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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Entrevista exclusiva com o arquiteto norte-americano Alan Colquhoun, que acaba de ter lançado seu livro "Modernidade e tradição clássica no Brasil"

english
Exclusive interview with the American architect Alan Colquhoun, who has just released his book "Modernity and the classical tradition in Brazil"

español
Entrevista exclusiva con el arquitecto norteamericano Alan Colquhoun, que acaba de lanzar su libro "Modernidad y tradición clásica en Brasil"

how to quote

CONDURU, Roberto. Alan Colquhoun. Entrevista, São Paulo, ano 05, n. 017.02, Vitruvius, jan. 2004 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/05.017/3332>.


Capa do livro "Modernidade e tradição clássica", Cosac & Naify, 2004

Roberto Conduru: No livro Modernidade e tradição clássica, que é publicado agora no Brasil, assim como em grande parte de seus textos, o sr. estuda o movimento moderno na arquitetura. O que ainda há de pertinente nos ideais desse movimento? E as obras, elas constituem mais do que um repertório de formas reaproveitáveis?

Alan Colquhoun: O movimento moderno efetivamente destruiu o que restou do sistema de produção arquitetônica do século XIX. Ele acelerou, com seu fervor ideológico, um processo de mudança cultural que já havia sido impulsionado pelas mudanças sociais, tecnológicas e econômicas nos países industrialmente avançados. Essas mudanças foram de modo geral irreversíveis, mas as formas normativas propostas pelos modernos não subsistiram. Estamos agora numa situação cultural bastante fluida, resultante de uma vasta mudança que levou uma sociedade baseada na manufatura a tornar-se global e ancorada na informação. Algumas idéias e formas do movimento moderno estão sendo reinterpretadas, ao passo que formas completamente novas, inspiradas pela tecnologia recente (particularmente comunicações e a mídia) são simultaneamente exploradas.

RC: Le Corbusier ocupa um lugar especial em sua crítica, inclusive nesse livro. Como o sr. o situa na história da arquitetura? Qual é a importância dele para a arquitetura hoje?

AC: A percepção e a inventividade programática de Le Corbusier eram extraordinárias. Os arquitetos ainda estão garimpando idéias em suas obras (em geral sem admiti-lo). Os resultados, usualmente, nem de longe se parecem com obras de Le Corbusier. O fato de que os parâmetros normativos do movimento moderno fossem insustentáveis não significa que todas as suas idéias automaticamente tenham deixado de ser relevantes.

RC: Depois de Le Corbusier, Adolf Loos é a figura que tem maior destaque em sua história da arquitetura moderna [Modern Architecture. Oxford University Press, 2002] diferentemente do que ocorre em outras histórias da arquitetura moderna. Em contrapartida, Frank Lloyd não tem o mesmo destaque. Por quê?

AC: Dediquei bastante espaço a Loos porque, na minha opinião, ele teve uma compreensão única da crise da modernidade. Suas idéias foram de extrema importância na formulação do corpus teórico do movimento moderno após a Primeira Guerra Mundial. Meu livro dá muito peso à base filosófica do movimento moderno, e para meus propósitos Loos foi uma figura-chave.

Incluí uma avaliação da obra de Wright no pré-guerra, que eu acredito ser de grande importância por si própria na história da arquitetura moderna. Após a Primeira Guerra, no meu modo de ver, a obra de Wright perde muito de sua energia e influência mundial anteriores. Eu admito que há exceções, e sinto não ter incluído algumas obras-primas inegáveis, como Taliesin Oeste e a Casa da Cascata (tive que tomar árduas decisões sobre o que incluir e o que deixar de fora, em conseqüência de limitações editoriais).

RC: E hoje, quais arquitetos e tendências arquitetônicas o sr. destacaria? Qual é a sua avaliação da produção contemporânea?

AC: O movimento moderno tentou estabelecer novas normas, mas os dogmas do modernismo inicial atualmente parecem obsoletos. Hoje, do mesmo modo que todos os outros artistas, os arquitetos estão trabalhando sem uma diretriz única. Nessa atmosfera eclética, “tendências” parecem ter pouca importância, uma vez que cada nova moda intelectual ou artística cancela a imediatamente anterior.

RC: Os textos reunidos em Modernidade e tradição clássica foram publicados em um período no qual era intenso o debate sobre o pós-modernismo. Como o sr. avalia hoje o pós-modernismo? Atualmente, em uma situação cultural globalizada, de trocas intensas, velozes e muitas vezes superficiais, como as tradições afetam a produção arquitetônica?

AC: É óbvio que a situação mudou radicalmente desde o pós-modernismo dos anos 70. O pós-modernismo ajudou a desbancar o cientificismo e a revalorizar alguns elementos da tradição que o modernismo havia descartado (as “ruas”, por exemplo). Mas suas idéias essencialistas, anti-historicistas eram muito ingênuas. Agora nos encontramos numa situação “pós-moderna” muito mais complexa – que rejeita grande parte do dogma modernista, mas não condena a “modernidade”. O problema me parece ser como conciliar o fato de estarmos reconhecidamente “atrelados” à história e a nossa capacidade para fazer julgamentos críticos, como se estivéssemos fora dela.

RC: Como o sr. diferenciaria a sua visão de tradição da que é formulada por Kenneth Frampton? No seu modo de ver, faz sentido a oposição entre “clássicos” e “tectônicos”?

AC: A definição estrita de “tectônica” é “a arte de construir edifícios”. Mas, no discurso arquitetônico o termo tem sido em geral ligado ao problema ideológico de se a construção deve ser revelada ou mascarada. Segundo a doutrina neoclássica, a estrutura de um edifício deveria ser legível. A idéia da oposição entre tectônicos e clássicos foi um mito modernista. Era baseado na crença de que os edifícios eram parte da realidade e não representações.

RC: A tradição clássica, que é um dos temas centrais desse livro [Modernidade e tradição clássica], ainda é uma força influente na arquitetura hoje?

AC: O clássico ainda existe como conceito, mas representa mais uma tendência do que um estilo definido.

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017.01

Fernando Chacel

Antônio Agenor Barbosa

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