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drops ISSN 2175-6716

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Esse ensaio resume algumas experiências do escritório paulistano Goma Oficina e apreende alguns de nossos pensamentos que flutuam, se organizam e se reorganizam a todo o tempo. Nos pautamos na nossa experiência cotidiana e em nossa visão de mundo.

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LEVY, Maria Cau; PENA, Vitor. Goma oficina. Horizontalidade, troca e aprendizagem contínua. Drops, São Paulo, ano 18, n. 120.01, Vitruvius, set. 2017 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/18.120/6692>.



“O processo de vida é criador. somos todos criadores” (1)

“A atual procura de novas saídas educacionais deve virar procura de seu inverso institucional: a teia educacional que aumenta a oportunidade de cada um de transformar todo instante de sua vida num instante de aprendizado, de participação, de cuidado.” (2)

A definição de um modelo de funcionamento é uma tarefa árdua para um escritório que já se reorganizou algumas vezes desde seu início há 6 anos. Na busca por essa definição, deparou-se com uma certeza: o modo orgânico com que se estrutura – em função da rede quem, quando, por que e para que – não é uma ameaça à existência da Goma Oficina, e sim a razão pela qual o escritório / empresa / parceria / coletivo / grupo de estudos / oficina constrói suas possibilidades de atuação. Uma atuação guiada pela criatividade, pelo desejo, pelo interesse, pela troca horizontal entre os parceiros, pela construção de novos conhecimentos e possibilidade de aplicação destes na prática profissional.

A Goma Oficina é um grupo de arquitetos e artistas associados que mantém uma oficina e um escritório em dois endereços contíguos na rua Dr. Carvalho de Mendonça no bairro Campos Elíseos. Desde o início da formação do grupo, a prática e a experimentação norteiam seu processo projetual.

A integração de linguagens favorece a versatilidade na prestação de serviços e na pesquisa. As trocas de conhecimento que se dão na rede de colaboradores são fundamentais para a fermentação de novas ideias e para a construção e integração de novos saberes que sustentam uma prática crítica e reflexiva, num processo de aprendizagem contínua.

A busca pela inovação no design, nos processos e produtos relacionados à arquitetura dentro da plataforma vem associada ao desejo de democratização do acesso à tecnologia e ao atendimento das necessidades humanas, no desenho das relações sociais e territoriais.

O arquiteto, com sua formação aberta a diferentes campos do conhecimento – generalista como acreditava João Figueira Lima “Lelé” –,  carrega consigo uma prática que lhe dá identidade: o projetar, que, por sua natureza multidisciplinar, possibilita a combinação dos mais diversos caminhos e escolhas.

A Goma Oficina vivencia esse processo a partir do interesse de cada um e das experiências advindas de acertos e erros: o fazer 1:1, a prototipação, o canteiro e a liberdade para o experimento, que são ao mesmo tempo princípios de trabalho e ferramentas de formação.

Caso 1: Sistema Ó

“errar depressa e aprender, sem parar” (3)

Uma das frentes de pesquisa e experimentação da Goma Oficina é o Sistema Ó, envolvendo processo simples de produção e montagem, que abrange diferentes escalas, do objeto à construção do espaço. Desenvolvido a partir da apropriação da tecnologia que consiste em tubos e conexões desenvolvidos para a linha de montagem da Toyota, associada a outras técnicas  – como marcenaria convencional  –, o Sistema Ó pode ser aplicado no âmbito residencial, comercial, cultural para a construção de cenários, montagens expográficas, divisórias, bancadas de trabalho, prateleiras, poltronas, mesas, entre outros.

Desde o primeiro contato com essa tecnologia, durante uma pesquisa para o Prêmio do MCB em 2013, a Goma vislumbrou nesse sistema uma potencial ferramenta para a arquitetura. A facilidade de manuseio e a simplicidade da metodologia de montagem permitem que qualquer pessoa possa criar, construir, testar e aprimorar. Por meio da experimentação criou-se repertório – protótipos e produtos que puderam ser executados na pequena oficina do grupo.

Caso 2: Vila Flores

“Nenhum aperfeiçoamento orgânico é possível sem uma reorganização dos seus processos, funções e propósitos” (4)

O projeto para o conjunto arquitetônico no bairro Floresta em Porto Alegre, hoje nomeado Vila Flores, chegou para a Goma Oficina em 2011. O conjunto datado de 1928, destinado à habitação operária e projeto do arquiteto Lutzenberger, localizado na antiga região industrial na várzea  do Rio Guaíba, encontrava-se em más condições de conservação. A demanda foi a de um estudo que ajudasse a definir o destino do terreno e do conjunto de edificações. Além do projeto arquitetônico, seria necessário desenvolver uma estratégia para viabilizar a reforma.

O anteprojeto visava melhorias no âmbito da circulação, da infraestrutura hidráulica, elétrica e lógica, para abrigar um leque de possibilidades programáticas. Em todos os estudos, o pátio interno se mostrava uma grande potência, fruto da espacialidade pré-existente, de caráter comum e de continuidade da rua;  um lugar de encontro e troca.

Um percurso mais longo de transformação trouxe maiores benefícios tanto para o patrimônio material quanto imaterial. Com eco na comunidade do entorno, foi criada a Associação Cultural Vila Flores. Outras iniciativas como Matehackers, Mulheres em Construção, Armazém Sonoro, Escola Convexo, grupo Geração Urbana da FAU PUCRS, entre outros, garantem a  diversidade de usos e uma programação cultural.  Obras para reforma do conjunto estão sendo realizadas em etapas desde 2012, trabalho que corre paralelo com as demandas dos usuários e residentes.

Hoje, entende-se a experiência do Vila Flores como um projeto ainda em maturação, fruto de uma vivência diária. O projeto arquitetônico, neste caso, não enrijece o programa, pois está em constante transformação, num modelo horizontal: demanda - uso - projeto - gestão (5).

notas

1
Ana Thomaz e a desescolarização, em entrevista para o programa Famílias Educadoras, 2012. Disponível em:  <https://www.youtube.com/watch?v=tNYgHDkpxcg>.

2
ILLICH, Ivan. A sociedade sem escolas. 7a. edição. Petrópolis, Vozes, 1985, p. 14.

3
BLANK, Steve. Por que o movimento lean startup muda tudo, 2013. Disponível em: <http://hbrbr.com.br/por-que-o-movimento-lean-startup-muda-tudo/>.

4
MUMFORD, Lewis. A cidade na história – suas origens, transformações e perspectivas. 4a. edição. São Paulo, Martins Fontes, 1998, p. 610.

5
Ver: PORTAL VITRUVIUS. Vila Flores. Um processo arquitetônico: ressignificação, coletividade e aprendizado. Projetos, São Paulo, ano 16, n. 184.01, Vitruvius, abr. 2016 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/16.184/6015>.

sobre o autor

Maria Cau Levy é arquiteta e artista formada pela FAU Mackenzie em 2013. Parte do coletivo Goma Oficina Plataforma Colaborativa, desenvolve pesquisa artística nas áreas de estamparia, geometria e semiótica.

Vitor Pena é arquiteto formado pela Escola da Cidade em 2011. Parte da Goma Oficina Plataforma Colaborativa, é mestrando no IPT sobre dispositivos de projeto pra moradia transitória emergencial.

 

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