Your browser is out-of-date.

In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.

 
  • in vitruvius
    • in magazines
    • in journal
  • \/
  •  

research

magazines

architexts ISSN 1809-6298


abstracts

português
Ampliação da sede da Academia de Belas Artes de Munique, último projeto de Coop Himmelb(l)au, estúdio fundado por Wolf Prix e Helmut Swiczinsky em 1968

español
Ampliación de la sede de la Academia de Bellas Artes de Múnich último proyecto de Coop Himmelb(l)au, estudio fundado por Wolf Prix y Helmut Swiczinsky en 1968


how to quote

MASSAD, Fredy; GUERRERO YESTE, Alicia. Atmosfera de tensão. Coop Himmelb(l)au e a Academia de Belas Artes de Munique. Arquitextos, São Paulo, ano 06, n. 066.02, Vitruvius, nov. 2005 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.066/406>.

A ampliação da sede da Academia de Belas Artes de Munique é o último projeto finalizado por Coop Himmelb(l)au, o estúdio fundado por Wolf Prix e Helmut Swiczinsky em 1968 com a intenção de criar uma arquitetura “com fantasia, tão etérea e variável como as nuvens”. O projeto consistiu na construção de uma extensão para este edifício, construído em 1876, e que carecia de dimensões adequadas para acolher suas necessidades atuais. Para Coop Himmelb(l)au, a proposta para o projeto implicou em que o edifício passasse fundamentalmente por uma renovação a nível conceitual.

“Não queremos uma arquitetura que exclua o inquietante. Queremos que a arquitetura tenha mais”, manifestava a equipe austríaca em 1980, quase uma década antes da sua inclusão na exposição Deconstructivist Architecture, organizada por Philip Johnson. A interpretação em termos arquitetônicos do conceito de Jacques Derridá desconstrução proporcionou a estes arquitetos um método de desenho para a experimentação com a criação de novas formas em cuja profundidade ideológica subjazia, em seus inícios, um maior respeito pela atitude dos Rolling Stones do que pelos mestres históricos e intocáveis da arquitetura. Mais além do Desconstrutivismo, a arquitetura de Coop Himmelb(l)au – clamando por uma “arquitetura que sangre, que fadigue, que se retorça e inclusive se rompa. Que ilumine, que provoque, que rasgue, e que sob pressão se tencione” – afirmam a importância crucial da arquitetura como agente ativo de uma nova filosofia para o planejamento urbano contemporâneo que, simultaneamente, seja também um modo de resistência contra a instrumentalização da profissão de arquiteto.

“O espaço já não está pré-ordenado (se é que alguma vez esteve), mas adquire sua entidade como resultado dos campos de forças que forma a união das figuras, formando a base de um urbanismo vigoroso”. O conceito do desenho proposto por Coop Himmelb(l)au para a Academia de Belas Artes de Munique é paradigmático desta convicção sobre a capacidade da arquitetura em criar o espaço público mediante uma arquitetura de formas radicalmente expressionistas que aspira gerar espaços baseados na tensão exsudada pela intensidade destas. A proposta para este projeto se baseou na idéia de transformar os três sistemas urbanos que se congregam no lugar: os sistemas axiais de Leopoldstrasse e Akademiestrasse – que contêm edifícios estatais e a estrutura de Schwabing, desenvolvida em pequena escala, e diferentes construções – e as áreas ajardinadas de Leopoldpark e os Akademiegarten. A configuração aberta resultante de edifícios fechados produz uma seqüência transitória de espaços conectores entre o parque e os espaços urbanos: a fachada envidraçada atua como membrana mediadora, a porta de acesso, o pátio interior, os terraços do estúdio funcionam tanto como conectores com o parque como entre a porta e o parque. Esta configuração assinala as diferentes relações com os espaços exteriores. Mesmo assim, o pátio interior central foi coberto, de forma que se cria um espaço adicional que integra e unifica num todo o conglomerado de diferentes espaços e que se abre, através de uma fachada de vidro, para a cidade e para o parque.

O espaço interior busca a fluidez e a tensão mediante rampas diagonais e corredores que conectam, vertiginosamente, as áreas funcionais das diferentes partes do edifício e seus diversos setores. Assim se cria um complexo cheio de energia, que idealmente corresponderia às demandas psicológicas e emocionais requeridas para o desenvolvimento da atividade criadora. As oficinas se encontram disseminadas por todo o edifício. Surgem conexões entre os estúdios de pintura, escultura, fotografia, a oficina plástica, a oficina de impressão e a oficina de artes mediáticas. O estúdio para escultores se encontra na planta baixa, em duas seções do edifício, e se estende em terraços em frente ao parque; as oficinas de pintores estão nos estúdios do andar superior e se conectam com os terraços situados no telhado.

Ainda que menos contagiada pela radicalidade profundamente intensa de obras anteriores do Coop Himmelb(l)au – como o Museu de Groningen (1994) ou o Complexo Cinematográfico UFA em Dresden (1998) e de outras, atualmente em processo de construção, como o BMW Welt em Munique, o Musée des Confluences em Lyon, o Museu de Arte Akron em Ohio e a Casa da Música em Aalborg –, o resultado concluído deste novo edifício projetado por Prix e Swiczinsky reafirma a possibilidade de uma arquitetura nascida do desejo aberto de sugerir a subversão mediante o impacto de umas formas geradoras de espaços que se revelam, a medida que avança o tempo, cada vez mais evidentemente, como expressão concreta da energia expelida por nosso espírito submergido em inquietude e incerteza.

Catalisadores do caos e da instabilidade de um tempo que se sente incômodo no equilíbrio clássico e puritano que obcecou a um grande setor da Modernidade, Coop Himmelb(l)au segue sendo um território de referência para a arquitetura de uma época, no desenvolvimento de uma forma de operar na qual estes arquitetos acreditaram e seguem acreditando, no desenho de obras carregadas de tensão, complexidade e liberdade. Segue latente o espírito com que se dispuseram a trabalhar a finais de sessenta: aquela forma de operar, onde mesclavam filosofia e psicotrópicos.

A Academia de Belas Artes de Munique segue afirmando que Coop Himmelb(l)au não são somente formas arriscadas e espaços perturbadores: sobre elas flutua um valor teórico bem sustentado e uma intencionalidade premeditada que, ainda que já não transgride, reafirma este estúdio austríaco na posição de rompedores que, com sua rebelião, dinamizaram e dessacralizaram o pensamento arquitetônico das últimas três décadas. A arquitetura toma hoje caminhos que a conduzem a modelos distanciados daquelas formas clássicas às que estes arquitetos se enfrentavam em sua plataforma em Viena por considerá-las repressoras e moderadoras do desenvolvimento da arquitetura. Devem sentir-se satisfeitos de ter conseguido esta tarefa: a arquitetura já não é e não será a mesma, e um papel importante será atribuído a Coop Himmelb(l)au nessa deconstrução, arquitetos que elegeram situar seu trabalho “sobre a matriz dos impossíveis”.

Clique aqui para ver as fotos maiores

nota

1
Artigo publicado originalmente em La Vanguardia

sobre o autor

Fredy Massad e Alicia Guerrero Yeste, titulares do escritório ¿btbW, são autores do livro “Enric Miralles: Metamorfosi do paesaggio”, editora Testo & Immagine, 2004.

comments

066.02
abstracts
how to quote

languages

original: português

others: español

share

066

066.00

Ainda moderno? Arquitetura brasileira contemporânea

Lauro Cavalcanti and André Corrêa do Lago

066.01

Eduardo Corona

Estudo de uma Residência Unifamiliar, 1956

Ítalo Galeazzi

066.03

Operações Urbanas em São Paulo: crítica, plano e projeto

Parte 8 – Operação urbana Água Branca, revisão e proposição (1)

José Magalhães Júnior

066.04

O ensino na primeira escola de arquitetura do Brasil

Cléo Alves Pinto de Oliveira and Maini de Oliveira Perpétuo

066.05

O imaginário do espaço: a ferrovia em Santa Maria, RS

Luiz Fernando da Silva Mello

066.06

Cidade e arquitetura contemporânea: uma relação necessária

Eunice Abascal

066.07

Sobrelevados

Instalação de Ana Holck (1)

Roberto Conduru

newspaper


© 2000–2024 Vitruvius
All rights reserved

The sources are always responsible for the accuracy of the information provided