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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Os arquitetos portugueses Nuno e José Mateus, titulares do escritório ARX Portugal, comentam suas obras, referências arquitetônicas e o processo de trabalho da dupla

english
Portuguese architects and Jose and Nuno Mateus, office holders of ARX Portugal, comment their works, architectural references and work process of this team

español
Los arquitectos portugueses Nuno y José Mateus, titulares del estudio ARX Portugal, comentan sus obras, referencias arquitectónicas y el proceso de trabajo de los dos

how to quote

JORDÃO, Pedro; MENDES, Rui. José Mateus e Nuno Mateus (ARX). Entrevista, São Paulo, ano 05, n. 020.03, Vitruvius, out. 2004 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/05.020/3321>.


Casa Maria e João Mateus (casa com 1 pátio), Melides, Portugal
[fonte: ARX Portugal, 1992]

Aplicaram uma vez uma metáfora ao processo do vosso primeiro projeto – a Casa de Melides, dos vossos pais. Seria como uma laranja, em que o arquiteto Nuno Mateus trabalharia a casca da laranja, ou seja, a forma, o significado formal, enquanto que o arquiteto José Mateus iria depois descascar a laranja, testando o programa, a funcionalidade, o desenho. Qual é a metodologia que os ARX empregam no seu trabalho? Há algum campo específico de acção para cada um?

Pedro Jordão: Nós usamos essa metáfora, por vezes. Quando desenhamos um projeto, há sempre muita escavação, em que o exterior tem uma determinada expressão e quando escavamos aparece o interior da laranja ou da maçã. Mas nesse projeto o que efectivamente se passou, é muito simples. Dois filhos, arquitetos, ambos queríamos fazer o projeto da casa dos pais, como é natural...

Nuno Mateus: Ao princípio...

José Mateus: Sim, ao princípio. No fim, ninguém queria... Mas o que aconteceu foi que eu iniciei o processo cá, com o meu pai, a fazer uns primeiros desenhos, maquetes, já a tentar dar uma forma à casa, que já estava mais ou menos dissecada por dentro e por fora. Depois, enviei fotografias e desenhos ao Nuno e ele trabalhou naquilo para que estava mais treinado, que era introduzir uma investigação mais ao nível do conceito do que a casa poderia ser. Porque eu tinha pensado num sentido mais escultórico mas mais limitado na relação entre uma forma que começava a ganhar algum sentido e o conteúdo em termos de distribuição espacial. Depois o Nuno fez o seu trabalho em Nova Iorque. Depois, curiosamente veio e naquele caso até foi o Nuno que acompanhou mais a obra.

NM: Essa pergunta contém uma questão muito importante e muito interessante. Eu não sou especialista numa coisa e o José noutra. Aliás, eu nem saberia dizer como é que trabalhamos aqui a esse nível. Nós estamos a trabalhar em simultâneo em dez, doze projetos de escalas muito diversas. Obviamente, nos projetos mais pequenos há sempre um ou outro a levá-lo mais. Mas fazemos como toda a gente aqui no ateliê, maquetes, desenhos, no computador, fora do computador, o almoço... Nos projetos maiores varia muito. Se um projeto é grande e tem um curto espaço de tempo para o resolver – habitualmente o caso dos concursos – tendemos a desdobrar certos conteúdos, certas áreas de abordagem do projeto. Se fosse uma pessoa só a fazê-la, teria que parar de fazer a maquete do contexto para ir tratar dos papéis da burocracia ou parar para ler o programa de ponta a ponta. No fundo, o que nós fazemos é essa partição do que uma pessoa sozinha tem forçosamente de fazer. E depois vamos articulando a par e passo. Nós começamos por dar instruções muito simples às pessoas que trabalham aqui. Começam por fazer uma leitura do programa e constróem volumetricamente todas as áreas do programa, as quais codificam, identificam por cores, enquanto que outra pessoa está a fazer uma maquete do contexto. E depois de nós termos aquele imaginário e aquele contexto e aqueles ingredientes fisicamente aqui, no atelier, muitas vezes ficam aí em cima de uma secretária, durante uma semana ou duas, e vamos todos, consciente ou inconscientemente, trabalhando nisso. A informação passa a estar residente. Depois, consoante a disponibilidade, começa-se.

JM: Vai-se discutindo. Temos a preocupação de estar sistematicamente a pedir opinião ao outro e a perguntar-lhe o que está a fazer e a contar as idéias que têm ocorrido. E tentar ter sempre a mente aberta para o que é a sensibilidade do outro para aquele problema que estamos para ali sentados a tentar desenhar.

NM: Outra coisa que existe como metodologia, é que, quando um entra num projeto do outro, entra sem grandes cerimônias e começa a trabalhar como se fosse seu. Não é a deferência entre nós que nos vai levar muito longe. É justamente o espírito crítico, um enriquecimento mútuo que estendemos às pessoas que trabalham conosco. Neste momento, no maior projeto que estamos a desenvolver, que é a Escola Superior de Tecnologia do Barreiro, o conceito sobre o qual estamos a trabalhar não foi encontrado por mim nem pelo José. Foi encontrado por um arquiteto que trabalha conosco há muitos anos e que está imbuído neste espírito. E ele sabe que estamos a trabalhar num projeto em que a descoberta foi feita por ele, mas cabe-nos a nós providenciar um lugar em que essa descoberta possa acontecer. E eu fiquei com uma alegria imensa, porque esse objetivo dos ARX está a funcionar, no sentido em que alberga outras pessoas como parte integrante desta grande textura que é fazer um trabalho a partir de um corpo de trabalho. Isto é tudo muito informal, as pessoas são bem tratadas e maltratadas, mas sempre num sentido muito horizontal, de igualdade. Não me interessa andar a impor coisa nenhuma. Não aprendo nada com isso. O que me interessa é acrescentar alguma coisa ao dia a dia.

Casa Maria e João Mateus (casa com 1 pátio), Melides, Portugal
[fonte: ARX Portugal, 1992]

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