilhas de reserva, cai uma, logo vem outra – maravilha morta, maravilha posta.

Além disto acabará a expressão que diz: tal lugar é a "oitava maravilha do mundo", pois a oitava é a primeira suplente, a sétima do amanhã. Preocupados com o risco de destruição, alguns concorrentes poderão pedir para não serem votados, ou melhor ainda, votarão em massa, na maravilha do vizinho.

Qual é o oposto de maravilha?

Ao analisar as grandes contribuições arquitetadas e edificadas pelos homens surge uma questão: e as piores, quais serão? Estes locais serão também pontos de atração e visitação turística como são as ditas maravilhas?

Talvez consigamos aprender mais sobre o comportamento humano e sobre as desejáveis condutas futuras de nossa civilização ao visitarmos o local dos Budas destruídos, os campos de concentração na Polônia, as ruínas de Hiroshima e as inúmeras ilhas-prisão espalhadas pelo mundo, algumas até transformadas em locais paradisíacos como Fernando de Noronha.

Parques temáticos de miniaturas e bibelôs em profusão

Já existem muitos parques de diversões e museus, e até associação IAMP – International Association of Miniature Parks – cuja temática principal é a reprodução em escalas reduzidas de exemplares mais significativos da arquitetura de todos os tempos. Com a conclusão do concurso haverá uma revolução interna nestes ambientes, para acomodarem as novas maravilhas.

Os organizadores da competição até lançaram pins e objetos oficiais, mas é absolutamente inimaginável a quantidade de reproduções de todos os tipos de miniaturas, bibelôs e cacarecos com as novas maravilhas que já estão sendo produzidos no mundo todo, afinal quem não tem uma destas lembrancinhas de viagens?

Será que a Coca-Cola já comprou os direitos para lançar a coleção das menores maravilhas do mundo, a serem trocadas por tampinhas ou latinhas?

sobre o autor
Michel Gorski, arquiteto, editor do website Arquiteturismo, escreve a coluna "Turista na sua cidade" na revista Host.

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