Your browser is out-of-date.

In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.

 
  • in vitruvius
    • in magazines
    • in journal
  • \/
  •  

research

magazines

architexts ISSN 1809-6298


abstracts

português
A pesquisa da autora aponta para a existência de um alto potencial natural para o desenvolvimento de atividades turísticas vinculadas à natureza na região sul oriental de Cuba


how to quote

OCALLAGHAN, Maritza Espinosa. Turismo de natureza nas zonas de uso público das áreas protegidas da Região Sul Oriental d. Arquitextos, São Paulo, ano 05, n. 058.05, Vitruvius, mar. 2005 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05.058/489/pt>.

O turismo é um fato social irreversível que gera uma série de inter-relações e intercâmbios que têm conseqüências de muitos tipos, mas fundamentalmente econômicas e ambientais. O turismo internacional tem um efeito direto na economia dos países, porque contribui significativamente para a entrada de divisas. Quanto maior for esta, maior será a disponibilidade de recursos financeiros e desenvolvimento econômico do país em questão. Por outro lado, a indústria turística precisa de mão de obra qualificada, gerando uma grande quantidade de empregos, tanto direta como indiretamente.

Estas são as razões fundamentais para países, regiões e comunidades desejarem participar de alguma maneira no desenvolvimento desta indústria e obter os benefícios imediatos que produz. Contudo, o turismo de massa tem efeitos negativos e conseqüências sociais indesejáveis para as comunidades receptoras, mas sobretudo afeta o meio ambiente, uma vez que a natureza é parte do produto oferecido na maioria dos destinos turísticos do mundo inteiro.

Ibrahim Farradaz García, em seu discurso comemorativo no Dia Mundial do Turismo em 27 de setembro de 2002, disse: “Diante das profundas mudanças que se esperam na demanda dos próximos anos, é necessário modificar substancialmente a oferta para produtos mais flexíveis, possibilitando novas combinações; e para isso se precisa impulsionar o máximo possível os produtos referentes à natureza, complementados com uma ampla oferta recreacional”. E completa depois: “Ao trabalhar por um desenvolvimento sustentável do turismo, nos situamos em um plano de respeito, conservação e desfrute do Patrimônio Histórico, do Patrimônio vivo e sobretudo do mais precioso dos patrimônios: o humano. O patrimônio somos nós mesmos. É nossa cultura, nosso entorno e nossos valores de hospitalidade” (1).

Este trabalho tem como objetivo essencial avaliar o comportamento do turismo de natureza nas zonas de uso público das áreas protegidas localizadas na região sul oriental de Cuba, para o qual teve especial importância a análise dos planos de manejo e planos operativos das áreas protegidas selecionadas, particularmente seus programas de uso público, aprofundando-se no alcance das propostas. Os resultados da análise destes aspectos constituem a base teórica para definir diretrizes que regulem a atividade turística nas zonas de uso público das áreas protegidas da região sul oriental de Cuba.

Desenvolvimento

A infra-estrutura técnica e de serviços é um fator vital a considerar dentro das zonas de uso público, pois varia em função das características naturais e histórico-culturais e sociais de cada área protegida. Nesse sentido, foi imprescindível, para poder avaliar o comportamento do turismo de natureza nas zonas de uso público das áreas protegidas da região sul oriental de Cuba, definir um conjunto de aspectos. Estes se apóiam em um estudo bibliográfico, aonde se aprofundou no comportamento da infra-estrutura técnica e turística em Parques Nacionais nos contextos nacional e internacional. O estudo realizado chegou às seguintes constatações de qualidade: predomínio de infra-estruturas de baixo impacto ambiental e visual com a utilização de meios não motorizados; os serviços de apoio são oferecidos fora do parque; destaca-se o papel que assumem os caminhos a partir das quais se organizam todos os percursos.

As principais demandas verificadas são: caminhadas, cavalgadas, ciclo-turismo, visitas a culturas autóctones, aventura e diversão na natureza, atividades ao ar livre, observação de flora e fauna, visitas a áreas de reservas naturais e áreas protegidas. As instalações mais comumente utilizadas são: zonas de acampamento, locais de piquenique, acampamentos rústicos, instalações sanitárias rústicas, locais de abastecimento de água, centros de visitantes, caminhos e sinalizações.

A partir do estudo realizado se definiram variáveis, parâmetros e critérios para a avaliação do turismo de natureza nas zonas de uso público das áreas protegidas. A avaliação de cada uma das variáveis e aspectos se realiza de forma qualitativa através de valorações obtidas no trabalho de campo e o estudo minucioso dos planos de manejos, e de forma quantitativa, que se sustenta em uma análise estatística elementar, aonde se atribui pontos por variáveis segundo parâmetros estabelecidos.

Situação atual do produto turismo de natureza nas zonas de uso público das áreas protegidas da região sul oriental de cuba. Resultados da análise realizada

Infra-estrutura técnica: de baixo impacto, com predomínio de caminhos naturais rústicos, sinalizações em cruzamentos e zonas de estacionamento, instalações sanitárias muito limitadas, quase inexistentes (ver fotos 1). Aprecia-se uma mudança substancial nas zonas de uso público do Parque Nacional Turquino e a Paisagem Natural Protegida Grande Pedra (Ver gráfico nº 1) nos quais, associados às Vilas Turísticas existentes, se localizam redes de abastecimento de água, solução de evacuação de resíduos, instalação elétrica, rede telefônica e micro-vertedouros para processar os resíduos sólidos enquanto não houver o serviço de coleta. O sistema viário é denso em ambos casos, composta por caminhos de montanha que atravessam toda a zona. Tudo isto faz com que a média resultante a nível geral seja alta.

Infra-estrutura turística: predominam as instalações rústicas de baixo impacto, projetos leves, interpretação através de cartazes rústicos desenhados no sítio e uso de materiais locais (Ver fotos 2 e 3). Ocorre uma mudança brusca nas zonas de uso público do Parque Nacional Turquino e a Paisagem Natural Protegida Grande Pedra (ver gráfico nº 2), nos quais existem instalações de alojamento (Vilas Turísticas) que modificam o sítio, gerando outras instalações associadas.

Aspectos sociais: Neste caso os resultados obtidos variam respeitando as variáveis antes analisadas. Verifica-se em geral um comportamento estável, com valores médios (ver gráfico nº 3) e predomínio da presença de assentamentos rurais intermediários e pequenas comunidades, existência de manifestações tradicionais associadas à pesca, cultivo do café e produtos florestais em função das características da área, fraca promoção dos produtos, baixa educação ambiental com pouca participação local nas atividades da conservação dos recursos, baixo nível de serviços.

Aspectos históricos-culturais: Os resultados obtidos oscilam entre valores médios e altos. Verifica-se que nas zonas de uso público das áreas protegidas da parte mais oriental de Cuba (Guantánamo) os valores histórico-culturais baixam quando comparados às áreas protegidas de Granma e Santiago de Cuba. Estas últimas determinam que a média alcançada seja alta (ver gráfico nº 4), predominando nelas a existência de locais e fatos de caráter nacional e internacional associados às lutas de Independência de Cuba. Existem evidências de restos arqueológicos de assentamentos aborígines nas zonas de uso público das áreas protegidas de Granma e as ruínas das antigas fazendas de café franco-haitianas do século XIX nas zonas de uso público das áreas protegidas de Santiago de Cuba com alto valor arqueológico e arquitetônico. Em geral existem manifestações culturais na população local com repercussão na região que podem tomar parte do produto turístico (ver fotos 4 e 5).

Paisagem perceptiva: em todos os casos se evidencia o alto potencial paisagístico que caracteriza a região. Destacam-se as zonas de uso público do Parque Nacional Turquino e da Paisagem Natural Protegida Grande Pedra por sua qualidade visual, visibilidade e intervisibilidade, assim como a Reserva Ecológica Hatibonico pelo contraste de suas formas naturais (ver foto 6).

Ao se fazer a avaliação quantitativa pelas variáveis, se evidencia que o maior potencial das zonas de uso público das áreas protegidas da região sul oriental de Cuba está, em primeiro lugar, nos seus valores paisagísticos e, em segundo lugar, nos valores histórico-culturais, tendo um comportamento homogêneo o restante das variáveis analisadas, as quais não definem o produto turismo de natureza, mas sim o valorizam.

A respeito do comportamento do turismo de natureza em áreas protegidas, é evidente que o Parque Nacional Turquino e a Paisagem Natural Protegida Grande Pedra se destacam do resto das áreas estudadas, a infra-estrutura que possuem, somado aos valores sociais, históricos, culturais e perceptivos que concentram suas zonas de uso público e áreas lindeiras assim o determinam, pelo qual o produto turístico oferecido é alto, existindo amplas potencialidades, assim mesmo possuem alto grau de antropização nas zonas de uso público. O comportamento das outras áreas estudadas é bastante homogêneo, o que determina um produto turístico moderado, com presença de valores sociais, históricos, culturais e perceptivos mas com níveis de infra-estrutura muito baixos, as modificações antrópicas são baixas, predominando entornos naturais.

Conclusões

A região sul oriental de Cuba possui um alto potencial natural para o desenvolvimento de atividades turísticas vinculadas à natureza, atualmente subutilizado; na mesma existe um número considerável de áreas protegidas propostas e aprovadas de relevância para o turismo de natureza.

A avaliação realizada ao comportamento do produto turístico atualmente oferecido nas zonas de uso público das áreas protegidas da região sul oriental, permitiu além disso definir o nível de antropização que existe nas mesmas a partir do qual se definiu uma classificação das zonas de uso público segundo o grau de antropização e se retificaram as modalidades de turismo de natureza para cada área estudada.

O estudo realizado sobre os programas de uso público dos planos de manejo e planos operativos das áreas protegidas selecionadas evidenciou que os programas de recreação e turismo estão expressos segundo objetivos e ações gerais, não definindo o produto turístico para as zonas de uso público.

Os resultados obtidos dos aspectos analisados, confirmam a necessidade de definir diretrizes que regulem a planificação e exploração do turismo de natureza nas zonas de uso público das áreas protegidas da região sul oriental de Cuba.

nota

1
FARRADAZ GARCÍA, Ibrahim. Discurso por el Día Mundial del Turismo, 27 set. 2002, tomado de documentos do MINTUR.

bibliografia

COLETIVO DE AUTORES. Metodología para la confección de los planes de manejo y planes operativos en áreas protegidas. Centro Nacional de Áreas Protegidas, La Habana, março 2001.

COLETIVO DE AUTORES. Plan de Manejo del Parque Nacional del Granma. Empresa Nacional para la conservación de la Flora y la Fauna, Dirección Territorial, Granma, 2002.

COLETIVO DE AUTORES. Plan Operativo Reserva Ecológica Hatibonico. División de Áreas Protegidas Guantánamo, Resumos ano 2002.

COLETIVO DE AUTORES. Proyecto Caracterización y Manejo de la Biodiversidad en la Reserva Ecológica de Siboney, División Áreas Protegidas, Santiago de Cuba, Programa Ramal protección del medio ambiente y desarrollo sostenible cubano: Segunda Parte, Aspectos de Manejo, Centro Oriental de Ecosistemas y Biodiversidad, Santiago de Cuba, 2001, p. 106.

COLETIVO DE AUTORES. Proyecto Estudio y Manejo del Paisaje Natural Protegido Gran Piedra. División de Áreas Protegidas, Santiago de Cuba, Aspectos de Manejo, Centro Oriental de Ecosistemas y Biodiversidad, Santiago de Cuba, 2001, p. 89.

COLETIVO DE AUTORES. Área Protegida Parque Nacional Turquino, Plan de manejo. Ministerio de la Agricultura, Empresa Nacional para la protección de la Flora y la Fauna, Bayamo, M. N., junho 2002.

sobre o autor

Maritza Espinosa Ocallaghan é arquiteta, Msc. em Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano Territorial, Professora Auxiliar do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Construções da Universidade de Oriente, Santiago de Cuba, Cuba

comments

newspaper


© 2000–2024 Vitruvius
All rights reserved

The sources are always responsible for the accuracy of the information provided