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architexts ISSN 1809-6298


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português
O autor relembra o grande legado arquitetônico deixado por Lúcio Costa, falecido recentemente, aos 96 anos, em junho de 1998

english
The author recalls the great architectural legacy left by Lucio Costa, who died recently at age 96 in June 1998


how to quote

BARBOSA, Antônio Agenor. Relembrando o professor Lúcio Costa. Arquitextos, São Paulo, ano 03, n. 028.07, Vitruvius, set. 2002 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.028/754>.

Este ano de 2002 será prolífico em comemorações e em homenagens aos centenários de diversos brasileiros ilustres que, durante o século XX, contribuíram de maneira fundamental em diversos campos da cultura brasileira. Na política; o Presidente Juscelino Kubitschek, na história e na crítica; Sérgio Buarque de Holanda, na literatura; o editor José Olympio e o poeta Carlos Drummond de Andrade – que será oficialmente homenageado ao longo de todo o ano em decorrência de uma importante iniciativa do Governo Federal. Na área de arquitetura e urbanismo as celebrações ocorrem em decorrência dos cem anos de nascimento do Professor Lúcio Costa.

A despeito da importância de todos os citados, é fundamental relembrarmos o grande legado que nos deixou Lúcio Costa, falecido recentemente – aos 96 anos – em junho de 1998. Homem de cultura vasta e de conhecimento enciclopédico nasceu, por conta das viagens do pai, na França em 1902. Fixou-se definitivamente no Brasil em 1916 e em 1924, recém-formado arquiteto pela Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), já possuía alguma experiência em projetos de arquitetura e urbanismo, adquirida em virtude dos trabalhos desenvolvidos sob o comando de Archimedes Memória, o arquiteto responsável por alguns dos mais significativos edifícios construídos para a Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil em 1922.

Naquele tempo, como qualquer outro jovem egresso da ENBA, Costa ainda era, por formação, um profissional muito comprometido com a arquitetura acadêmica de inspiração francesa. Todavia, como um intelectual sintonizado com o espírito de seu tempo, não tardou a sentir-se incomodado, em pleno século XX, em seguir os cânones daquela arquitetura oitocentista.

Nesse contexto, após travar contato com José Mariano Filho, um dos professores da ENBA, defensor ferrenho da arquitetura colonial brasileira e espécie de “avô” – sendo Costa o próprio “pai” – da idéia de criação de uma nova arquitetura que representasse e/ou afirmasse a nossa nacionalidade, Lúcio Costa começa a procurar novos caminhos para a arquitetura brasileira.

Os anos 20, tanto na Europa quanto no Brasil, foram palco de grandes rupturas conceituais e teóricas que, no campo das artes e da arquitetura, revolucionaram a cultura ocidental. Destarte, ocorre o início da guinada estética de Costa rumo ao modernismo. Assim, observa atentamente algumas novidades como as idéias pré-modernas de inspiração Art Déco que o urbanista Alfred Agache quis implantar, em 1927, na mesma esplanada do Castelo na qual o próprio Costa, outrora, também ajudara a projetar o Pavilhão das Grandes Indústrias.

Com efeito, não há como não mencionar que em 1929, – também o ano de inauguração do Edifício “A Noite”, o nosso primeiro arranha-céu, na Praça Mauá – chega ao Rio de Janeiro o arquiteto franco-suíço Le Corbusier, cuja importância Costa ainda desprezava na ocasião. Entrementes, dois acontecimentos também foram decisivos nestes anos de formação do arquiteto: a viagem de estudos que fez às cidades históricas de Minas Gerais em 1927 e, posteriormente, a tomada de conhecimento da casa modernista de Warchavchik.

Ao fim e ao cabo da década de 20 , embora ainda muito jovem, pode-se arriscar que Lúcio Costa já estava intelectualmente preparado para realizar as grandes e originais contribuições que deixou para a arquitetura, para o urbanismo e para a cultura no Brasil ao longo de todo o século XX. Logo em 1930 assume a direção da ENBA, com o intuito de empreender uma mudança diametral nos rumos acadêmicos da Escola. Estava sacramentado, portanto, o rompimento definitivo de Costa com a arquitetura de orientação acadêmica. Após a sua curta, porém profícua, passagem pela direção da ENBA, Costa tornou-se sócio de Warchavchik com quem idealizou os seus primeiros projetos modernos, entre os quais o da Vila Operária da Gamboa, ainda de pé mas, como de costume por aqui, em péssimo estado de conservação.

Daí por diante a sua trajetória como intelectual e arquiteto é, certamente, mais conhecida, embora também de grande importância para nortear os rumos do Brasil Moderno, em diversos aspectos da nossa cultura.

Em 1935, o velho professor Archimedes Memória vence o concurso de idéias para a nova sede do então Ministério da Educação e Saúde Pública, mas o Ministro Capanema discorda do “estilo marajoara” do edifício idealizado por Memória e encomenda a Lúcio Costa a realização de um novo projeto de inspiração moderna. O resultado final do trabalho e as conversas de bastidores dos jovens arquitetos – inclusive o auxílio luxuoso e oficial de Le Corbusier – durante a concepção do edifício, são fatos já amplamente divulgados em várias publicações.

Em 1937, Lúcio Costa torna-se Diretor da Divisão de Estudos e Tombamentos do recém-criado SPHAN – Serviço do Patrimônio Artístico Nacional – e a partir de então começa a se dedicar com mais rigor a uma série de definições e estudos sistemáticos a respeito do patrimônio arquitetônico e urbano brasileiro. Também tratou de estudar e de conceber uma série de normativas para intervenções em centros urbanos históricos.

A partir do final dos anos 40, sua trajetória de intelectual e de professor comprometido com o desenvolvimento autônomo do Brasil foi também muito marcada pelas circunstâncias políticas pelas quais passava o país. E Lúcio Costa não se furtou a participar – ainda que de última hora e com um esboço muito incipiente – do concurso para a construção da nova capital do país, conforme o desejo de Juscelino Kubitschek. E das teorias defendidas por Costa e da imaginação sem limites de Oscar Niemeyer, nasceu Brasília; uma espécie de coroamento prático de toda esta trajetória árdua de estudos incansáveis sobre a nossa arquitetura e sobre as nossas cidades.

Por fim cabe mencionar que, a despeito das críticas que – aos olhos de hoje – possamos fazer à sua produção arquitetônica e urbana e às suas escolhas estéticas, o que não podemos negar e nem esquecer é a fundamental importância de Lúcio Costa para a cultura brasileira ao longo de um século que ele – por muito pouco tempo – não viveu integralmente. E aos que o acusavam de ter projetado uma cidade que não deu certo, respondia dizendo: “não foi Brasília que não deu certo, foi a cidade brasileira e o Brasil, como um todo, que não evoluiu como eu pensava e como eu queria”.

notas

1
Publicado originalmente com o título “Relembrando o professor Lúcio Costa. 27/02/2002 – Cem anos de Lúcio Costa” no Jornal Folha Dirigida (Caderno EDUCAÇÃO), Edição nº 1001, fev 2002, e em www.vivercidades.org.br.

sobre autor

Antônio Agenor de Melo Barbosa é arquiteto, mestre em Urbanismo pela PROURB-FAU-UFRJ e professor de Urbanismo da FAU-UFRJ e do Centro Universitário Plínio Leite – UNIPLI

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