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interview ISSN 2175-6708

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Nesta entrevista Fredy Massad e Alicia Guerrero Yeste conversam com Toyo Ito sobre tradição, projetos e tecnologia

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MASSAD, Fredy; GUERRERO YESTE, Alicia. Toyo Ito. Entrevista, São Paulo, ano 01, n. 004.01, Vitruvius, out. 2000 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/01.004/3348>.


 

Nagaoka Lyric Hall

 

Fredy Massad e Alicia G.Yeste: Qual é a situação da arquitetura dentro da tradição cultural e artística do Japão?

Toyo Ito: Há mais ou menos cem anos se produziu a transição da era de Edo para a era de Meiji, que deu início de forma radical a um processo de abandono de todo o antigo para renovar a cultura em busca de algo totalmente novo. A raiz disso – a arquitetura tradicional – se viu obrigada a mudar ao ser descartada por ser concebida como algo obsoleto, pertencente ao passado, e começou a importar-se a arquitetura ocidental massivamente. Tudo o que se nos ensinaram como arquitetura se baseia na Modernidade. Existe uma linha descontínua entre a arquitetura tradicional e a arquitetura contemporânea.

FM / AGY: Então, tal e como no Ocidente, do mesmo modo como entre os antigos gregos, a Arquitetura se concebeu como uma techné – uma destreza especificamente manual – para posteriormente, no transcurso da Historia, passar a ser considerada como uma das Belas Artes, poderíamos supor que existiria uma equivalência a esta concepção na cultura japonesa?

TI: Creio que de fato é assim porque até há muito pouco tempo as pessoas do povo não faziam diferenças entre o que era um arquiteto e um empreiteiro ou mesmo um carpinteiro. Um arquiteto era referido como "aquele senhor que faz casas". Ainda na atualidade persiste esse sistema de assumir que há duas categorias de arquitetura: uma, de primeira categoria, e outra, de segunda. A arquitetura de segunda categoria eqüivaleria à consideração que se outorga aos carpinteiros. O sistema construtivo no Japão funciona assim: há uma série de grandes empresas construtoras que dispõem de um departamento de projeto no qual podem trabalhar centenas ou mesmo milhares de pessoas na elaboração do desenho, direção da obra e todos os demais aspectos relacionados.

FM / AGY: O Elogio da Sombra de Junichiro Tanizaki alude a essa mudança imposta pela nova era que você mencionava respondendo à primeira pergunta. Este livro foi escrito em 1933, relativamente não muito depois do início da Era de Meiji e o que esta significou. Neste livro se descreve bem a convivência de dois elementos ocidentais simbolizadores de progresso e a tradição cultural japonesa – doméstica, particularmente. Durante a leitura do livro, nos chamou a atenção um fragmento que dizia: "a forma de um instrumento aparentemente insignificante pode ter repercussões infinitas. (…) Se Oriente e Ocidente tivessem elaborado cada um por seu lado, de forma independente, civilizações científicas bem diferenciadas, quais seriam as formas de ambas sociedades e até que ponto seriam diferentes do que são?" O que responderia você a esta pergunta formulada por Tanizaki? Se isto se aplica à arquitetura, a arquitetura japonesa contemporânea seria hoje em dia muito distinta se não se houvesse produzido essa ruptura no transcurso da cultura tradicional particular do Japão?

TI: Teria sido bastante diferente. E não me refiro só à arquitetura, mas também ao estilo de vida propriamente dito. Por exemplo, o costume de levar kimono, um costume tradicional, de repente foi abandonado em favor das roupas ocidentais.

FM / AGY: Então, nossa idéia estereotipada sobre o povo japonês – de um povo que foi capaz de absorver perfeitamente a influência ocidental ao mesmo tempo que conservava suas próprias tradições – é correta ou se reduz apenas a um aspecto menor?

TI: Considerando-se ao largo de dois séculos, poderíamos considerar válida essa teoria porque anos atrás, sobretudo da China e Coréia, confluíam as influências de muitas culturas. O povo japonês foi assimilando e digerindo essas influências ao longo do tempo. Neste sentido, pode-se dizer que o povo japonês tem sido um povo eclético mas que, sem dúvida, tem mantido intacta sua raiz. O que ocorre é que, excepcionalmente, quando teve lugar em 1868 a mudança de era dessa forma tão repentina e radical, o povo não teve tempo de reagir e assimilar todos essas transformações.

FM / AGY: Pode se dizer, de certo modo, que não se culminou o período de adaptação a essa transformação?

TI: Eu creio que de fato é assim: há vários elementos que ainda não terminamos de digerir.

FM / AGY: Também na arquitetura?

TI: Sim, também. Por exemplo, na arquitetura moderna nos choca ter que converter nossos tetos tradicionais em tetos planos. Nas províncias, nunca gostaram plenamente da idéia de ter tetos planos.

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