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architexts ISSN 1809-6298


abstracts

português
Este trabalho nasceu de uma hipótese frustrada: Você acha que faz sentido falar de uma arquitetura latino americana? Em caso positivo, quais seriam as características que tornam possível tal caracterização?

english
This paper was born from a failed hypothesis: Do you think it makes sense to speak about a “Latin American” architecture? And if yes, what would be the characteristics that make such claim possible?

español
Este trabajo nasció de una hipótesis frustrada: ¿Usted cree que hace sentido hablar de una arquitectura latino americana? ¿En caso positivo, cuales serian las características de hacen posible tal caracterización?


how to quote

LARA, Fernando Luiz. Cartografias imprecisas. Mapeando arquiteturas contemporâneas na América Latina. Arquitextos, São Paulo, ano 13, n. 150.02, Vitruvius, nov. 2012 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.150/4507/pt>.

En aquel Imperio, el Arte de la Cartografía logró tal Perfección que el Mapa de una sola Provincia ocupaba toda una Ciudad, y el Mapa del Imperio, toda una Provincia. Con el tiempo, estos Mapas Desmesurados no satisficieron y los Colegios de Cartógrafos levantaron un Mapa del Imperio, que tenía el Tamaño del Imperio y coincidía puntualmente con él. Menos Adictas al Estudio de la Cartografía, las Generaciones Siguientes entendieron que ese dilatado Mapa era Inútil y no sin Impiedad lo entregaron a las Inclemencias del Sol y los Inviernos. En los Desiertos del Oeste perduran despedazadas Ruinas del Mapa, habitadas por Animales y por Mendigos; en todo el País no hay otra reliquia de las Disciplinas Geográficas.

Del rigor en la ciencia, Jorge Luis Borges

Este trabalho nasceu de uma hipótese frustrada. Como parte de minha pesquisa em andamento com o grupo de pesquisa LAMA (Latin American Modern Architecture) da Universidade do Texas em Austin uma única pergunta foi feita a 20 proeminentes arquitetos latino-americanos(1): Você acha que faz sentido falar de uma  arquitetura latino americana? Em caso positivo, quais seriam as características que tornam possível tal caracterização?

As respostas foram tão diversas como são as variadas as paisagens da região. Os arquitetos foram divididos igualmente entre o sim e o não como resposta, por uma abundância de razões. Este trabalho parte destas entrevistas para discutir o núcleo da idéia de uma identidade latino americana na arquitetura, argumentando a favor de uma cartografia fluida e mutante para mapear o conjunto complexo de relações, influências e contra-influências.

Processos de fragmentação e integração são de certa forma responsáveis ​​pela a falta de consenso, bem como as forças globalizantes atuando nas últimas décadas, que aproxima os arquitetos latino americanos mas também os deixa mais perto de designers com sensibilidades e interesses semelhantes do outro lado do planeta.

Partindo do fato de que 20 entrevistados me deram 20 respostas diferentes, este artigo pretende funcionar como uma provocação ao traçar mapas abertos, fluidos e imprecisos. Recordando a história de Jorge Luis Borges do mapa inútil na escala de 1:1 esta cartografia é, por definição, redutora e arbitrária. A utilização de tais desenhos serve para induzir e provocar outros desenhos, uma sobreposição de camadas que ganham mais sentido combinadas. Este artigo é, no final das contas, uma chamada para que vários outros mapas sejam desenhados.

Os mapas que acompanham este texto foram desenhados com base  nas informações complexas e muitas vezes contraditórias resultante das entrevistas, organizados cronologicamente em quatro momentos. O primeiro volta 200 anos ao início da independência das nações latino americanas buscando entender tradições diferentes de construção. Os três outros mapas focam em diferentes momentos do século 20: a chegada do modernismo (1920-1940), a ascensão do regionalismo (1950-1980) e a cena contemporânea (pós 1990). A escolha da aquarela como ferramenta de desenho não é aleatória. O papel molhado permite sobreposições múltiplas e nenhuma precisão. Os mapas são como croquis, ferramentas em busca de outra coisa.

Mapa primeiro: as tradições construtivas.


Fernando Lara


Seria fácil começar com uma divisão entre norte e sul; anglo e latino; protestante e católico; rico e pobre: mas cada um desses estereótipos estão se desfazendo mais rapidamente do que podemos compreender. A própria ideia de América Latina precisa ser repensada ​​e rediscutida ​​constantemente. A questão da artificialidade do conceito já foi discutida por vários autores, de Octavio Paz(2) a Walter Mignolo(3), de Marina Waisman(4) a Hugo Segawa(5). Proposta por intelectuais franceses no século 19 para apoiar a influência parisiana sobre o novo mundo, a idéia de América Latina teve um começo arbitrário e estrangeiros. É como se o centro de gravidade da discussão estivesse na Europa, não aqui.

O problema com a idéia de América Latina é que são muitas as contradições que aparecem quando se tenta reduzi-la a dicotomias simples. A língua é certamente uma característica importante já que a maioria da região fala espanhol ou português com uma minoria de língua francesa. No entanto, a francófona Quebec não é considerada parte da América Latina. Geografia também não ajuda já que a maioria do México fica na América do Norte, um fato que muitas pessoas tendem a ignorar quando se pensa em tal continente. Diferenças entre a religião protestante do norte e um sul católico seria outra característica importante, também contestada pelo crescimento do pentecostalismo no sul e do catolicismo no norte. Mesmo a divisão mais comum no século 20 entre um norte rico e um sul pobre esta no caminho da irrelevância com os EUA tornando-se tão desigual quanto o Brasil em pouco mais de uma década se continuarem as trajetórias atuais.

No entanto, depois de ser amplamente utilizada por dois séculos o termo América Latina ganhou força e serve para definir uma multiplicidade de camadas (língua, geografia, religião, economia) que se sobrepõem no novo mundo, ao sul do paralelo 30N. Qualquer tentativa de definir com precisão a América Latina fica fora de foco à luz dessas camadas superpostas.

O meu principal ponto de partida aqui é o fato de duas tradições diferentes de construção(6) dividirem o novo mundo entre regiões onde predomina o baloon frame (gaiola) de madeira e regiões onde domina a alvenaria. Enquanto a tradição da gaiola de madeira veio principalmente do norte da Europa, nas Américas ela predomina na colônias inglesas do norte e nas áreas costeiras do Caribe com os bangalôs. Mais ao sul, nos assentamentos costeiros do Chile e da Patagônia Argentina a construção de madeira foi mais eficiente do que a alvenaria e a tradição da gaiola também prevaleceu. A alvenaria, esmagadoramente predominante na América Latina, tem uma relação direta com a Roma antiga e seus postos avançados do Mediterrâneo. Curiosamente, uma vez mapeadas essas culturas construtivas é nas fronteiras que ocorrem as arquiteturas mais interessantes. Como areia e água se misturando na praia, alvenaria e gaiola estão criando uma cultura de híbrida em uma faixa de 500 quilômetros ao longo  do Rio Grande. Trabalhadores mexicanos aprendem a construir em madeira nos EUA e trazem a técnica para casa(7), enquanto suas habilidades na alvenaria estão cada vez sendo mais usadas ​​ao norte da fronteira. No Chile, madeira e alvenaria se combinam nas obras de Sebastian Irarrázabal e Cecilia Puga enquanto Alberto Mozo e Pezo + Ellrichshausen desafiam os limites de cada lado.

Mapa segundo: cem anos de solidão


Fernando Lara



Como elegantemente nos lembra Homi Bhabha, nossa identidade é formada por aquilo que narramos, as maneiras pelas quais expressamos nosso conhecimento compartilhado(8). No alvorecer do século 20 a arquitetura da América Latina foi apresentada como uma categoria independente primeiro na Espanha e nos Estados Unidos o que já é um fato interessante em si mesmo. Nos EUA a arquitetura estava sendo discutida como parte do esforço de criação de um "pan-americanismo", sob a liderança deles, claro. O conceito de pan-americano já tinha um século tendo aparecido no início do século 19 quando os lideres Simon Bolívar e San Martin tentaram criar uma união de nações latino-americanas recém-independentes. Quase ao mesmo tempo os EUA implementaram a Doutrina Monroe (1823) se comprometendo a manter as Américas livres do colonialismo europeu e debaixo do seu próprio radar de influência. Na Espanha foi a Exposição de Sevilha de 1929 que discutiu pela primeira vez a identidade latino-americana através da arquitetura de seus pavilhões. No entanto, quando estudiosos no Brasil, na Argentina ou no México discutiam sua arquitetura tendiam a fazê-lo em comparação com a Europa, nunca em relação a seus vizinhos. Assim o centro de gravidade continuava fora do continente, flutuando em algum lugar do Atlântico Norte. Antropofagia, Estridentismo e Martin Fierro foram vanguardas paralelas que contextualizavam as ideias europeias mas nunca referenciavam muito umas às outras. Isso criou um mapa em que cada país era uma ilha. Ao contrário das "jangadas de pedra" de José Saramago, o arquipélago latino americano flutuava na direção da Europa.

A antiga divisão de entre madeira e alvenaria encontrou a sua versão moderna com a separação entre Bauhaus e Corbusier. No entanto, é importante compreender que este desquite foi gerado seguindo interesses locais. Corbusier foi sem dúvida mais importante no Brasil e Argentina mas a influência de Mies sempre esteve ai, ainda quenão reconhecida. Além disso, a historiografia canônica do modernismo nas Américas tende a começar de uma tabula rasa nas primeiras décadas do século 20, quando na verdade nunca houve tal vazio. Artesãos italianos por exemplo tinham sido os primeiros vetores de modernizações, construindo em toda a América um vocabulário clássico sistematizado pela academia francesa. A história do modernismo nas Américas encontra suas raízes no ecletismo e no art deco para citar apenas duas síntese estética que foram extremamente importantes de Nova York até Buenos Aires.

Mapa terceiro: modernidades apropriadas


Fernando Lara


Depois de ter sido celebrada na década de 1950 como prova da infalibilidade do modernismo, a arquitetura da América Latina enfrentaria duas décadas de ostracismo. Max Bill inaugurou a tendência quando criticou duramente a arquitetura brasileira em 1953(9), seguido por uma série de reportagens depreciativas sobre Brasília no início dos anos 1960(10). Como lembrado por Jorge Francisco Liernur, "força de naturalidade, impulso da juventude e mistério" tornaram-se, respectivamente, "impulsos infantis, anarquia da selva e excesso de sensualidade"(11).

Os centros mundiais da arquitetura na década de 1960 (que coincide perfeitamente com a recém-formada Organização Tratado do Atlântico Norte) estavam agora focados em seus próprios resultados da reconstrução do pós  guerra e havia pouco ou nenhum espaço para manifestações periféricas. A ascensão das ditaduras militares na maioria dos países latino-americanos, resultado direto da Guerra Fria, contribuiu para uma defasagem ainda maior entre debates locais) e as novas correntes arquitetônicas. Ainda fazendo referência a questões européias e norte-americanas, a arquitetura latino-americana parecia fora de sintonia com o crescimento pós-modernismo nos países da OTAN, o que no final acabou por ser uma bênção.

Enquanto isso, experiências importantes como a PREVI em Lima, o Banco de Londres em Buenos Aires ou bairro Portales em Santiago foram ignorados por uma mídia encantadas com o pós-modernismo. O terceiro mapa olha para as escolas regionais que floresceram entre 1950 e 1980 nas Américas. Pouco presentes na mídia arquitetônica em geral e incorretamente identificadas com o modernismo ou o pós-modernismo, os movimentos eram respostas locais para o esgotamento do modernismo clássico. Enquanto em Austin os Texas Rangers estavam desafiando a educação da Bauhaus, em Recife Amorim e Borsoi adaptavam o modernismo carioca para um clima equatorial. Na Colômbia, Salmona - o discípulo rebelde - adotava a estética do tijolo elaborada por Fernando Martinez e criava uma identidade local poderosa que sobrevive até hoje. O mesmo estava acontecendo em São Paulo com Vilanova Artigas e Paulo Mendes da Rocha. Nos Jardines del Pedregal Barragan tocava um ponto nevrálgico da mexicanidade (talvez demasiadamente nostálgica) que acabou se tornando icónica de forma invertida: primeiro no estrangeiro e só mais tarde em casa.

Esses movimentos regionalistas se tornariam a semente da real integração arquitetura latino americana. Enquanto a década de 1980 foi "perdida" para as economias latino-americanas, a realidade é que muitos países reinstalaram regimes democráticos e em paralelo os debates arquitetônicos foram revigorados. O centro de gravidade estava voltando para casa pela primeira vez. O inicio do Seminários de Arquitectura Latinoamericana está intimamente ligada à celebração do regionalismo. O primeiro SAL foi organizado quase informalmente durante a primeira Bienal de Arquitetura de Buenos Aires em 1985(12). Marina Waisman e a revista Summa tiveram a iniciativa, apoiados pela Universidade de Buenos Aires e o CAYC. O simples fato de Severiano Porto e Joaquim Guedes do Brasil, Rogelio Salmona da Colômbia e Enrique Browne do Chile estarem na mesma mesa debatendo com estudiosos Silvia Arango (Co), Ruth Verde Zein (Br), Ramon Gutierrez (Ar) e Niño William (Ve) já era um fato inédito em si mesmo. Escrevendo anos mais tarde Marina Waisman(13) lembra desse momento como um ato de fundação em que os arquitetos latino-americanos, geralmente versados ​​em conceitos europeus ou norte-americanos, descobriram com gosto que seus vizinhos também tinham idéias surpreendentes.

Refletindo sobre a relação centro-periferia, Waisman lembra que seria presunçoso (e impossível) aspirar a ser o centro do mundo, mas seria urgente e necessário se tornar o centro de nós mesmos. De fato os debates dos SALs iniciais foram de uma forma ou outra respondendo à idéia de regionalismo crítico. Articulado pela primeira vez em 1983 por Liane Lefraive e Tzonis Alexander, o regionalismo crítico tornou-se famoso por Kenneth Frampton(14). A proposta de Frampton, com base em Paul Ricoeur, criticava a aculturação e conclamava uma "arquitetura de resistência" que preservasse culturas locais contra a ameaça do “universalismo”. Para Frampton, tendências universais deveriam ser combinadas com as necessidades locais para gerar uma arquitetura que respondesse tanto à cultura local quanto à civilização universal. O núcleo do argumento de Frampton é interessante mas infelizmente foi distorcido a ponto de promover poucos arquitetos, escolhidos a dedo como personificação do regionalismo crítico, elevando-os ao status de representantes culturais de toda uma região. Como bem demonstra Keith Eggener:

é irônico que os textos discutindo regiões onde estes projetos apareceram tantas vezes enfatizaram um arquiteto e sua interpretação individual sobre todos os outros: Tadao Ando para o Japão, Oscar Niemeyer para o Brasil, Correa Charles para a Índia e Luis Barragan para o México. Em outras palavras, um único estilo regional estava implícito, ou imposto, às vezes de dentro mas muitas vezes de fora da região.(15)O regionalismo crítico de Frampton foi mesmo assim intensamente discutido na América Latina e gerou duas principais respostas: da já citada argentina Marina Waisman e do chileno Cristian Fernández Cox. Criticando o frívolo pós-modernismo de Michael Graves e Hans Hollein e a pouca densidade teórica do "desconstrutivismo", Waisman chamou os anos 80 de década rosa. Todas as aspirações de transformar o mundo para melhor foram abandonadas naqueles tempos de Reagan e Thatcher, exceto na América Latina onde as desigualdades eram ainda galopantes. Mas ao invés de uma arquitetura de resistência, tal como proposto por Frampton, Waisman propõe uma arquitetura de divergência. A sutil diferença implicava que os arquitetos latino-americanos poderiam escolher conscientemente quais os elementos a adotar e quais os elementos a resistir, divergindo das tendências do Atlântico Norte, em vez de combatê-las.

O chileno Cristian Fernández Cox também respondeu a esses debates em uma série de artigos nos quais ele articulou a idéia de modernidade apropriada, jogando com o duplo significado de "apropiado" em espanhol que assim como em português significa a tanto correto, adequado quanto absorvido, adaptado. Denunciando séculos de uma obsessão excêntrica (foco sempre no exterior), Fernandez Cox defende uma atitude endocêntrica que iria revelar identidades submersas e novas categorizações. Essas identidades, agora resgatadas funcionariam como digestor crítico a canibalizar as influências estrangeiras.

Como que a ilustrar tais propostas intelectuais estavam as obras de Éolo Maia, Severiano Porto, Juvenal Baracco, Rafael Iglesia, Enrique Browne e tantos outros. Apesar de fazerem arquiteturas tão diversas, pela primeira vez os mais celebrados arquitetos latino americanos seguiam o trabalho um do outro e se conheciam pessoalmente, uma diferença marcante da geração anterior.

Mapa quarto: conexões reais e virtuais


Fernando Lara


Na década de 1990 dois movimentos diferentes transformaram a historiografia (e de certa maneira até a prática) da arquitetura na América Latina. Uma tendência global de valorização da nossa herança modernista foi complementada por uma integração crescente e constante. Arquitetos colombianos ensinam no Brasil, brasileiros ganham concursos no Chile, chilenos constroem habitação social no México, mexicanos ganham prêmios no Equador, e assim por diante.

A integração econômica do Mercosul provocou um interesse renovado nos países vizinhos e ao mesmo tempo facilitou o contato. As conexões entre São Paulo e Buenos Aires por exemplo aumentaram de 6 vôos por dia em 1990 para mais de 30 em 2011. Uma série de congressos, conferências acadêmicas e exposições (as bienais são o melhor exemplo) aproxima cada vez mais os arquitetos latino-americanos. Pela primeira vez na história os melhores arquitetos do Brasil e da Argentina viajam para Quito e Bogotá e não apenas para Nova York e Paris. O resultado de tais encontros, somado ao trânsito fácil e barato da informação gráfica pela internet, é que todos os arquitetos mencionados nesta última parte do texto se conhecem pessoalmente e seguem os trabalhos dos outros em tempo real. Angelo Bucci, Giancarlo Mazzanti, Alejandro Aravena, e Gerardo Caballero ensinam no estrangeiro com frequência e são convidados para falar em diversos eventos internacionais todos os anos. Outros não estão ainda tão investidos em uma carreira internacional, mas viajam também frequentemente, mostrando seu trabalho em países vizinhos, EUA e Europa.

Tal integração aconteceu em paralelo a uma valorização crescente do patrimônio moderno da região. Depois de flertar com o pós-modernismo nos anos 1980 o discurso do pluralismo e do regionalismo se transformou em uma reavaliação dos sucessos (e falhas) do modernismo em cada país. A melhor arquitetura da primeira década do século 21 (e aqui assumo um grande risco porque é muito cedo para usar o termo "melhor" com o grau de certeza que aspiramos) é intensamente ligada às culturas locais de construção, se apropria respeitosamente dos modernismos locais e está estrategicamente ligada a outras arquiteturas, de perto ou do outro lado do planeta, que sejam afinadas com seu discurso conceitual.

Isso funciona para Dellekamp, ​​Bilbao, Canales e Kalach no México; Mazzanti, Bonilla, Velez, Mesa e Paisajes Emergentes na Colômbia; Saez, Moreno e Al Borde, no Equador; Leon no Peru; Benitez e Corvaren no Paraguai; Mozo, Puga, Radic , Irrarazavel e Aravena no Chile; Iglesia, Caballero e Bertolino na Argentina; Gualano e Studio Paralelo, no Uruguai; Bucci, Puntoni, MMBB, Oca, Andrade / Morettin, Boldarini, Estudio América, Arquitetos Associados, Teixeira, Juaçaba, Rua, Bernardes / Jacobsen e O Norte, no Brasil e tantos outros que deveriam ser adicionados a esta lista arbitrária e por definição incompleta.

Mais do que definir um movimento ou uma estética comum, eles definem um centro de gravidade, o holy graal da Amereida(16) que finalmente pode ser encontrado coincidindo com o centro geográfico da região. Os mapas serão sempre insuficientes como aquele descrito por Borges mas precisamos deles mais do que nunca.

notas

NE
This article is the third of a series about Latin American modern architecture, written by group LAMA (Latin American Modern Architecture) from University of Texas at Austin, under the coordination of Prof. Fernando Luiz Lara.
www.soa.utexas.edu/lama

1
Os entrevistados foram Angelo Bucci, Mauricio Pezo, Sofia von Elrichhausen, Enrique Larranaga, Tatiana Bilbao, Jose Maria Saez, Hugo Mondragon, Dereck Dellekamp, Carlos Teixeira, Renato Anelli, Adrian Moreno, Max Rhom, Lula Marcondes, Giancarlo Mazzanti, Monica Bertolino, Alberto Mozo, Jorge Liernur and Patricia Morgado, além de conversas regulares com Luis Carranza e Felipe Hernandez.

2
PAZ, Octavio. El laberinto de la soledad. Ciudad de Mexico, Cuadernos Americanos, 1950.

3
MIGNOLO, Walter. La idea de America Latina. Madrid, Editorial Gedisa, 2007.

4
WAISMAN, Marina. Primer Seminario de Arquitectura Latinoamericana: Un auspicioso comienzo. In Arquitectura latinoamericana – pensamiento y propuesta. Mexico DF, UAM Xochimilco, 1991.

5
SEGAWA, Hugo. The essentials of Brazilian Modernism. Design Book Review, n. 32/33, 1994, p. 64-68.

6
DAVID, Howard. The Culture of Building. New York, Oxford University Press, 1999.

7
LOPEZ, Sarah. The Remittance House: Architecture of Migration in Rural Mexico. Buildings & Landscapes: Journal of the Vernacular Architecture Forum, Vol. 17, n. 2, Fall 2010, p. 33-52.

8
BHABHA, Homi. Nation and Narration, London, Routledge, 1990.

9
BILL, Max. Report on Brazil. Architectural Review, vol. 116, n. 694, August 1953, p. 238-239.

10
MOHOLY-NAGY, Sybil. Brasilia-Majestic concept or autocratic monument? Progressive Architecture, n. 40, out. 1959, p. 88-89. ZEVI, Bruno. Inchiesta su Brasilia. L’Architettura – Cronache e Storia, n. 51, jan. 1960, p. 608-619.

11
LIERNUR, Jorge Francisco. A New World for the New Spirit: Twentieth Century Architecture's Discovery of Latin America. Zodiac, n. 8, 1992-1993.

12
Os Seminarios de Arquitectura Latinoamericana subsequentes aconteceram em Buenos Aires - Argentina (85), Buenos Aires – Argentina (86), Manizales - Colombia (87), Tlaxcala – México (89), Santiago de Chile – Chile (91), Caracas – Venezuela (93), San Pablo – Brasil (95), Lima – Perú (99), San Juan - Puerto Rico (2001), Montevideo – Uruguay (2003), Oaxtepec – México (2005), em Concepción / Chiloé - Chile (2007), Panama City (2009) e Campinas – Brasil, (2011).

13
WAISMAN, Marina. Op. cit., p. 8.

14
FRAMPTON, Kenneth. Modern Architecture and Critical Regionalism. Transactions, n. 3, 1983, p. 15-25.

15
EGGENER,Keith. Placing Resistance: A Critique of Critical Regionalism. Journal of Architectural Education 55, n. 4, May 2002, p. 230.

16
Amereida é o nome dado pelo grupo da escola de Valparaíso, Chile às viagens pelo interior da América Latina em busca de sua identidade.

sobre o autor

Fernando Lara é professor da Universidade do Texas na Escola de Arquitetura de Austin

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