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drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
Muitos profissionais e empresas buscam certificações de sustentabilidade na construção civil. Contudo, o gerenciamento dos projetos nos escritórios ainda não são realizados de forma ideal, deixando a eficiência e a qualidade do produto final comprometidas

english
Many professionals and companies seek certification to sustainability in civil construction. However, the management of projects is the offices aren’t perfomed in an ideal methodology, leaving the efficiency and sustainable quality compromised.

español
Muchos profesionales y empresas buscan certificaciones para sostenibilidad en la construcción. Sin embargo, las oficinas de gestión de proyectos no se realizan de manera óptima, dejando la eficiencia y la calidad del producto final comprometida.

how to quote

LEAL, Natalia Moura Gomes. O papel do projeto de arquitetura na construção sustentável. O projeto integrado. Drops, São Paulo, ano 15, n. 092.07, Vitruvius, maio 2015 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/15.092/5539>.


Um projeto ecologicamente sustentável deve possuir profissionais com objetivos, ideologias e capacidades sustentáveis.  O arquiteto responsável pela forma e funcionalidade da edificação passa a ter uma função a mais: gerenciador e fiscalizador de todos os demais projetos que uma edificação abrange, além de todos os profissionais envolvidos, de forma a garantir que o foco principal não se perca já na fase de planejamento.

O conceito do projeto é, normalmente, a primeira etapa de planejamento de uma edificação a ser construída. Geralmente expresso na forma de croqui e esboços. Esses desenhos carregam a ideia principal que o idealizador teve, além de seus conhecimentos adquiridos, vivências, experiências, estilo e etc.

“O processo de desenhar/modelar lenta, experimental e hipoteticamente revela a direção do projeto [...]. Por trás do primeiro croqui encontra-se valores, atitudes, pressuposições e conjuntos de conhecimento. Para melhor ou para pior, a arbitrariedade, a inspiração e outras influencias interferem quando menos se espera. Um forte senso de valores de projeto e valores ambientais pode ajudar a filtrar esses inúmeros impulsos” (1).

Levando em consideração a veracidade da citação acima. O conhecimento sobre arquitetura sustentável, sustentabilidade e todos os temas e subtemas relativos à importância de tais assuntos devem estar presentes no dia a dia, nos estudos e nas aspirações do profissional que trabalha com arquitetura sustentável, além de na sua metodologia de trabalho. Dessa forma o inconsciente e ações impulsivas desse profissional já serão direcionados e compatíveis com o foco de seu projeto.

“Aquilo que é pesquisado afeta o modo como o arquiteto vê o projeto e, consequentemente, o que faz com ele e o que pode ser feito” (2).

A intenção de desempenho da edificação deve também ser decidida na primeira etapa projetual. Esse fator definirá os rumos do projeto nas etapas seguintes além de ajudar a definir os membros da equipe com qualificações compatíveis com a intenção de trabalho. Sistemas de certificação, sistemas normativos e ISOs também entram no escopo e na definição das intenções de desempenho mínimo da edificação.

Estudos de casos de empreendimentos semelhantes ao do projeto em desenvolvimento são importantes para se analisar os colapsos e problemas que ocorreram entre a fase de projeto e o funcionamento da edificação. Esse processo de analise e realimentação de informações e dados permite um projeto assertivo e com menos falhas.

Os critérios definidos pelo cliente e/ou por alguma autoridade ligada ao contratante do projeto devem ser compatíveis com as prioridades do mesmo. As metas criadas pela equipe devem ser realistas e compatíveis com as demais premissas do empreendimento. Metas, critérios e prioridades devem ser previamente definidas e esclarecidas entre todas as partes envolvidas, uma vez concluídas e acordadas o projeto continuará a se desenvolver com essas bases. A alteração dessa etapa em uma fase posterior ou até mesmo na construção pode implicar na mudança de foco do projeto, afetando a eficiência almejada para o produto final.

O projeto integrado

Depois da revolução industrial se tornou comum e necessário a especialização de profissões a fim de obter maior resultado técnico em um menor período de tempo. Agilizando o processo construtivo desde a primeira etapa até a ultima. O projeto integrado é uma volta ao conhecimento holístico da edificação, onde os profissionais de áreas especificas conversam e compartilham seus conhecimento com a finalidade de melhorar a eficiência de cada edificação a ser projetada.

O processo se dá de forma investigativa, colaborativa e integrada. Onde cada projeto é único, com suas próprias particularidades referentes aos aspectos no terreno, solo, clima, usuária, orçamento, cliente e etc. Esses dados obtidos por investigação são compartilhados entre os profissionais envolvidos de forma que cada um deles colabora, de forma integrada e comunicativa, as melhores soluções para o projeto.

Dessa forma o projeto integrado acaba não tendo uma seqüência rígida definida. Como todos os profissionais, de todas as etapas, estão envolvidos durante toda a fase do projeto, desde o estudo preliminar, o projeto executivo final até o acompanhamento da construção da edificação, não existe uma seqüência de profissionais a se manter, como no projeto convencional adotado atualmente.

Todos esses profissionais de diferentes área, experiências e atribuições devem ser gerenciados e liderados por um gerente de projetos. Em muitos textos sobre projeto integrado é atribuído ao arquiteto a função gerencial devido a sua experiência holística e ao seu entendimento sobre o principal foco do projeto. Contudo, qualquer outro profissional que possui o entendimento holístico do sistema projetual especifico pode gerenciar a equipe de profissionais do projeto integrado.

“O projeto integrado examina o modo como todas as partes do sistema interagem e utiliza esses conhecimentos para evitar armadilhas e encontrar soluções com benefícios múltiplos” (3).

Situação brasileira

Apesar de ser um método de gerenciamento muito defendido pela comunidade de profissionais ligados à construção sustentável, no Brasil, essa metodologia não é muito empregada dentro dos escritórios, construtoras e outras instituições da construção, e quando é empregado não consegue ser seguido à risca, não respeitando todos os procedimentos.

No Brasil a integração entre profissionais envolvidos no projeto e execução de uma edificação se dá de forma linear, ou seja, havendo o mínimo possível de realimentação de informações durante a fase de projeto. Esse procedimento visa a diminuição de custos projetuais, bem como na redução de tempo de projeto. Algo de extrema importância no mercado competitivo da construção nacional.

Em um artigo dois profissionais ligados a construção civil brasileira fizeram um estudo de casa em duas empresas que alegaram utilizar o processo de projeto integrado dentro da elaboração e execução da edificação, a conclusão do artigo foi à seguinte:

“Nos dois estudos de caso, constatou-se a presença parcial dos elementos metodológicos que caracterizam PPIs. Os elementos presentes foram essenciais para o alcance das metas definidas, mas os resultados positivos demandaram esforço e tempo muito superiores aos previamente estimados. As lições aprendidas sugerem que grande parte das dificuldades observadas poderia ser evitada, ou ao menos minimizada, pela incorporação dos elementos ausentes. A implementação completa do PPI leva a uma maior eficiência do processo, o que torna possível o alcance de metas mais agressivas de desempenho ambiental” (4).

Em território nacional a eficiência do PPI, de forma plena, é meramente teórica, tudo que sabemos de sua eficiência vêm de exemplos estrangeiros, onde a prática de integração do projeto é algo que faz parte do processo metodológico básico de todos os profissionais.

“exemplos de PPI dos Estados Unidos, com reduções no consumo anual de energia de 25% a 70%, documentados também em relatórios individuais, nos quais o desempenho energético das edificações foi avaliado pelo National Renewable Energy Laboratory (NREL), dos Estados Unidos” (5).

Conclusão

Apesar de ser inegável de que a aplicação do processo de projetos integrados é fundamental para garantir uma maior eficiência sustentável do edifício o Brasil ainda não possui a cultura e a disponibilidade de profissionais para realizar de forma plena tal processo.

Para que a adoção do PPI seja viável dentro do Brasil, uma mudança na cultura e na dinâmica do mercado da construção tem que ocorrer e assim como todas as mudanças apenas a necessidade financeira ou social é que irá impulsioná-la. Para isso os profissionais que almejam a excelência no projeto integrado devem se especializar e, aos poucos, inserir esse novo conceito no mercado.

notas

NA – Este texto é uma resenha do segundo capítulo do livro Arquitetura Ecológica.

1
KNOK, Alison G.; GRONDZIK, Walter T. Manual de arquitetura ecológica. 2a edição, Porto Alegre, Bookman, 2013, p. 12.

2
Idem, ibidem, p. 13.

3
Idem, ibidem, p. 19.

4
FIGUEIREDO, Francisco Gitahy de; SILVA Vanessa Gomes da. Processo de projeto integrado e desempenho ambiental de edificações: os casos do SAP Labs Brazil e da Ampliação do CENPES Petrobras. Ambiente construído, vol. 12, n. 2, Porto Alegre, abr./jun. 2012, p. 22.

5
Idem, ibidem, p. 2.

sobre a autora

Natalia Moura Gomes Leal é arquiteta (UFAL, 2014). Enquanto estudante atuou como colaboradora na área de patrimônio histórico no grupo de pesquisa Representações do lugar (RELU) e foi bolsista de desenvolvimento institucional da Universidade Federal de Alagoas no grupo de pesquisa em iluminação (GRILU) dando suporte aos usuários do software TropLux. Como profissional se dedica no desenvolvimento e gerenciamento de projetos de uso residencial e comercial, além de se dedicar a pesquisas voltadas a arquitetura sustentável.

 

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