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architexts ISSN 1809-6298


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português
Paulo Roberto Masseran apresenta duas obras modernistas construídas na década de 70 na cidade de Jahu: o Paço Municipal, projetado por Cascaldi, e a Rodoviária, projeto de Artigas


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MASSERAN, Paulo Roberto. Artigas e Cascaldi. Unidos pelos ideais, separados pela arquitetura. Duas obras da década de 1970 em Jahu, SP. Arquitextos, São Paulo, ano 08, n. 086.04, Vitruvius, jul. 2007 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.086/231>.

O texto que segue este preâmbulo, dividido em três partes, é fruto de uma experiência pessoal, profissional e científica desenvolvida em dois momentos: quando atuei como Secretário Municipal de Planejamento e Obras (1993-1998), em Jahu, cidade de 120.000 habitantes do interior paulista, e uma carreira acadêmica “novicial”, iniciada em 1999 na Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da UNESP, Bauru, SP.

Entre 1996 e 1997 coordenei as obras de recuperação da Rodoviária de Jahu, inaugurada em 1976 pelo então Presidente militar General Ernesto Geisel, e projetada pelo arquiteto João Batista Vilanova Artigas. Na mesma época, meu local de trabalho era uma das amplas salas da Prefeitura Municipal de Jahu, por sua vez concluída em 1973 e concebida pelo arquiteto Carlos Cascaldi, ex-sócio de Artigas em escritório de arquitetura.

Transitando entre ambos espaços, numa cidade de classe média, meio sofrida por administrações descuidadas, estava eu incumbido de recuperar e administrar tais lugares, importantes, presentes no imaginário jahuense, objetos vivos duma memória recente, degradados, mal cuidados, mas reclamados e desejados pela população.

Fui ao trabalho com o espírito aberto que um jovem profissional necessita, sem muita experiência, com muita vontade. Fui conhecer Artigas, ainda vivo na memória das pessoas, dos operários, do Sr. Madella, o mestre-de-obras da rodoviária. Ouvi suas estórias, suas histórias, as notas folclóricas daquela figura inquietante que esquentou os dias de ditadura da cidadezinha dos anos 70. As juntei às minhas próprias memórias, de uma criança de 10 anos de idade que se emociona ao ver, diante de si, num dia chuvoso, aquele teto iluminado por uma malha de lâmpadas incandescentes que contrastava com o peso acinzentado de um concreto bruto, ríspido, cálido. Lembrei-me da sensação de tontura provocada pela fluidez do espaço coberto, das rampas, dos tetos baixos, da grande laje, distante de minhas mãos, mas tão próximas quando tocava o solo. Podia subir por seus furos, olhar tudo de cima, brincar.

Conheci também o escritório do Artigas, que ainda se localizava no prédio do IAB, em São Paulo, numa sala que se situava ao lado do Paulo Mendes da Rocha, que também ajudou nas memórias. Um escritório que mantinha quase intactos, até o pó, os objetos, livros, maquetes, pranchas de desenho, rabiscos do velho arquiteto. Seu filho, Júlio, me abriu as portas desse lugar fascinante, o Paulo me mostrou sua arquitetura.

Precisei entrar nesse mundo, quase universo, de uma arquitetura que, cansada de ser a salvação, aceitou tranqüilamente seu poder de expressão, de crítica. Muita coisa ficou dessa vivência. Muita admiração, muito respeito, e uma esperança..., que não pode ser esperada, passivamente; tem que ser conquistada, com perseverança, correndo todos os riscos, até o de ser feliz.

Este texto fala dessas coisas. De uma cidade do século XIX, enobrecida pelo dinheiro do café, revigorada pelos canaviais de açúcar e do álcool, sob uma ditadura militar, numa situação política municipal conivente, e ao mesmo tempo sedenta de imagens fortes para si própria, de monumentos modernos.

A primeira parte mostra o Jahu do século XIX que permaneceu intacta até os anos 60 – uma estrutura urbana forte e centralizadora. A segunda parte esmiúça o Paço Municipal de Cascaldi, prédio fluido e branco, situado no eixo central da cidade. E a terceira parte escarnece a Rodoviária do Artigas, gigante de pedra que se abre e acolhe a cidade, nas sombras.

Parte I
Considerações iniciais

Durante a década de 1970, na ditadura militar e sob uma administração municipal da ARENA, partido governista, a cidade do Jahu na região central do Estado de São Paulo, passou por uma série de intervenções urbanísticas que transformaram uma estrutura urbana remanescente do início do século XX, implantada com o ciclo do café.

Alguns arquitetos já consagrados no país foram chamados para tais transformações, em curso desde a década de 1950 – Zenon Lotufo, Abelardo de Souza, Osvaldo Correa Gonçalves, Ícaro de Castro Mello, Carlos Barjas Millan, Carlos Cascaldi e João Batista Vilanova Artigas, este o mais famoso e contundente entre todos. Esse grupo constituía o que havia de mais moderno em arquitetura no Brasil, nesse período, ou o que havia de mais modernista, pois todos representaram os momentos exponenciais do chamado Movimento Modernista na arquitetura brasileira, iniciado por Gregori Warchavchik, Lúcio Costa e Flávio de Carvalho.

Há razões determinantes que proporcionaram a presença de tais e tão renomados arquitetos modernistas em Jahu, entre as décadas de 1950 e 1970, porém apenas uma investigação mais aprofundada poderá esclarecer o desenrolar de fatos e suas implicações na construção de uma narrativa historiográfica que aborde tal ocorrência, o que definitivamente não cabe a esse trabalho.

Interessa aqui, abordar aspectos da linguagem arquitetural de dois arquitetos, num mesmo período, em duas obras semelhantes, porém distintas. O trabalho concentrar-se-á na análise de dois edifícios construídos na década de 1970, no Jahu: o Paço Municipal do arquiteto Carlos Cascaldi, inaugurado em 1973; e a Rodoviária do arquiteto João Batista Vilanova Artigas, inaugurado em 1976.

Contudo antes de se deter nas obras e seus autores, é necessário entender a cidade, o sítio onde ocorreu esta arquitetura, por duas razões principais: a primeira, identificada com o conjunto de transformações empreendidas no espaço urbano jahuense nesse período, do qual as referidas obras constituem parte essencial; a segunda, determinada por uma proximidade, no tempo e no espaço (distam apenas uma quadra entre si), e a extrema importância para a reestruturação da área central da cidade, remanescente da chamada “cidade do café” das primeiras décadas do século XX. Assim sendo, é preciso compreender historicamente o espaço, a formação e suas transformações no tempo, para que a leitura compositiva da arquitetura desses dois edifícios estudados, aproxime-se ao máximo, de uma amplitude.

O início da ocupação do território do Jahu se deu por volta de 1.830, por mineiros radicados na Capella das Brotas, distante aproximadamente cinqüenta quilômetros, atraídos pela terra-roxa da região. Estabeleceram algumas fazendas para pequena lavoura e, no ano de 1.853, reuniram-se para a constituição do patrimônio de Nossa Senhora do Patrocínio do Jahu. Em 1858, foi elevado à freguesia, e em 1866 à vila, sendo criado o município e instalada a Câmara Municipal. O núcleo original da cidade foi localizado próximo à confluência do córrego da Figueira com o rio Jahu. Sebastião Teixeira, escritor da época, descreve o início do povoado:

Abertas duas pequenas clareiras ligadas por uma picada, uma no actual Largo da Matriz e outra na actual Praça Ribeiro de Oliveira, foi nesta, fechada com achas de jeribá numa pequena quadra para servir de cemitério; e naquella foi levantado com o nome de capella um simples rancho murado e coberto com folhas daquella mesma palmeira. (2)

A figura 03 mostra o esquema original do primeiro arruamento implantado no Jahu: destacam-se um descampado formado pelo cruzamento ortogonal de ruas, e a destinação de uma quadra para a capela, e outra para o cemitério. Observar nesse primeiro momento, a formação de um eixo paralelo ao rio Jahu, isto é, ao fundo de vale bastante íngreme. Vale notar também que a frente da capela voltava-se justamente para o fundo do vale.

A partir da década de 1870, com o incremento da cultura cafeeira e com a chegada da ferrovia (1887), a estrutura urbana da Vila do Jahu, sofre sua primeira transformação: a inversão do eixo de expansão e estruturação do espaço urbano perpendicularmente ao fundo de vale do rio Jahu, evidenciada ainda pela implementação dos chamados novos programas urbanos – a construção do primeiro teatro da cidade, num ponto extremo ao novo eixo em contraposição à pequena capela existente, no centro de um grande descampado, denominado de Largo do Theatro, a construção da Casa de Câmara e Cadeia (o poder público municipal), numa nova praça atrás e acima da capela, e finalmente a construção da primeira estação ferroviária, uma quadra acima da Câmara. Foi a partir desse novo eixo (figura 02) que a cidade organizou-se, que o espaço urbano hierarquizou-se, enfim o terreno estava preparado para uma nova maneira de viver a cidade: européia, aristocrática, eclética, segregada, plural e caipira. (3)

Na figura 04 observa-se a nova configuração do espaço urbano, onde o aclive do fundo de vale em direção do topo da elevação, na verdade uma linha divisora de águas, torna-se o elemento estrutural da organização da cidade, determinando um grau de importância específico para cada estrato vertical dessa linha inclinada sobre o solo urbano: partindo do estrato mais inferior, o rio, onde se localiza o teatro e os imigrantes recém chegados para o trabalho no café, passando pelo estrato intermediário das ruas de comércio, atinge-se o estrato superior formado pelo Jardim Público, pela Igreja Matriz, pela Casa de Câmara e Cadeia, e finalmente pela Estação Ferroviária, ao redor dos quais situam-se as principais residências urbanas, dos fazendeiros do café.

Entre a última década do século XIX e as primeiras do século XX, essa nova estrutura organizacional da cidade passa por novo processo de transformação, agora puramente arquitetural – a velha cidade de pequenas construções, casas rudimentares que mais lembravam casas rurais, de acanhados monumentos urbanos, começa a ser substituída pela nova Jahu, dos grandes edifícios públicos, dos imponentes casarões, dos grandes clubes e casas comerciais, dos grandes teatros, dos cafés, dos hotéis – a cidade “caipiramente” cosmopolita.

A Igreja Matriz e a Estação Ferroviária foram substituídas por novas edificações mais imponentes (figura 07), as praças foram ajardinadas (figura 06), as ruas foram arborizadas e calçadas com paralelepípedos de granito, o antigo teatro foi demolido (figura 05) e construiu-se outro maior e mais imponente, construiu-se o Mercado Municipal (figura 01), o Jahu Clube, tradicional agremiação da cidade edifica sua nova sede, projetada pelo arquiteto paulista Ramos de Azevedo, enfim a cidade realiza-se. (4)

A arquitetura passa a configurar a composição de uma encenação. As fachadas, faces expressivas e representativas dessa encenação impregnam-se com elementos figurativos, pictóricos e alegóricos. A mistura dos estilos denuncia a presença dos tempos, de todos os tempos, desde o clássico, o gótico, a renascença, o barroco, a cidade cosmopolita fervilha na história, torna-se um grande teatro, e seus atores assumem suas personagens.

Há o aristocrata que saiu da roça para estudar em Paris, há o Reverendo ditando a moral, há a beata benzendo-se e bendizendo-se, há o Coronel ditando o poder e a ordem, há polícia fazendo cumpri-la, há o italiano expansivo saindo da roça para trabalhar na cidade, há negros ainda perdidos, há os árabes comerciando tecidos, há os cabarés plenos de moçoilas sorridentes, e há até alguns artistas de uma troupe qualquer tentando representar algo num teatro teatralizado.

Esta cidade marcou-a profundamente.

No período entre guerras, a cidade passa por momentos de estagnação econômica. O café perde seu valor, a incipiente industrialização mostra-se timidamente como nova possibilidade econômica, a cana-de-açúcar começa a tornar-se uma real possibilidade de substituição ao café decadente, e apenas a partir da década de 1950, Jahu volta a apresentar índices de crescimento econômico e populacional.

Desse momento em diante, inicia-se outro processo de transformações urbanas, mais lento, porém não menos radical, com a presença dos arquitetos modernistas.

Em 1950, Zenon Lotufo e Abelardo de Souza, são chamados para projetar um Hotel Municipal em substituição ao velho Mercado Municipal. O projeto foi elaborado, mas a obra não ocorreu. Logo em seguida, Osvaldo Correa Gonçalves projeta um Centro Esportivo Municipal, composto por piscinas, estádio e ginásio de esportes, dos quais apenas as piscinas foram executadas.

No início da década de 1960, o arquiteto Carlos Barjas Millan, é convidado pelo Esporte Clube XV de Jahu para projetar sua nova sede. Millan cria o projeto de um grande complexo de esportes e recreação com um grande estádio, ginásio de esportes, balneário e sede social, abandonado pela direção do clube.

Ainda na década de 1960, Vilanova Artigas construiu em Jahu uma Escola Estadual (1968) e projetou o novo estádio do XV de Jahu (parcialmente edificado) e de um grande ginásio de esportes, não construído. O arquiteto Ícaro de Castro Mello projetou o novo Estádio Municipal (também parcialmente edificado), e Carlos Cascaldi, ex-sócio de Artigas, projetou e construiu o novo Paço Municipal, situado no local da antiga Casa de Câmara e Cadeia, demolida em 1966.

Na década de 1970, Vilanova Artigas, convidado pela administração municipal, construiu a Rodoviária, dois parques balneários, o anel viário, além dos projetos não executados de um Hotel Municipal, do Parque Municipal, CEASA, e a Faculdade de Arquitetura de Jahu. Todos empreendidos pelo poder público municipal, inclusive os projetos para o Esporte Clube XV de Jahu, financiado em parte pela municipalidade.

Há aqui, indubitavelmente uma série de questões pendentes, que apenas trabalhos de pesquisa mais aprofundados poderão tornar claras, porém é inegável a existência de dois fatores fundamentais que proporcionaram a presença desses arquitetos e de suas obras nessa cidade: uma nova ordem política e social instaurada pela ditadura militar, e novas condições econômicas locais que proporcionaram a busca de uma nova configuração urbana, uma nova imagem, moderna e contemporânea.

Parte II
O Paço Municipal de Jahu, de Carlos Cascaldi

Até a década de 1960 a Prefeitura Municipal de Jahu funcionou no antigo edifício da Casa de Câmara e Cadeia, construído na década de 1880. Após sua demolição em 1965, teve início a edificação do novo prédio. Em 1968, o arquiteto Carlos Cascaldi, sócio de Artigas no escritório de 1945 a 1965, foi convidado pela municipalidade para a elaboração do projeto do novo Paço Municipal de Jahu. A obra foi iniciada em 1969 e concluída em 1973. (5)

O prédio da antiga Câmara se localizava no centro da Praça Rio Branco, situada na parte posterior da Igreja Matriz, e circundada pelo Grupo Escolar, por hotéis, e por casarões da aristocracia cafeeira. Um edifício clássico, em dois pavimentos, precisamente simétrico, com uma entrada principal voltada para a Igreja Matriz e outra secundária voltada para a rua Paissandú. Certamente compunha um elemento contrapontístico, por sua concentralidade e axialidade, à verticalidade do edifício-torre da Igreja Matriz. As figuras 09, 10 e 12 indicam claramente estas características.

Recordando a estruturação axial ascendente do espaço urbano de Jahu, a Praça Rio Branco com o edifício da Casa de Câmara e Cadeia, é delimitada pelas ruas paralelas, Edgard Ferraz e Major Prado, constituindo-se como o setor nobre da cidade desde finais do século XIX até meados do século XX, tendo ainda como ponto culminante, e diretamente relacionado a este logradouro, a Estação Ferroviária, no ápice da rua Edgard Ferraz.

A figura 11 mostra justamente a visão perspéctica da rua, que se abre em planos claros – praças – pontificados pelas vistas em escorço das edificações monumentais – igreja e câmara.

A estrutura urbana existente, remanescente da cidade do início do século XX, é plenamente assumida por Cascaldi, no projeto do novo edifício do Paço Municipal:

1. Mantém a axialidade ascendente do eixo, elevando o acesso ao edifício, voltado à Praça Rio Branco (figura 14).

2. Leva as empenas do edifício até os alinhamentos do passeio público, assumindo toda a largura da quadra, e acomodando-o ao nível da rua posterior, Paissandú.

3. Rompe os limites entre espaços internos e externos, prolongando o passeio público ao interior do edifício, e gerando um grande espaço livre interno, justamente onde antes se elevava a antiga Câmara.

4. Suspende o edifício criando uma grande praça interna, que por sua vez promove o acesso ao Auditório Municipal, à Câmara Municipal, ao Museu Municipal (proposto, mas não realizado), assim como às dependências da Prefeitura Municipal (figura 13 e 15).

5. Mantém ainda, a hierarquização vertical como elemento estruturador da organização interna do espaço – a Câmara e a praça no piso térreo, as dependências administrativas nos pisos intermediários, e o Gabinete do Prefeito no piso superior.

Nas figuras a seguir, compostas de croquis, fotomontagens e imagens internas e externas, a essência e os detalhes da proposta de Cascaldi.

No esquema de composição dos pisos do edifício (figura 16), percebe-se claramente o prolongamento do passeio público, ao nível da rua Paissandú, situada na parte posterior do prédio, para os espaços internos dos pisos térreos, assim como a expansão do nível de acesso pela Praça Rio Branco, de maneira a configurar uma grande praça que articula todo o espaço interior.

Note-se também, a alternância entre os pisos intermediários e superior sobrepostos, e o vão livre central, localizado sobre a praça interna. Os pisos alternados são interligados por rampas de circulação vertical, localizadas justamente no vão livre interno.

O edifício elevado descola-se do solo, e libera a praça como novo espaço público articulador dos diversos usos abrigados internamente, assim como entre a rua, a praça externa e a praça interna.

A composição volumétrica externa evidencia o eixo histórico, e impõe-se de modo bastante estável e rigidamente equilibrado sobre o espaço urbano, reforçando a hierarquia e a monumentalidade do poder civil, representado pela sede do Poder Público Municipal.

Sob o edifício elevado, a cidade expande-se, os passeios prolongam-se, e o pedestre transita livremente pelos pisos térreos. O prédio não tem portas.

Os limites externos da Praça Rio Branco, onde se insere o edifício são recortados e assumidos enquanto faces limítrofes da nova praça interna, gerada pela suspensão das lajes de piso sobrepostas (figuras 17, 18, 19 e 20).

O espaço interno é amplo. O vão livre central confere solenidade à praça. As rampas de circulação vertical, também acessos diretos aos níveis administrativos, cruzam a praça solenizada.

A laje superior de cobertura, com aberturas para iluminação zenital, quase se desmaterializa, tornando-se um elemento expressivamente leve (figuras 21 e 22).

Isso exerce um contraponto à rigidez e solidez das colunas de seção octogonal que sustentam as lajes internas sobrepostas e alternadas, assim como a própria laje de cobertura.

Os percursos fluem com tranqüilidade entre os espaço externos e internos. A praça soleniza e organiza as hierarquias dos poderes municipais. Cada peça do jogo político, cada figura de uma composição social possui seu lugar determinado, percebidos claramente na estrutura compositiva dos espaços.

Desde sua inauguração, em 1973, o prédio apresentava o branco de suas lajes, empenas, paredes. Mas a especificação original (6) previa um acabamento em concreto aparente tratado para a laje externa, de cobertura, e empenas laterais, um concreto de aspecto mais leve, cinza-claro. Já os volumes de base, o Auditório e a Câmara Municipal, deveriam ser revestidos com litocerâmica em tonalidade terrosa. Com certeza um contraste com o acinzelado do concreto da laje e a brancura das paredes internas. Diferenças que implicam em ordem, uma forma de organização dos distintos ambientes e funções diversas que compõem o edifício.

De qualquer maneira, o espaço articulador desses contrastes e diferenças é a praça interna; uma amplitude que por um lado une as distintas partes (prefeitura, câmara, auditório, museu), mas por outro, evidencia suas hierarquias. A Câmara, poder legislativo formado pelos representantes do povo, ao lado do auditório, espaço de reuniões, de conferências, da palavra, do mesmo povo, e um museu que guarda suas tradições (tema caro aos modernistas), unidos pela praça, coberta, sem portas, sustentam o poder executivo, a prefeitura.

A prefeitura, por sua vez, se revela pela praça, vão livre que transcorre verticalmente todos os níveis do edifício. Mostra os espaços de atendimento ao público, situado no primeiro piso, os administrativos nos pisos intermediários, e os níveis decisórios, prefeito e assessores no último piso. As rampas representam a ascensão do poder municipal. Subir os três lances de rampas passou a significar poder e autoridade. Mas há uma outra ligação significativa, apenas prevista em projeto, jamais realizada, um elevador que conectaria os bastidores do auditório à sala do prefeito. Um vínculo essencial às democracias, entre o povo e seu representante executivo, mas pouco efetivo na nossa, indireta talvez, ou menos democrática.

Contudo se há algo para poder entender este projeto em suas diferenças à Rodoviária do Artigas, distantes apenas por uma quadra, e que se torna mais evidente nas previsões não realizadas, no museu nunca instalado, no elevador sequer cogitado, na praça fechada por portas de vidro e as rampas de acesso à prefeitura vedadas por uma grosseira divisória. Ou ainda pelo que se realizou plenamente – a expressão das hierarquias tão labutadas pelas instâncias de poder, é que Cascaldi projetou seus ideais, construiu as situações que desejava ver realizadas, embora num plano de idealizações. Desse modo, a praça aberta (ao povo) é o elemento articulador e organizador do espaço. É nela que se expressam as hierarquias e se realiza o ideal democrático. É na brancura de suas paredes, na laje de cobertura desmaterializada pelas perfurações por onde abunda a luz. É nos recortes da paisagem dos entornos, das paredes da cidade, da igreja, dos casarões, das ruas. É um ideal de fé, no futuro.

Parte III
A Rodoviária, de Vilanova Artigas

O Terminal Rodoviário de Jahu, projetado pelo arquiteto João Batista Vilanova Artigas, foi edificado no local onde se situava a antiga Estação Ferroviária da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, justamente no topo do eixo ascendente que estruturava a cidade do Jahu, desde o século XIX (figura 23).

Vimos que durante a década de 1970, Jahu passou por uma série de transformações que alteraram sua estrutura urbana. Grande parte dessas transformações foi proposta e projetada por Artigas. O projeto do anel viário preservou a área central, historicamente consolidada, e definiu a preparação do sistema viário de maneira a possibilitar a implantação da nova Rodoviária, justamente num dos pontos extremos do centro urbano estabelecido.

A antiga Estação Ferroviária (figura 24) constituía-se como o ponto culminante do eixo e configurava-se como uma grande porta. É preciso recordar aqui, que a implantação de uma linha férrea e a construção de uma estação, representou para as cidades do interior paulista, a partir do último quartel do século XIX, a chegada do progresso (7). Equivale a dizer em aceleração e deslocamento, em movimento, em chegadas e partidas, em distâncias maiores, em largos passos. Pela ferrovia vinha a informação mais rápida, pela ferrovia iam-se os caipiras aristocratas, vinham-se os escravos e em seguida os imigrantes, por ela chegavam as trupes de teatro, mambembes, chamados de Companhias Dramáticas; do trem saíam o luxo, o fausto, para os casarões e construções; chegavam livros, revistas, as modas, os padrões de beleza e distinção; por ele partia o café (8). Movimento, tempo. Era uma grande porta, literalmente representada pela arquitetura da estação. Lugar de movimento, lugar em revolução, constante revolução (9).

Por sua vez, um terminal rodoviário na década de 1970, traz em si, algumas características parecidas. Justamente durante a ditadura militar, durante o chamado “milagre econômico”, em plena fúria automobilística, no tempo das grandes rodovias que cortavam e uniam um país continental. Sonho e pesadelo num só tempo. Movimento, aceleração, chegadas e partidas, deslocamento. Também era uma porta aberta ao mundo.

É a partir desse paradoxo que se torna possível compreender o novo espaço. Entre o passado e o futuro. O que foi e o que será, numa cidade que se transforma, ou melhor, que anseia o novo, uma nova imagem, a de um futuro, desenhado magnífico.  O presente? Bem, o presente. Está presente, plenamente.

Do mesmo modo que Cascaldi no projeto do Paço Municipal, Artigas não nega o passado, o eixo histórico ainda presente e determinante de uma paisagem urbana (figura 25). Também o assume. O edifício da nova Rodoviária, não apenas incorpora esse elemento estruturador do espaço urbano, como o torna seu próprio elemento estrutural: o eixo urbano se transforma no eixo de uma composição simétrica especular, onde a partir dele, o edifício se alonga para ambos os lados, eqüidistantes, equilibrados, harmonicamente semelhantes.

Porém, o que era uma porta – a Estação, e um relógio – o tempo, a marcar determinantemente o eixo de simetria, torna-se horizonte. Lajes de concreto, de pisos e coberturas, sobrepostas umas às outras, separadas e unificadas por grandes aberturas horizontais, impõem uma ruptura, ou diremos uma expansão do ponto de fuga do eixo da rua Edgard Ferraz (figura 26). A entrada não é mais uma porta, é um horizonte que se abre para a cidade. Ou de outro ponto de vista, diríamos que o horizonte explode o eixo vertical da estruturação urbana do século XIX. Uma tentativa de abertura de um horizonte urbano estreito, vertical, especular – a visão do vale – a cidade que olha para si própria; visão possível pela ocupação da outra margem do rio, por uma nova e velha elite.

A rua Humaitá, frontal à antiga estação, agora se expande sem limites para o interior da nova Rodoviária. Tanto que a rua entra literalmente no edifício.

Artigas mantém a configuração de níveis da antiga estação: o nível de acesso aos passageiros, pela rua frontal; o local da gare se transforma em plataforma de embarque e desembarque; e o nível superior é a natural expansão da parte alta da cidade, porém de uma cidade que estava além da via férrea. Entre e alternados a esses níveis, cria pisos intermediários e subsolo.

O nível de acesso, pela rua Humaitá, é limitado verticalmente pelo grande volume horizontal do nível imediatamente superior (figura 27), onde se localizam boxes comercias e de alimentação, configurando um piso de acesso a passageiros com um pé-direito bastante reduzido (figura 28). Quase é possível tocar o teto com as mãos.

Ao transpor esse nível de acesso, alcança-se, de súbito, um grande vão livre central, cortado por um conjunto de rampas de circulação vertical, que interliga os vários níveis de piso, também alternados, e situado justamente no eixo de simetria do edifício, da cidade (figura 29). Ainda sob esse vão livre, situam-se os guichês de venda de passagens.

Cortando perpendicularmente o eixo de simetria do edifício, e suspenso longitudinalmente ao vão livre, encontra-se uma grande rampa fechada nas laterais, por paredes de alvenaria, revestida e pintada, que possibilita o acesso ao nível superior, e conseqüentemente à parte alta da cidade. Originalmente esse elemento de alvenaria recebeu a cor gelo, como também algumas paredes de áreas de serviço situadas no piso superior, onde deveria funcionar um restaurante.

Quando das obras de recuperação do prédio, empreendidas pela Prefeitura Municipal, no ano de 1997, como responsável pela obra, descobri com o mestre de obras que construiu a Rodoviária, em 1976, que Artigas havia determinado a cor azul cobalto para a pintura dessa rampa, não obtendo para isto a aprovação do Prefeito. Decidi então, pela cor azul, como desejada pelo arquiteto, e o resultado foi surpreendente: aquele elemento maciço, pesado, parece completamente solto, suspenso, livre, no interior do grande vão central. Tornou-se efetivamente, um elemento de contraste, não apenas mais uma alvenaria como as demais (figura 30). Realizou-se enquanto elemento essencial para a organização do espaço interno. Por um lado, este elemento azul, opaco, impede a leitura unificada das vigas explodidas da laje de cobertura com as espessas colunas de concreto que a sustentam, nitidamente revertendo uma possibilidade de compreensão referenciada na coluna clássica, ascendente, composta por embasamento, fuste e capitel. Por outro, o elemento reforça a horizontalidade, e constitui-se como elemento de contraste, pela forma e pela cor, a diferença, ligada ao conjunto de rampas, que nessa relação também explodem o ambiente interno, o grande espaço livre, de modo nenhum tranqüilo e passivamente ordenado como no Paço Municipal. Aqui, a construção da ordem é ativa, porque é um espaço de constante movimentação, circulação – inquietação.

O concreto cru, aparente, não uma superfície polida, regular, mas uma superfície que mostra claramente seu processo construtivo, as fôrmas de madeira carimbadas no concreto, os recortes, as juntas. Vêem-se as mãos do operário, do construtor. Tudo é mostrado, naturalmente. O aspecto é sombrio. A luz é o elemento essencial do tempo.

Como já foi dito, o edifício é todo aberto (figuras 31 e 32). São lajes de piso sobrepostas, quase sem fechamentos. O horizonte é o limite: se forem as faces da cidade, é a cidade que emoldura o prédio; se o horizonte é o vale do rio Jahu, são as colinas, as matas, as plantações da cana-de-açúcar; se o horizonte é o céu, não há limites. A cidade entra no edifício, do mesmo modo que o edifício expande-se pela cidade. O único limite possível é o próprio ser humano, tornado sombra pela penumbra do espaço interno.

Do interior do edifício, a luz ofusca a visão, pessoas são sombras em movimento, em constante movimento (figura 33). O vento também é constante, pelas aberturas excessivas. Tudo está em trânsito no espaço. Não há espaço para acomodações; não há permanência. Só o movimento de sombras humanas.

Porém a cobertura, a grande cobertura é o abrigo, e ela paira sobre o edifício, quase negando sua pesada volumetria (figuras 34, 35, 36 e 37). Na verdade, é uma estrutura de vigas entramadas de concreto, fechada acima e abaixo por lajes delgadas com o mesmo concreto cru. Justamente nos pontos de cruzamento dessa trama de vigas, estas se curvam e descem em direção ao solo, no ponto de cruzamento abrem-se, fica o vazio. Pousam num ambiente em revolução, e assim a cobertura unifica, e confere a serenidade ao espaço. Aqui o abrigo proporcionado pela cobertura é algo mais que simples proteção, é a possibilidade, talvez a única, de paz. E a paz conquistada pela união de todos os elementos concorrentes, todas as forças, todas as cargas, que se estabelece sem a inflexão autoritária de um eixo rígido de simetria, mas ao contrário, só é possível na distribuição regular de todas as partes.

Se há palavras que possam definir essas obras, certamente elas serão contrastantes, como as atitudes desses dois profissionais, desses artistas, arquitetos do seu tempo.

Enquanto um assume a história e a evidencia, o outro também a assume, mas a exacerba. Se um gera uma praça no dentro, o outro gera o movimento. Enquanto um preocupa-se com a beleza, quase clássica, o outro a radicaliza, e mostra que a verdade, nua e crua de um país sob uma ditadura, de uma cidade fechada em si e para si, também pode ser bela. Se um traz a luz, o outro gera as sombras.

Enfim, incorrer numa tendência quase natural de relacionar diretamente, fatos de uma realidade presente, da vida do artista, com sua obra, seria no mínimo redundante. Porém, ao olhar criticamente uma obra de arquitetura, ou duas como aqui, pode-se observar os contrastes, as contradições, as afirmações, e negações, e dessa maneira compreender as atitudes de cada um: enquanto o primeiro declama sua palavra, o outro a prega.

notas

1
Este texto é uma versão revista e ampliada de um trabalho acadêmico desenvolvido para o doutorado no IFCH-UNICAMP em 2001, denominado: “Dois projetos, dois arquitetos, duas palavras. A Rodoviária de Vilanova Artigas, e o Paço Municipal de Carlos Cascaldi, Jahu, SP”. E apresentado no IV Seminário DOCOMOMO Brasil realizado em Viçosa, MG, 2001.

2
TEIXEIRA, Sebastião. O Jahu em 1900: repositório de dados, informações e documentos para a história do Jahu. Jahu, Correio do Jahu, 1900.

3
MASSERAN, Paulo Roberto. Formação, expansão e consolidação da estrutura urbana de cidades paulistas durante o ciclo do café, no século XIX: quatro estudos de caso. Trabalho apresentado no XX Congresso Pan-americano de Arquitetos, Brasília - DF, 1996.

4
SANTOS, Ivan Cláudio Domingues dos; FELTRIN JR, João Jair. Jahu, retratos de uma época: 1900 – 1929. Jahu, [s.n.], 1996.

5
Cadernos de obra do Paço Municipal. Arquivo Municipal. Jahu, SP.

6
CASCALDI, Carlos. Paço Municipal de Jaú. Arquivo de Projetos da Secretaria Municipal de Planejamento e Obras. Jahu, 1968.

7
TEIXEIRA, Sebastião. Op. cit..

8
MASSERAN, Paulo Roberto. Op. cit..

9
ARTIGAS, Vilanova. A função social do arquiteto. São Paulo, Fundação Vilanova Artigas/ Nobel, 1989.

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A cidade do Jahu em 1888. Observar a nova axialidade perpendicular ao fundo de vale, proporcionada por duas ruas paralelas que partem da capela em direção ao rio,  contraposta ao eixo inicial paralelo ao rio Jahu. A capela rudimentar torna-se o elemento estrutural de uma nova paisagem urbana, e o antigo Theatro Carlos Gomes (pequeno barracão ao centro em primeiro plano) junto ao fundo de vale como um contrapeso à capela.11
11
Rua Edgard Ferraz. Ao lado da Praça da república, a outra rua constituinte do eixo. Observe-se o edifício torre da Igreja Matriz, que domina verticalmente este cenário, e ainda a Estação Ferroviária situada no ponto culminante dessa rua, exatamente no ponto de fuga dessa composição perspéctica.

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A Casa de Câmara e Cadeia. Localizada no centro da Praça Rio Branco, na década de 1910. A Praça Rio Branco defronte ao prédio da antiga Câmara, na parte posterior da Igreja Matriz, compondo o extrato nobre do eixo ascendente de organização do espaço urbano.

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O Paço Municipal, de Cascaldi. Visto da rua Edgard Ferraz, observar o equilíbrio classicizante entre a horizontalidade das lajes, reforçada pelo ritmo constante dos elementos de proteção solar, e a verticalidade proporcionada pela elevação do edifício em relação à Praça Rio Branco.

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O Paço Municipal. Nesta montagem fotográfica procurou-se recriar a cor do material especificado originalmente para os volumes do Auditório Municipal e da Câmara Municipal. Percebe-se claramente o descolamento do corpo principal do edifício em relação ao piso térreo.

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Paço Municipal de Jahu. Montagem fotográfica mostrando uma vista da esquina entre as ruas Paissandú e Edgard Ferraz, utilizando as especificações do projeto original: laje externa de cobertura em concreto aparente tratado, e volume do Auditório Municipal, no piso térreo, revestido com litocerâmica.

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Paço Municipal. Os percursos pelo espaço, entre os pisos sobrepostos e alternados, pelas rampas e escadas. A organização dos espaços internos mostra claramente as posições das personagens urbanas, de uma cidade palco, assumida enquanto expressão de relações sociais.

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Paço Municipal. A laje de cobertura expressa leveza, em contraste aos sólidos volumétricos interiores. As colunas octogonais acomodam-se tranqüilamente sob a laje vazada da cobertura. As rampas se cruzam no vão livre.

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Rua Edgard Ferraz. Vista axial tomada da Praça da República, vendo-se no ponto culminante a Estação Ferroviária, evidenciando a axialidade de uma composição perspéctica do espaço urbano.

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A Rodoviária e o Paço Municipal. Neste croquis estão representados volumétricamente, sem escala, os dois edifícios em relação ao eixo ascendente de organização do espaço urbano, assim como em relação específica ao eixo da rua Edgard Ferraz.

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Rodoviária de Jahu. Esquema da composição de pisos: o piso térreo ao nível da rua Humaitá é a expansão natural da cidade para o interior do edifício; a antiga gare da estação ferroviária se transforma em plataformas de embarque e desembarque para os ônibus; o piso intermediário para comércio e alimentação; e o piso superior, ao nível da rua Saldanha Marinho, na parte alta da cidade, expande-se de maneira a transpor as plataformas e avançar sobre o eixo histórico. Observar os pisos expandidos da cidade, o volume horizontal dos boxes comerciais, e a grande cobertura.

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Rodoviária de Jahu. Esquema da composição de pisos: o piso térreo ao nível da rua Humaitá é a expansão natural da cidade para o interior do edifício; a antiga gare da estação ferroviária se transforma em plataformas de embarque e desembarque para os ônibus; o piso intermediário para comércio e alimentação; e o piso superior, ao nível da rua Saldanha Marinho, na parte alta da cidade, expande-se de maneira a transpor as plataformas e avançar sobre o eixo histórico. Observar os pisos expandidos da cidade, o volume horizontal dos boxes comerciais, e a grande cobertura.

sobre o autor

Paulo Roberto Masseran, arquiteto pela FAAC-UNESP, Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela EESC-USP, Doutorando em História pelo IFCH-UNICAMP. Professor do Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, UNESP.

 

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