Your browser is out-of-date.

In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.

 
  • in vitruvius
    • in magazines
    • in journal
  • \/
  •  

research

magazines

interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Esta entrevista com Rodrigo Brotero Lefèvre foi realizada em junho de 1974, na Residência Marietta Vampré. A entrevista foi disponibilizado em Vitruvius em março de 2000

english
This interview with Rodrigo Brotero Lefèvre was made in june 1974 inside Marietta Vampré's house. The interview is available in Vitruvius since march 2000

español
Esta entrevista con Rodrigo Brotero Lefèvre fue realizada en junio de 1974 en la casa Marietta Vampré. La entrevista está disponible en Vitruvius desde marzo del 2000

how to quote

MAIA, Renato de Andrade. Rodrigo Lefèvre. Entrevista, São Paulo, ano 01, n. 001.01, Vitruvius, jan. 2000 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/01.001/3352>.


 

Residência Thomas Farkas, Guarujá. Rodrigo Lefèvre e Ronaldo Duschenes

Renato Maia: Quando é que o arquiteto passa a se preocupar com a comunicação visual, com o planejamento, com o desenho industrial?

Rodrigo Brotero Lefèvre: Sobre isso você deveria fazer uma entrevista com o Zanettini, ele tem tudo na ponta da língua.

RM: A partir de 1969, o mercado de trabalho para o arquiteto se diversificou?

RBL: Eu não sei bem se foi o mercado de trabalho que se diversificou nessa época, ou se simplesmente, através de uma atitude correta para a época, a criação das várias seqüências de edificação, de planejamento e de comunicação visual na FAU, realmente trouxeram para os arquitetos esse tipo de trabalho. Eu acredito que sim. Eu acredito que a criação na faculdade dessas diferentes nuances do trabalho de arquitetura trouxeram a possibilidade dos arquitetos ficarem com esse tipo de trabalho.

A intenção de abrir esses campos de formação do arquiteto, que basicamente foi do Artigas, em 1962, foi um fator importante para a abertura destes campos de atividade profissional na arquitetura.

Hoje você encontra arquitetos que tem quase toda a sua vida profissional voltada para a comunicação visual, como é o caso, por exemplo, do Cauduro. Você tem o arquiteto cuja atividade está quase toda voltada para o desenho industrial, como é o caso, por exemplo, do Ventura, do Lúcio Grinover. O fogão que ele desenhou encontra-se aos montes por aí. Existem arquitetos fundamentalmente voltados para o planejamento, como o Jorge Wilheim, o Guedes, e outros. E assim por diante.

RM: Você acredita em uma arquitetura revolucionária?

RBL: Não, não acredito. O planejamento é resultado de uma visão global que o arquiteto consegue ter de todos os aspectos técnicos separados ou atomizados que podemos analisar num projeto, mas que no projeto de arquitetura se fundem em uma síntese coerente, com os mil predicados que você queira, mas em síntese é a mesma síntese.

Por exemplo, um exemplo bem simples, na Hidroservice que é uma empresa de engenharia, o trabalho do arquiteto é considerado como mais uma das especialidades do ramo da engenharia. O nosso trabalho é oficialmente chamado de mais uma especialidade. Por exemplo, existe uma especialidade que é a dos engenheiros eletricistas; uma especialidade que é dos engenheiros eletrônicos; a dos engenheiros de tráfego; a dos engenheiros de rodovias; a dos engenheiros de obras civis e a dos arquitetos.

Concretamente, o que tem acontecido na Hidroservice é que o único profissional que consegue responder sobre todos os aspectos do projeto, quando alguém lhe pergunta, é o arquiteto. O arquiteto não consegue responder que uma central de transformação de voltagem é de trinta kilowatts, mas, em termos de conceitos, em termos de sistema de distribuição elétrica, sobre maneiras de adotar economias corretas em projeto, quem responde é o arquiteto. Nenhum dos outros técnicos de engenharia têm uma visão global do projeto. E então ele, o arquiteto, é um coordenador.

Oficialmente, o arquiteto não é reconhecido como tal, mas, concretamente, ele está sendo usado, e nós também nos metemos a fazer. Qualquer dúvida que exista no projeto, de qualquer especialidade, recorrem-se ao arquiteto. Na maioria das vezes, nós damos soluções para os problemas de ordem técnica que eles têm. Nós, sem sabermos como calcular uma viga, trabalhamos em um processo de percepção da estrutura como um todo, e com os outros elementos que estão implicados no projeto. Em um certo sentido, nós somos o coordenador técnico do projeto, coordenador no sentido de identificar as incoerências no projeto, seja no mesmo projeto, de uma mesma especialidade, ou de especialidades diferentes. Então, a um sistema estrutural deveria corresponder um certo sistema de distribuição de energia elétrica, por exemplo. Nós percebemos quando os sistemas são incoerentes, contraditórios, e tentamos ajustar o projeto de tal modo que ele seja coerente.

Essa visão global do ponto de vista técnico é um aspecto, um exemplo. Um outro exemplo que nós poderíamos dar parte do ponto de vista sócio–econômico–psicológico. O arquiteto tem a capacidade de conversar e de obter informações, de propor soluções de caráter global para a obra.

Por exemplo, eu estou fazendo um projeto para o Hospital das Clínicas, um projeto que vai envolver o problema de cinco mil pessoas que vão diariamente ao HC para consultas médicas.

Ninguém, nem o pessoal técnico do Hospital das Clínicas, nem o pessoal técnico da Hidroservice, tem condições de propor soluções que funcionem hoje para o futuro, em primeiro lugar. Em segundo lugar, propor soluções que levem em conta todos os aspectos, por exemplo, o psicológico, o cultural e o conhecimento do usuário do edifício.

Na medida em que estou fazendo um prédio que vai durar, provavelmente em termos concretos, duzentos anos, este prédio terá que prever a sua possibilidade de funcionamento durante estes duzentos anos. Aquilo que para nós é economia, fazer um prédio hoje que tenha condições, sem grandes problemas, de funcionar durante duzentos anos, para outros é gasto de dinheiro à toa, ou simplesmente definem como "fazer o projeto caro".

O projeto do edifício central do HC foi feito em 1938, fazem apenas 34 anos. O que existia de mais moderno naquele tempo era fazer tomada, duas tomadas em cada sala. Hoje você vai ao prédio velho do HC, e o que existe de instalação prevista no projeto são duas tomadas de eletricidade em cada sala, e você vê, em média por sala, pelo menos cinco aparelhos, seja de tecnologia médica, seja de tecnologia administrativa, seja o que for. Ou seja existem cinco aparelhos por sala em média, utilizando não apenas tomadas de 110 volts como era previsto, mas tomadas de 220 volts, tomadas de 6 volts, tomadas de ar comprimido, tomadas de vapor, etc.

O que acontece é bem típico. O projeto inicial do HC foi feito para uma situação estagnada, e o projeto que nós estamos fazendo prevê a possibilidade de não obsolescência do prédio nos próximos cinqüenta anos. Isto é, a possibilidade de mudança das instalações independente da utilização de uma sala. Coisas que só uma visão de economia, muito mais geral do que simplesmente financeira, poderia admitir. Uma visão global e universalista diretamente ligada ao processo de trabalho em prancheta.

No fim, a atividade do arquiteto é projetar coisas, desde comunicação visual até o planejamento, mas fazer esse tipo de trabalho de configuração física do espaço das construções em geral. O objeto de trabalho é esse, a configuração concreta do espaço.

A prancheta tem se mostrado um dos meios para você conseguir fazer isso. Pode ser que um dia nós descubramos outros instrumentos que não a prancheta para fazer arquitetura, mas por enquanto é um dos mais usados.

Então, o fundamental para mim é que o trabalho do arquiteto seja elaborado, seja produzido por essa visão global e universal. A meu ver, a formação necessária para o estudante de arquitetura é voltada para o problema de produção de projetos e de organização do espaço físico, quer dizer, não adianta nada para o estudante de arquitetura ter uma visão global e universal sem essa finalidade.

comments

001.01
abstracts
how to quote

languages

original: português

share

001

newspaper


© 2000–2024 Vitruvius
All rights reserved

The sources are always responsible for the accuracy of the information provided