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HAZAN, Vera Magiano. Os reflexos do mundo virtual na cidade real. Arquitextos, São Paulo, ano 02, n. 013.05, Vitruvius, jun. 2001 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.013/880>.

Com a proliferação das tecnologias de informação neste fim de século, têm-se observado duas formas bastante distintas de planejamento das cidades. Uma que resgata os espaços públicos, proporcionando melhores condições de circulação e desenvolvimento dos transportes públicos, e outra que se rende às tecnologias da informação, proporcionando espacialidades virtualizadas, a partir da mudança das relações de trabalho.

As metrópoles contemporâneas, entretanto, parecem estar trabalhando com as duas formas simultaneamente, ampliando e reformando seus espaços públicos, e ao mesmo tempo investindo fortemente na instalação de infra-estrutura de telecomunicações, fator considerado essencial para o desenvolvimento econômico destas cidades.

De fato, as tecnologias de informação e comunicação possibilitaram novas espacialidades, uma vez que através delas pode-se permitir não apenas o acesso à informação, mas também a descentralização das atividades e serviços, minimizando-se ações externas, reduzindo-se custos de deslocamentos etc, proporcionando novas relações entre o interior e o exterior, principalmente no âmbito do trabalho.

As tecnologias de informação e comunicação

As tecnologias de informação e comunicação, através de seus recursos de linguagem audiovisual e possibilidade de interatividade, ampliaram as formas de comunicação e trabalho, permitindo, inclusive, que um usuário da rede trabalhe em parceria com outros usuários ao mesmo tempo, sem se deslocar do espaço em que se encontra.

Fora isso, a atualização dos dados em tempo real facilita a difusão da informação independente da espacialidade em que se encontram o difusor e o receptor das mensagens, possibilitando que pessoas em diferentes países trabalhem juntas, que os escritórios reduzam seus espaços de trabalho, e que os trabalhadores utilizem suas casas como espaços de produção também.

Essa virtualização da informação provoca a desterritorialização, fazendo com que haja uma passagem do interior ao exterior, e do exterior ao interior. Este efeito Möebius aparece nas diferenças entre público e privado, comum e próprio, objetivo e subjetivo, leitor e autor etc. Desta forma, quem trabalha em casa através da rede, ao mesmo tempo em que transforma seu espaço privado em público, tem a possibilidade de organizar sua rotina conforme sua conveniência (1).

De fato, estas possibilidades são muito interessantes para alguns profissionais liberais, autônomos e ainda pessoas com problemas de mobilidade, pois além de ser possível enviar trabalhos sem se deslocar fisicamente do espaço, que tende a ser a própria casa, há um ganho relativo na questão do tempo de execução.

Para Jane Jacobs, entretanto, esta promiscuidade de atividades num mesmo espaço é considerada extremamente complicada, principalmente por reduzir o contato físico entre as pessoas, segundo ela, importante como terapia contra a esclerose das pequenas habitações (2).

Na contramão das teorias que afirmam ser o futuro o tempo da automatização dos serviços e de poucos contatos interpessoais, a autora prega o "bom funcionamento da rua", ligado à existência dos cidadãos e de um sentimento de solidariedade que acontece através de contatos pessoais traçados nas calçadas e nos espaços coletivos. Para isto, propõe a circulação permanente e intensa nas ruas e o resgate dos espaços da cidade, através da demarcação dos espaços públicos e privados, e da criação de laços de passagem vivos e populares.

Alguns governos parecem trabalhar na direção indicada pela autora, não apenas reformando e restaurando seus espaços público antigos, como também criando outros novos. A nova biblioteca de Paris é um exemplo interessante de ser lembrado. Ao mesmo em que bibliotecas virtuais têm proliferado na internet e em cd-roms, o Governo francês investiu milhões de francos na construção deste projeto, estabelecido como um centro de referência cultural para o país.

Outro exemplo de investimento em espaços públicos abertos se refere a projetos como o Rio Cidade, no Rio de Janeiro, que selecionou diversos corredores comerciais de bairros das Zonas Sul, Norte e Oeste para serem revitalizados não apenas no sentido comercial, mas também de forma a melhorar a infra-estrutura das comunicações – tv a cabo e telefonia –, bem como ampliar as condições de acessibilidade e conforto no meio urbano para os cidadãos (3).

Outras cidades brasileiras têm seguido o exemplo desse projeto, principalmente em áreas centrais e históricas. O governo de Salvador patrocinou recentemente a restauração da área do Pelourinho, Belo Horizonte promoveu um concurso chamado "Ruas da Cidade" (4), onde escolheu três áreas para iniciar sua revitalização, e Cuiabá promoveu em 2000 um concurso de revitalização de seu centro histórico (5).

Berlim, após a reunificação, também passou por um grande processo de revitalização, com a ampliação das redes de infra-estrutura, restauração de espaços deteriorados, criação de novos espaços públicos etc. Da mesma forma, muitas outras cidades européias continuam resgatando seus espaços públicos, principalmente os dedicados ao lazer e à cultura.

Mas, o espaço virtual também vem se desenvolvendo, abrindo a possibilidade do lazer e do trabalho se realizarem no interior do espaço privado, como a própria casa, onde se vive e se trabalha.

Segundo Egler, isto proporciona uma mudança substancial nas relações entre os indivíduos, uma vez que os laços ou identificações e o contato face a face passam a ser substituídos por imagens ou textos no vídeo de um computador (6).

Se, por um lado, pessoas afastadas pela distância se aproximam através da rede, as relações de trabalho sofrem reflexos bastante fortes com a substituição do vínculo empregatício por contratos mais flexíveis de trabalho. Sem uma série de direitos e regalias, como férias, 13º salário, licença maternidade, vale transporte etc, o empregador passa a racionalizar seus custos com os espaços de trabalho e a mão-de-obra.

No Brasil, muitas empresas públicas e privadas têm refeito seus contratos de trabalho com antigos empregados, de forma diferente. Com a intenção de reduzir seus custos, elas têm induzido os trabalhadores à demissão voluntária, obrigando-os a abrir pequenas empresas para formalizar novas relações de trabalho, agora terceirizadas.

Nesta nova relação, o trabalhador passa a ser dono do seu tempo, mas também aumenta suas despesas. Se, com o emprego ele tinha direito a fundo de garantia, plano de saúde, vale-transporte, ticket refeição etc, como pequeno empresário ou trabalhador autônomo, ele próprio precisa pagar impostos e investir em melhores condições de trabalho.

Essas mudanças nas relações de trabalho acabam por produzir reflexos na constituição dos espaços urbanos também. As empresas começam a reduzir seus espaços, priorizando o investimento em tecnologias, e o trabalhador deixa de se deslocar diariamente de sua casa para aquele espaço, onde ele precisa ir apenas esporadicamente.

No comércio, algumas mudanças também vêm sendo sentidas. Muitas lojas de móveis, eletrodomésticos, compact discs, livros e até mesmo supermercados passaram a vender seus produtos através de sites na internet, com taxas mínimas para entrega, inclusive no exterior, reduzindo o tamanho de suas lojas, e consequentemente, seus gastos com aluguel, manutenção da infra-estrutura etc. Em contrapartida, ampliaram-se os espaços de estocagem de produtos e serviços de entregas ágeis para atender às demandas dos consumidores.

Todas estas mudanças, no entanto, não são tão radicais quanto se imaginava, pois aqueles que não têm acesso às novas tecnologias em espaços privados, dependem do espaço urbano para resolver suas rotinas no cotidiano.

De fato, as tecnologias de informação e comunicação possibilitaram novas espacialidades, uma vez que através delas pode-se permitir não apenas o acesso à informação, mas também a descentralização das atividades e serviços, minimizando-se ações externas, reduzindo-se custos de deslocamentos etc, proporcionando novas relações entre o interior e o exterior, principalmente no âmbito do trabalho.

Associado a outras novas técnicas de telecomunicações, à criação, à circulação, à estocagem, o uso do instrumento informático permite o acesso a uma imensa massa de informações antes disponíveis apenas para uma pequena parcela da população.

Se, por um lado, a disponibilização dos dados passou a ser ofertada pela máquina, é preciso saber fazer uso dela para tirar o melhor proveito das informações, e até mesmo tentar aprofundá-las de forma objetiva e não dispersiva. Abre-se, assim, "uma nova era de objetivação de funções abstratas e reflexivas do cérebro pela máquina" (7).

Das infovias ao desenvolvimento da telemática, da interatividade à virtualidade, os recursos de linguagem e meios vêm, de várias formas, instituir novos caminhos para a transmissão da informação. Isto não significa, entretanto, que meios não informatizados venham perdendo sua importância. Os meios impressos, por exemplo, continuam existindo, e provavelmente existirão sempre.

O que ocorre atualmente é o convívio paralelo entre os meios tradicional e digital – revistas e jornais disponíveis ao mesmo tempo nas bancas e nos sites –, até mesmo porque é preciso dominar a produção de conhecimento, de informação e de tecnologia informática para utilizar os novos meios.

Na verdade, vivemos num mundo dividido, onde o acesso às NTIC no espaço virtual determina as novas formas de inclusão e exclusão no mundo contemporâneo. Em termos materiais, é preciso dispor de um equipamento informatizado e de uma linha telefônica, fixa ou móvel no futuro. Em termos culturais, o indivíduo precisa ainda dominar a tecnologia, isto é, ter conhecimento e capacidade de apropriação dela.

Se, por um lado, disponibilizar um conjunto de informações referentes às mais variadas possibilidades de organização da vida cotidiana aproxima o sujeito social do objeto de sua necessidade, por outro, as barreiras materiais, econômicas e culturais excluem boa parte dos cidadãos.

Segundo Ribeiro, a apropriação dessas tecnologias exige um certo aprendizado, pois, apesar delas permitirem a multiplicação dos usuários, estimulados por ganhos em tecnologia, elas também levam à flexibilização da informação, adequando-a a universos culturais específicos, a necessidades particulares de expressão da realidade social e a novos princípios de interlocução entre sociedade e governo (8).

Apesar das tecnologias de informação e comunicação possibilitarem novas formas de interlocução e a união de recursos de linguagem, segundo Jean Lojkine elas também costumam revelar respostas muito básicas, dificuldades de utilização e apropriação, alto custo de implantação, e o perigo da automatização da sociedade (9).

A modernização de um sistema de informação coletivo implica, portanto, num trabalho educativo junto aos seus usuários, principalmente quando eles fazem parte de um universo heterogêneo, com níveis sociais e educacionais diferenciados.

A heterogeneidade cultural, aliás, tem sido um grande desafio na implementação do comércio na rede aqui no Brasil. A sociedade norte-americana, acostumada há décadas a consumir através de catálogos e anúncios na televisão, fazendo pagamento através do cartão de crédito, de fato é a sociedade com maior número de sites comerciais na rede.

Mas, não só de e-commerce que vive a rede nos Estados Unidos. Há grupos, compostos por intelectuais, que nos últimos anos vêm se dedicando ao estudo do impacto das tecnologias de informação e comunicação sobre a vida humana, trabalhando em projetos envolvidos em causas que visam reforçar a democracia através da revolução digital.

Segundo artigo de Rosane Serro, este movimento ainda hoje tenta tornar o ambiente da internet democrático, sem preconceitos de credo ou cor, ético, tolerante e plural em termos de idéias (10).

O interessante é que, além de teorizarem sobre o acesso e a democracia da rede, eles se organizaram e criaram uma série de produtos com seus perfis, e disponibilizaram na rede.

Assim como o grupo digerati, muitos americanos têm acesso à rede há algum tempo, familiarizando-se com este tipo de tecnologia de informação e comunicação sem os sustos das sociedades que tiveram que aprender a usá-las de uma hora para a outra.

O resultado disso pode ser sentido através de pesquisa divulgada no Jornal do Brasil em fevereiro de 2000, realizada entre 1998 e 1999, que mostra que nos Estados Unidos mais de 60% dos americanos já consumiram através da internet, enquanto que no Brasil, apesar de uma parcela em crescimento confiar neste tipo de comércio, com 18% em 1998 e 32% em 1999, o número de brasileiros que usaram a internet para fazer compras nestes dois anos ainda é muito pequena.

De fato, a cultura do consumo nos Estados Unidos muito ajudou nesta questão. Afinal, os americanos já tinham o hábito de comprar produtos via caixa postal, televisão etc, o que certamente facilitou a profusão de sites comerciais na rede. Além disso, como a unidade de moeda corrente deste tipo de compra sempre foi dinheiro plástico, isto é, o cartão de crédito, acredita-se que a venda de produtos através da internet tenha sido considerada um progresso nesta sociedade, que tanto prima pela vida prática (11).

No Brasil, a venda de produtos pela televisão, com pagamento através de cartões de crédito, vem se popularizando a partir da implantação das tv's a cabo. Entretanto, o medo em relação ao uso dos cartões de crédito nas compras pela internet ainda é grande, principalmente devido aos golpes de estelionato e clonagem de cartões, divulgados através dos jornais.

Apesar de a rede oferecer alguns mecanismos de segurança para o usuário, quem não tem o hábito de utilizá-la, certamente possui certos receios, principalmente quando o site de interesse é estrangeiro, e o usuário não domina o idioma apresentado.

A limitação cultural é, de fato, mais um obstáculo na apropriação das tecnologias de informação e comunicação. Apesar de cosmopolita, a cidade do Rio de Janeiro tem uma quantidade razoável de pessoas analfabetas ou com baixa escolaridade, bem como de pessoas idosas, com dificuldade de manejo tecnológico, podendo-se notar, claramente, que, se por um lado, a cidade global possibilita o acesso aos meios, nem todos estão capacitados para apropriá-los.

A capacitação do usuário é realmente uma questão muito importante, uma vez que a implantação de máquinas tem um custo razoavelmente alto, e necessita de uma utilização constante. A automatização de certos serviços, como os bancários, entretanto, vem proporcionando um convívio cotidiano do cidadão com a tecnologia das informações, familiarizando a população com o uso das novas tecnologias. Se, a princípio, os terminais assustaram um pouco alguns usuários, a necessidade de sua utilização fez com que as mais diferentes camadas da população, independentemente do grau de instrução ou faixa etária, absorvesse as dificuldades.

Mas, nem sempre esta utilização tem sido feita automaticamente pelo usuário. Ainda que o sistema bancário utilize uma linguagem direta, sem muitas opções de escolhas aos usuários, ele trata de dinheiro, material escasso na vida dos brasileiros, e motivo suficiente para preocupações com a segurança na utilização da máquina. Pensando nisto, alguns bancos passaram a incluir em seus softwares dispositivos como o da confirmação do cartão depois do pedido da função, que proporciona maior segurança não apenas para o usuário, como também para o banco.

Esses dispositivos de segurança nem sempre são suficientes para alguns tipos de usuários, que na verdade necessitam de ajuda para a utilização das máquinas. Como o auxílio dado por desconhecidos pode ser perigoso, as agências passaram a colocar sobre os equipamentos avisos de alerta para que os usuários se dirijam sempre a funcionários da agência, bem como passaram a colocá-los à disposição para tirar dúvidas ou instruir sobre o uso deles, principalmente no caso de pessoas idosas ou com dificuldade no manejo de tecnologias.

Os sistemas bancários, entretanto, são variados. O que se tem observado é que cada banco tem seu software próprio, que pode ser mais ou menos acessível aos usuários, conforme a linguagem e os recursos disponíveis. O Unibanco, por exemplo, utiliza um sistema com instruções de uso orais, que facilita o entendimento de certos usuários no início da operação. Mas, os resto das ações é realizada a partir de comandos escritos na tela, tornado o programa parecido com os demais, isto é, com problemas de apropriação para alguns usuários.

Além de equipamentos bancários, existem outros sistemas informatizados pela cidade. Os sistemas de informação turística da Publinet instalados na cidade, apesar de monumentais, com uma forma diferente, que chamava atenção e atraía os usuários, possuíam um design sem qualquer preocupação com a ergonomia, pouca legibilidade na tela do monitor, inclinada e sujeita a reflexos da luz do sol, comandos restritos e de difícil apropriação.

Apesar deste equipamento ter tido o mérito de ser o primeiro modelo de totem informatizado instalado na cidade, suas informações não pareciam suficientes para a demanda de seus usuários. Seu programa bilíngüe, em português e inglês, era limitado, e apesar de oferecer uma série de opções de assuntos, tinha pouca capacidade de aprofundamento das informações.

Em outros países, também encontram-se equipamentos de difícil apropriação, principalmente por turistas. Na Alemanha, por exemplo, a maioria das máquinas é dirigida especificamente para os alemães. Não há opção de outro idiomas, e a lógica é própria da cultura germânica. A máquina de venda de bilhetes de metrô, apesar de também ser utilizada por estrangeiros, tem suas instruções somente em alemão, e exige uma quantidade certa de moedas específicas para operar.

Na Itália, entretanto, o mesmo tipo de máquina oferece as opções de notas e moedas, e ainda devolve o troco. Além disso, apesar do idioma das instruções ser somente o italiano, ela também apresenta uma linguagem visual, com desenhos das moedas e notas, fiéis à realidade, o que permite aos estrangeiros a identificação e a utilização do equipamento.

Pode-se observar que com a globalização e a união de países em torno de mercados comuns, como o Europeu e o Mercosul, aos poucos a necessidade de se procurar meios comuns de informar e instruir a população vem aumentando. Por um lado, nota-se uma preocupação com a segurança e o entendimento das informações entre os usuários, por outro lado, isto é muito importante para a economia global, uma vez que as relações se fazem através de acordos, e parece ser fundamental a compreensão do que se consome.

Devido ao turismo e às imigrações em função do mercado de trabalho, a Europa parece ser o primeiro continente a investir, com ênfase, na oferta de opções de idiomas em suas máquinas, incluindo-se em alguns casos o japonês, fundamental para as relações comerciais e para o consumo, e o árabe, língua nativa de muitos imigrantes. As mais simples se resumem ao Mercado Comum Europeu, oferecendo o idioma local e a opção do inglês, francês ou alemão.

O Mercosul parece seguir o exemplo europeu. A partir do final da década de 90, os equipamentos, folhetos e demais meios de informação começaram a ser produzidos para a consulta nos idiomas português, espanhol e inglês, os principais para o mercado sul-americano. Além disso, alguns presidentes têm pensado em criar uma legislação que obrigue as escolas públicas destes países a ensinarem os dois idiomas para os estudantes, de forma a possibilitar um maior intercâmbio entre os países, e também a viabilização real do Mercado.

De fato, para que uma tecnologia seja produtiva para o homem, é preciso que ela permita uma ação intelectual sobre ela, a ponto de criar condições próprias de auto-organização e consulta. O homem deve ter a possibilidade de compreender o sistema com o qual opera, e não apenas utilizá-lo mecanicamente. Afinal, a imposição de uma linguagem muito específica, com códigos desconhecidos e limitações de linguagem não leva à produtividade, nem à máxima utilização da tecnologia oferecida.

É possível que muitos sistemas não tenham esta preocupação, ou mesmo tenham sido feitos para serem usados de forma automática, sem questionamentos. Mas, a verdade é que quanto mais apropriado ao público alvo, mais eficiente é o sistema. Portanto, se ele foi pensado para o turismo, ele deve oferecer opções de escolha de idiomas. Se ele é um programa dirigido à população de uma forma geral, precisa ter uma linguagem simplificada o suficiente a ponto de atingir pessoas com diferentes níveis educacionais.

Mas, não se pode esquecer que nem sempre a produção das informações é pensada assim. No mundo globalizado, enquanto alguns têm o poder sobre a informação, muitos perdem esta chance pela absoluta falta de recursos e acesso.

Segundo Santos, existem dois movimentos nesta direção – um que mundializa e está inscrito no mundo digital, da instantaneidade temporal e do espaço global, e outro que está na materialidade espacial, esfera cultural das relações pessoais e da vida cotidiana (12).

De fato, ainda que se pense na globalização das ações, o que mais se vê, principalmente no Brasil, são diferenças em todos os campos, inclusive em termos de acesso às tecnologias, que dependem de um certo poder econômico, até mesmo porque a construção de um mundo único conduz, normalmente, a conflitos, e o que se tem buscado é unificar e não unir.

notas

1
LÉVY, Pierre. Quést-ce que le virtuel? Sciences et Société, Paris, Éditions de la Découverte, 1995.

2
JACOBS, Jane. The death and life of great American cities. Nova Iorque: Randoom House, 1961.

3
PCRJ. Rio Cidade, O Urbanismo de volta às ruas. Rio de Janeiro, Mauad Editora, 1996. Quanto à melhoria da infra-estrutura na cidade do Rio de Janeiro, veja na página Institucional de Vitruvius informações sobre o projeto vencedor de concurso nacional para a Nova estação da supervia em São Cristóvão.

4
As informações foram fornecidas pelo Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do Rio de Janeiro. Veja na página Institucional de Vitruvius informações sobre o Concurso Ruas da Cidade.

5
Concurso Público Pró-Centro Histórico de Cuiabá.

6
EGLER, Tamara Tania Cohen. Ciberespaço: novas formas de interação social. Brasília, Sociedade e Estado, Revista semestral de sociologia; Volume XIII, n. 1, 1998.

7
LOJKINE, Jean. A Revolução Informacional. São Paulo, Cortez Editora, 1995.

8
RIBEIRO, Ana Clara Torres. Informações para a Gestão Urbana: a nova fartura e a posição dos usuários. Encontro Nacional de Produtores e Usuários de Informações Sociais, Econômicas e Territoriais, IBGE, 1996.

9
LOJKINE, Jean. Op. Cit.

10
SERRO, Rosane. "Digerati, a vida inteligente na internet". In: Caderno Internet, Jornal do Brasil, edição de 30 de março de 2000, p. 1-2.

11
HARVEY, David. Condição pós-moderna. São Paulo, Ed. Loyola, 1992.

12
SANTOS, Milton. Técnica, Espaço, Tempo. Globalização e Meio Técnico-Científico Informacional. São Paulo, Editora Hucitec, 1994.

sobre o autor

Vera Hazan é arquiteta, publicitária e jornalista, mestre em Planejamento Urbano e Regional pelo IPPUR/UFRJ, sócia da Quali-Urb Consultoria Ltda, empresa de projetos de arquitetura, design, planejamento e qualidade, sediada no Rio de Janeiro. Autora do Projeto Cicloviário de ligação entre os bairros de Laranjeiras e Botafogo (Ciclovia Tricolor), do projeto de reforma do Laboratório de Robótica da COPPE/UFRJ, do Projeto de arquitetura de interiores para a Secretaria Municipal de Urbanismo, de uma série de projetos de design gráfico, entre os quais das papelarias do Concurso Circo Voador, do Concurso SuperVia Estação São Cristóvão e do Prêmio Interiores Rio Design Center -IAB.

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