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GUIMARAENS, Cêça. Arquitetura Brasileira após-Brasília: redescobertas?. Arquitextos, São Paulo, ano 02, n. 022.02, Vitruvius, mar. 2002 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.022/799>.

Entre 1976 e 1978, o Departamento do Rio de Janeiro do Instituto de Arquitetos do Brasil, por meio da Comissão de Arquitetura, reuniu alguns arquitetos de vários estados do país buscando ampliar a reflexão sobre os fundamentos teóricos e críticos, a estrutura profissional e as formas de contribuição político-social da categoria. O eixo daquelas discussões deveria destacar a transformação formidável que a atuação dos arquitetos atravessou entre meados de 50 e o ano de 1976. O projeto e a construção de Brasília, cidade cuja redescoberta ainda hoje é reeditada, foram as linhas delimitadoras das experiências diversas colocadas em perspectiva naqueles encontros.

Agora, quando atravessados 25 anos, apresenta-se momento especial para a releitura das idéias e da produção desses arquitetos que foram publicadas na série Arquitetura Brasileira após-Brasília / Depoimentos, editada pelo IAB/RJ em 1976-78. Essa releitura foi elaborada em breves “conversas” dos arquitetos organizadores da série, permitindo comentários sobre a prática profissional e o cumprimento e desvio de alguns parâmetros conceituais então expostos. A oportuna comparação entre as formas de realização e consolidação de idéias (que foram levadas a efeito ao longo de mais de duas décadas) procura apenas traçar um roteiro para a análise da continuidade e ruptura dos paradigmas modernista e pós-modernista os quais, ainda hoje, encontram-se em pleno desenvolvimento.

Os Depoimentos geraram oportuno e “excepcional material de base para a discussão” e aprofundaram múltiplas visões das tendências, dúvidas e preocupações apresentadas à audiência que era basicamente composta por eclético grupo de arquitetos “cariocas”. A edição e publicação das idéias, opiniões e projetos expostos naqueles debates que se realizaram nas sedes do IAB/RJ no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e na rua Conde de Irajá no bairro de Botafogo, compuseram três volumes. O primeiro volume da série reuniu Luis Paulo Conde, Julio Katinsky e Miguel Alves Pereira. Edgard Graeff, Flávio Marinho Rego, Joaquim Guedes e João Filgueiras Lima (o Lelé) fizeram parte do segundo. E as realizações de Assis Reis, Carlos M. Fayet, Marcello Fragelli e Ruy Ohtake constituíram o terceiro Depoimentos.

A primeira releitura, que gera este breve roteiro, indica que o segundo volume da série parece ser o mais expressivo da conjuntura – ao mesmo tempo homogênea e vária – do pensamento “arquitetônico” da época. Entretanto, na composição do segundo volume, observa-se que, casualmente, existe concordância de visões sobre a variedade de tendências formais. O primeiro volume, pelo fato de inaugurar o evento (considerado, na época, ‘um acontecimento’), possui interesse particular; além disso os depoentes abordam com densidade todos os tópicos propostos pela Comissão de Arquitetura.

No texto introdutório, a Comissão – composta por mim, Cláudio Taulois, Flávio Ferreira e tendo Sérgio Magalhães no papel de coordenador – destacava o empenho de todos os arquitetos no sentido de corrigir e ajustar as inconsistências críticas, debilidades científicas e custos sociais dos projetos e obras de arquitetura, ao mesmo tempo em que anunciava ser o momento propício a configurar um conceito de arquitetura abrangente e integrador.

Admitia-se mudança conceitual que consolidaria um processo criador baseado em reflexão definida, ritmada e contínua. Ao assumir os conflitos e desvelar as contradições da arquitetura brasileira canonizada, a Comissão expressava o desejo e o projeto de uma classe profissional constituída de três gerações. Assistindo a extrema valorização do organismo então chamado cidade (ou metrópole) em desenvolvimento, esses arquitetos ansiavam por transparência na solução dos problemas urbanos e exigiam a participação da sociedade em todos os níveis do processo de planejamento. Para a classe, a ordem era dizer não à política obscurantista que, ao mesmo tempo em que cerceava a liberdade, acobertava irresponsabilidade técnica e social.

Este texto pretende ser uma contribuição inicial para a releitura dos Depoimentos. Desse modo, não impõe roteiros e apenas apresenta breves comentários sobre algumas respostas dos participantes dos debates ocorridos há quase 25 anos. Porém, propõe, sim, a constância da preocupação com a qualidade da nossa produção. Este trabalho, à maneira daquele realizado na Comissão de Arquitetura, não traduz um discurso encerrado. Traz dúvidas a respeito de aspectos da arquitetura que são, ainda, universais e particulares. Traduz, portanto, clássicos argumentos de crítica. Desta perspectiva, induz a busca à origem de toda e qualquer reflexão sobre a redescoberta da arquitetura brasileira.

Depoimento: o que é?

Segundo Joaquim Guedes, no dicionário, a palavra depoimento tem uma versão estranha: “é um testemunho num processo judiciário” (2). A partir desta afirmativa de Guedes faz-se necessário lembrar que o tempo dos Depoimentos era o da ditadura militar. Apesar da fase de “abertura” que se desenvolvia naquela fase da pretensa revolução anti-socialista, os arquitetos pareciam sentir-se estranhos atores transformados em depoentes. Ao serem convidados a expor idéias e trabalhos próprios – sem roteiro pré-definido e face a curiosa e atenta audiência disposta a perguntar e questionar suas respostas – de pronto verificavam que a alienação dos processos de “fazer arquitetura” chegava ao limite naquele equivocado contexto político. No entanto, ao adotar o diálogo, atores e platéia facilmente admitiram que o estado permanente de esvaziamento da crítica – até ali construída apologética e retórica – desviava suas ações das reais necessidades das massas urbanas.

A massa urbana, ou seja, grande parte da população, então já excluída, acorria às capitais que, também, se faziam grandes. Os antigos núcleos regionais se tornavam irreconhecíveis e inadministráveis sob retrógrados padrões. Conurbação, megalopólis e outros substantivos – aterrorizantes para os utópicos originais – forçavam os arquitetos-depoentes a rever, em território livre, os adjetivos com que sempre classificaram a arquitetura moderna de base modernista. Resta perguntar: no jogo do mercado (in)coerentemente dito “de responsabilidade social”, os Depoimentos significaram estranha redescoberta de outra(s) arquitetura(s)?

As principais referências

Em todos os sentidos, a consolidação de Brasília parecia ser a mais perfeita expressão do efeito da expressão dream is over. De outro lado, a utopia pós-68 sustentava o sonho parisiense nutrindo o sonho sob o lema “sejamos realistas, peçamos o impossível”. A partir dessa fórmula identificava-se (e até hoje assim se o identifica) o brasil-grande de 1970. A época também traduzia essa esquizofrênica situação refletindo pares antagônicos; assim, as dicotomias e dualismos, ou seja, o confronto da simetria em assimetria, Asa Norte e Asa Sul, e o hemisfério norte versus hemisfério sul, restringia visões abrangentes e as conquistas transdisciplinares. Paralelamente, entre os eixos monumentais e rodoviários, a sub-desenvolvida crítica explodia as escolas de arquitetura que proliferavam no país inteiro; mas, apesar de tudo isso, em termos definitivsos, a arquitetura do edifício isolado perdia espaço para a arquitetura da cidade.

Entre o golpe de 1964 e o início da abertura, em meados de 1970, foram criados o Banco Nacional da Habitação, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano e a Empresa Brasileira de Transportes Urbanos. Acrescente-se que, na endinheirada fase do ame-o ou deixe-o, instituiu-se o célebre Programa de Cidades Históricas. Nesse contexto, embora existisse a Brasília dos militares, ocorreram mudanças nas bases de formação e nas formas de atuação dos arquitetos; em face dessa realidade, críticas de toda ordem às novas faculdades instituídas e ao mercado de trabalho diversificado se expandiram e criaram outras referências para os debates; assim, nos Depoimentos, redefiniram-se as opiniões sobre a falência dos paradigmas, a complexidade dos programas, a tecnologia e o conceito de “espaço arquitetônico”.

Nessa conjuntura política, o aspecto mais importante da atividade projetual envolvia (e até hoje envolve) o problema da técnica. Dominar a técnica da construção de indivíduos arquitetônicos modelares e, portanto, modulados e exemplares, era o objetivo de todos. Este ponto consensual, no entanto, exigia a tomada de consciência da função social da arquitetura. Além disso, os visíveis conflitos resultantes das novas relações entre os componentes das equipes – engenheiros e economistas, entre os que mais se destacavam – explicitavam a crescente necessidade de organização e controle da obra.

A primazia da técnica (ou “tecnologia”) foi o argumento utilizado em todos os níveis e dimensões do processo de projetação, induzindo reformulações no tipo e quantidade dos componentes das equipes (3). Atualmente, o número reduzido de profissionais e as relações temporárias de trabalho alteraram esse (se assim podemos dizer) antigo quadro. O modelo atelier – forma organizacional típica dos períodos iniciais que se estenderam até finais da década de 1970 – surge agora renovado. O figurino das equipes, hoje, é continuamente recomposto e formado de múltiplos componentes os quais devem exercer polifunções e, portanto, exibir poliatributos.

Quando trataram de explicar os objetivos de seus projetos e obras, os depoentes demonstraram que o aspecto político da atividade crítica e projetual não era negligenciado. Ao imprimir aos debates porte e alcance nacional asseguraram ao Instituto de Arquitetos os resultados conseqüentes da luta de intelectuais e políticos que tinha o objetivo de recuperar os direitos constitucionais. Em 1984, Aracy Amaral no Arte para quê? (4) afirmou que “no momento, na área de arquitetura, subsídio da maior importância tem sido o recolhimento de depoimentos de arquitetos contemporâneos, seja por parte do IAB-Rio de Janeiro, na série Arquitetura Brasileira após-Brasília / Depoimentos, como nas monografias publicadas pela editora Projeto, de São Paulo.” No mesmo trabalho, esta autora promoveu a “matéria prima primeira” – elaborada por Lucio Costa, Oscar Niemeyer e Vilanova Artigas – e comentou os depoimentos que “raramente têm enfoque crítico, dissertando antes sobre as contribuições dos diversos arquitetos, ou projetando a defesa de seus pontos de vista.” Ao lado desses arquitetos – modernistas clássicos –, para Aracy Amaral, os aspectos específicos da arquitetura contemporânea foram abordados à luz de abrangentes prismas social e histórico por Paulo Santos, Yves Bruand, Luis Saia, Luis Carlos Daher, Murillo Marx e Sergio Ferro.

O Brasil “em desenvolvimento” e as representações urbanísticas e arquitetônicas dessa mesma condição política e econômica foram as principais referências dos arquitetos-autores dos Depoimentos. Instados a dar a conhecer seus trabalhos e, ao mesmo tempo, realizar a autocrítica da classe face às condições políticas e sociais, os arquitetos conduziram um debate construtivo e aberto. As diferentes ideologias que ali coexistiram expressaram o mosaico de natureza vária de que a classe é composta até hoje. Este mosaico social estava, em 1970, intimamente ligado ao capitalismo do Estado e ao poder do regime constituído. Contudo, em teoria, nessa condição esteve, desde sempre, implicada a arquitetura brasileira fosse esta impressa em qualquer rótulo ou estilo.

Os grandes temas

Quando se tratou de analisar criticamente o ciclo que Brasília encerrava, o debate parecia restringir-se à tecnologia. O sentido do termo “técnica” induzia as discussões às categorias de “custo” e “informação/comunicação”; desse modo, as visões traduzidas na e da mídia estrangeira, contidas na cultura do Estado e centradas no eixo Rio–São Paulo, configuraram os eixos mais constantes da interpretação dos resultados da aplicação de técnicas construtivas tradicionais e “industriais”. As diferentes opiniões a respeito da liberdade de projetar a partir de programas complexos exigidos pelo Estado e empresas e do imprescindível (e urgente) atendimento às necessidades básicas da massa, não se apresentaram de maneira extrema. Em geral, o nível da “tecnologia” que deveria ser atingido era o da pré-fabricação ou pré-moldagem. Tal técnica atenderia aos prazos curtíssimos definidos para a conclusão de projetos e obras e atenderiam na medida certa o aspecto social.

A Comissão de Arquitetura anunciava, se bem que de forma tímida, tópicos do tipo “conceito de espaço arquitetônico” e “interpretações da teoria semiótica”. Porém, tais assuntos pareciam coisa de filósofo ou literatos. A metodologia do projeto e a organização da obra tornaram-se matéria para especialistas disputados no mercado onde os escritórios de arquitetos imprimiam a nova imagem do profissional que, pouco a pouco, abandonava os ateliês. Destaque-se neste item a quase completa ausência dos termos pós-modernismo e sociedade pós-industrial. A explicação mais provável para a inexistência de tais temas, pode ser encontrada no fato de que a crítica de “conceito” ainda estava longe de se constituir no Brasil. Os arquitetos de “projeto” e de “prancheta” pareciam dominar a estrutura central da classe.

Projeções e tendências (passadas e atuais)

As conclusões parciais que este roteiro inicial admite deveriam ser comentadas por meio da exposição de algumas obras destacadas à época dos Depoimentos. Além dos principais trabalhos de autoria dos arquitetos-depoentes, deve-se observar edifícios e planos que se distinguiram de forma excepcional pelo fato de serem considerados reais representações da reflexão sobre os temas propostos. A iconografia editada na série foi, em grande parte, sugerida pelos depoentes. A Comissão complementou sua leitura (na qual se destacava os pontos de maior interesse e objetividade para o debate e análise posteriores) com imagens que demonstravam maior integração dos temas.

Os pontos citados aqui devem ser confrontados com as obras e formas de atuação de todos os componentes da Comissão, nos dias de hoje. Esse confronto poderá indicar itens aqui omitidos e fornecer diretrizes para novas indagações. Atualmente, os arquitetos-depoentes encontram-se produzindo revisões de seus trabalhos e exercendo de forma ainda notável a profissão e suas idéias encontram-se registradas em periódicos sendo também promovidas em conferências realizadas em todo o país.

Os componentes da Comissão de Arquitetura parecem considerar-se, hoje, possíveis depoentes. Flávio Ferreira ampliou nas duas últimas décadas sua produção onde se encontram obras de diversos assumiu a tecno-burocracia da prefeitura do Rio, imprimindo aos projetos de alcance social (favela Bairro) e de reabilitação (reformas de cortiços, construção de novas moradias no Centro Histórico e melhorias em espaços públicos). Candidato a vice-prefeito reafirmou, ao lado de Luis Paulo Conde a tendência curitibana, anunciada em 1970 por Jaime Lerner. Cláudio Taulois arquiteta linguagens internacionalistas e monumentais em edifício de escritório no Mourisco/ Botafogo e em templo evangélico no Méier. O trabalho de identificação dos padrões arquitetônicos e definição das diretrizes para o tratamento dos espaços públicos do morro da Conceição, que realizei recentemente na equipe de Ana Petrik no Instituto Pereira Passos, expressa a tendência de integração com equipes estrangeiras que tem suportado muitos contratos.

A Comissão de Arquitetura teve entre seus colaboradores Mauro Neves Nogueira, Hilton Berredo, Ana Petrik e Bruno Fernandes que adicionaram, na fase de edição da série alguns temas que incrementaram os tópicos propostos pelo grupo original da Comissão. Hoje, Mauro Neves Nogueira e Bruno Fernandes são arquitetos que ensaiam modenaturas pós-modernistas, mesclam velhas apropriações e conceitos up to date. Outras colaboradoras foram Norma Taulois e Silvia Pozzana. Junto com Ana Petrik, têm atuação diversificada, ora apoiando Cláudio Taulois e Sergio Magalhães no agenciamento de áreas onde a prefeitura do Rio imprime seu discurso em favor da melhor qualidade do ambiente, ora assumindo a co-autoria em trabalhos de natureza múltipla. Hilton Berredo e Hetty Goldberg são representantes de campos afins que se fortaleceram e se pronunciam muito ativos: a arte e o comércio de equipamentos para a arquitetura de interiores.

Desse modo, todos experimentam, especialmente em projetos de renovação das áreas centrais e espaços periféricos do Rio, patamares inéditos da ação projetual.

Desde novas versões de antigas formas de permeabilidades espaciais até as obras de restauração de espaços públicos e privados, a arquitetura brasileira tem recuperado as velhas maneiras trabalhar nas realizações desse grupo. Enfim, apesar de alguns arquitetos considerarem que ainda é grande o analfabetismo cultural da classe, essa variada produção, realizada no decorrer de um tempo de liberdade, demonstra que a Brasília dos Depoimentos redescobriu, de fato, novo território da crítica no Brasil.

notas

1
Este texto foi redigido em setembro de 2000 e apresentado no Colóquio Arquitetura Brasileira: Redescobertas na cidade de Cuiabá, Mato Grosso.

3
"Joaquim Guedes" in Arquitetura Brasileira após-Brasília / Depoimentos. Rio de Janeiro, IAB/RJ, 1978, p. 183.
3
Essa organização dos escritórios de arquitetura preparou-os para a concorrência com as firmas de consultoria.

4
AMARAL, A. Arte para quê? São Paulo, Nobel, 1984, p. 277.

sobre o autor

Cêça Guimaraens é arquiteta e professora-adjunto do DPA-PROARQ da FAU-UFRJ.

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