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drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
O presente artigo discorre sobre o posicionamento social frente a eventos de estética não regular, definido por meio de uma cultura corrompida pela mercantilização, tornando a cidade vitrines de uma cultura elitizada.

english
The present article discusses the social position in the face of events of non-regular aesthetics, defined through a culture corrupted by commercialization, making the city showcases of an elite culture.

how to quote

CABRAL, Emily Suelen Florentino. As batalhas de MCs e as restrições sociais. Drops, São Paulo, ano 21, n. 156.08, Vitruvius, set. 2020 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/20.156/7892>.



Com uma pesquisa rápida na internet sobre o que é arte, encontramos como definição a atividade humana como manifestações de ordem estética ou comunicativa, realizada por uma variedade de linguagens. Então, em seu sentido mais básico, a arte é a expressão realizada de diversas maneiras a partir do indivíduo, lembrando que a estética e a visão sobre o belo, ou agradável, é algo individual, onde cada ser possui sua visão e percepção, partindo de seu meio e costumes, mas se encontra inegavelmente o senso comum acerca deste assunto, onde algo é imposto pela maior parte da população, ou a parte com maior poder aquisitivo, criando-se uma concepção de belo, definindo assim um objeto de comparação com outros tipos de arte ou beleza.

Batalhas de MCs são encontros de hip hop onde dois mestres de cerimônia duelam entre si com rimas improvisadas, podendo ser a capela ou com beat (batida) com um tempo limitado, definido pelos organizadores de cada roda cultural, pela ação ter se iniciado em um meio periférico, em consequência se encontra como um movimento “marginalizado”, onde a maioria da população não possui conhecimento sobre, ou uma visão positiva, desenvolvendo uma segregação social frente a este tipo de evento, sendo ele não visto como o único meio de expressão e contato a arte que os indivíduos participantes possuem, o que é bem oposto à realidade. Com isto em mente, esperamos como resultado atingir minimamente a população com uma visão de que essa dinâmica acrescenta cada vez mais a sociedade e seus indivíduos, promovendo cultura, arte, apropriação de espaços urbanos e liberdade de mente a todos envolvidos.

O rap é uma vertente do hip-hop, movimento composto por mais três manifestações artísticas, o DJ, o break dance e o grafite, manifestações que surgiram nas ruas, e que trazem consigo sempre discussões sobre questões sociais. O rap surgiu no final da década de 1970; entre 1990 e 2000 foi o período de grande visibilidade e ascensão. As batalhas são atualmente um movimento muito ativo, onde ocorrem competições municipais, estaduais e um nacional, onde além de um prêmio em dinheiro, troféu, o vencedor do Nacional recebe um contrato com a Rap Box (gravadora). Com este patrocínio, além de outras parcerias e incentivos, que inicialmente não ocorriam, podemos observar o crescimento do movimento e como cada vez mais está sendo alterada a visão geral em volta da discussão.

O espaço público, na sua definição fundamental, pressupõe a interlocução entre atores sociais, que buscam manifestar suas diferenças através de uma inter-relação. Entretanto, a relação de reciprocidade estabelecida pelo diálogo só será bem-sucedida na medida em que for permitido aos indivíduos manifestar sua razão, confrontá-la à opinião pública sem obstáculos ou sem subjugar a razão do outro (1). Sendo assim, a utilização do espaço é disposta, quando o público se permite a utilização, interação e expressão do sujeito; posto isto, no cenários das batalhas, acaba influenciando a atividade, pois os locais disponíveis para a finalidade são sem muita utilização e pouca movimentação social, segregando ainda mais a organização, pois a atividade é limitada aos mesmos espaços onde normalmente acaba sendo disponível apenas uma localização marginalizada onde é “permitido” os encontros, o que acaba sendo contraditório, pois os duelos são realizados em locais públicos e, mesmo assim, em algumas ocasiões o evento não é permitido; um exemplo desta barragem pelo poder público, foi em 2014, no Largo da Alfândega, onde impossibilitaram a realização da roda cultura, cujo intuito é só promover arte urbana, não só o rap, mas grafite, break, desenhos, música, fotografia, arquitetura, composto de pessoas que querem dar voz a quem não tem

Sicília Calado Freitas (2) discorre em suas linhas sobre a arte, cidade e o espaço público, sobre a maneira como as perspectivas estéticas e sociais se relacionam, o modo como a mercantilização comprou a cultura, alterando o espaço público a vitrines para a sociedade; é claro que o capitalismo deu maior visibilidade à cultura proporcionando maior espaço a artistas de todos os tipos. Contudo, destrinchando seu sentido mais puro de arte e contato, Freitas explica a razão do que é gerado nestes eventos e o motivo de alguns tipos de interações não serem consideradas arte, pois a visão estética da arte enfraquece seu sentido verdadeiro e sua própria essência. Como as batalhas falam sobre a realidade da periferia, fazem críticas e reflexões às questões sociais, o objeto de diálogo não é bem aceito por parcelas da sociedade, que habitualmente se fecham a novas realidades. Ocorre assim o afastamento, posto que exatamente estas questões são abordadas nos encontros culturais – o preconceito, tanto social, quanto racial e de gênero, que é algo ainda muito intrínseco e enraizado na nossa sociedade. O pensamento comum relaciona estas rodas ao uso de drogas por comumente ser utilizada na periferia, tema complexo que não será abordado neste artigo; mas iremos propor uma reflexão ligada ao tema central do presente texto: se tais pessoas estão procurando uma forma construtiva de expressar sua raiva reprimida em forma de poesia, arte e cultura – raiva produto de uma visão coletiva que julga pessoas em bando, sem considera suas diferenças de atitudes, comportamentos e costumes – por que não proporcionar essa oportunidade? Se as oportunidades são freadas, se fecham as brechas a quem nunca teve chances.

Com estas informações em mente, concluímos que a intolerância projetada se relaciona com a valorização do estético que acaba moldando a vida urbana, ou seja, os espaços urbanos passaram a ser “vitrines” da mercadoria cultural com a mercantilização do mesmo. Só o que atende a estas expectativas é respeitado, aprovado e reconhecido. Só a expressão aceitável é admitida como arte, um fechamento de visão social que corrompe o espaço, enfraquece a sociedade e priva conteúdo.

notas

1
OLIVEIRA, Aercio Barbosa de; SILVA, Evanildo B. (Org.). A luta popular urbana por seus protagonistas: direito à cidade, direitos nas cidades. Rio de Janeiro, Fase, dez. 2018 <https://bit.ly/335yj0w>.

2
CALADO FREITAS, Sicília. A arte, cidade e espaço público: perspectivas estéticas e sociais. In Anais do I Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, Salvador, 14 e 15 de abril de 2005 <https://bit.ly/3mPnsjf>.

sobre a autora

Emily Suelen Florentino Cabral, 19 anos, discente do terceiro semestre do curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, com formação em Técnico em Informática para Internet no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Mato Grosso do Sul.

Capa do livro A luta popular urbana por seus protagonistas: direito à cidade, direitos nas cidades, organizado por Aercio Barbosa de Oliveira e Evanildo B. Silva
Imagem divulgação

 

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156.08 hip hop
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