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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Entrevista com Saturnino Braga, primeiro prefeito eleito da cidade do Rio de Janeiro depois da redemocratização após ditadura militar, fato ocorrido em 1985, há 20 anos

english
Interview with Saturnino Braga, first elected mayor of Rio de Janeiro after the re-democratization after military dictatorship, fact occurred in 1985, 20 years ago

español
Entrevista con Saturnino Braga, primer intendente electo de la ciudad de Río de Janeiro después de la redemocratización pos dictadura militar, hecho ocurrido en 1985, hace 20 años

how to quote

BARBOSA, Antônio Agenor. Roberto Saturnino Braga. Entrevista, São Paulo, ano 06, n. 021.01, Vitruvius, jan. 2005 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/06.021/3319>.


Esquina da Rua Anita Garibaldi com Barata Ribeiro na entrada do Bairro Peixoto no Rio. Foto 2005

Memórias da infância e da juventude em Copacabana, no Rio de Janeiro

Antônio Agenor de Melo Barbosa: Senador, para iniciarmos de uma forma cronológica a nossa conversa, eu gostaria que o Senhor falasse um pouco a respeito da sua infância e juventude. Em que cidade o senhor nasceu e cresceu e como foram estes primeiros anos da sua vida.

Roberto Saturnino Braga: Tudo no Rio. Sou nascido, criado e formado no Rio de Janeiro. E assim desde a minha infância fui criando fortes laços de afetividade com esta cidade. E hoje eu carrego comigo uma componente saudosista enorme dos belos e bons tempos da minha infância no Rio de Janeiro. É curioso mencionar que este laço de afetividade com a cidade foi reforçado ainda mais com a possibilidade que tive de ser Prefeito do Rio de Janeiro. E depois de ter sido Prefeito eu fui eleito Vereador no Rio de Janeiro porque eu sempre tive claro o desejo de me dedicar ao Rio de Janeiro. Em certa medida, estes laços de afetividade com o Rio, que carrego comigo desde a infância, também foram reforçados pelos trabalhos literários que desenvolvi, pois além dos livros sobre política que escrevi eu estou me referindo, sobretudo, aos meus trabalhos de ficção, e alguns contos e romances que também escrevi e publiquei e que a maioria deles tem como cenário o Rio de Janeiro. Eu cada vez mais, nos últimos tempos, tenho me dedicado à literatura. Agora em 2005, vou publicar um novo livro de contos, que já está no prelo, passado no Rio de minha infância, chamado “Contos de Réis”.

AAMB: O senhor nasceu em que ano e em que bairro do Rio?

RSB: Eu nasci no Rio de Janeiro em setembro de 1931. Nasci no Bairro da Glória numa casa de saúde, mas desde que nasci os meus pais já tinham residência em Copacabana. De maneira que eu posso me considerar nascido e criado no Bairro de Copacabana onde passei toda a minha infância e juventude nos anos 30, 40 e 50. Era uma Copacabana ainda muito jovem e eu morava ali na Rua Barata Ribeiro na esquina com a atual Rua Anita Garibaldi.

AAMB: No trecho que hoje corresponde ao Bairro Peixoto, dentro de Copacabana?

RSB: Exatamente. E esta é uma boa história, pois existia ali no final da Rua Anita Garibaldi uma grande chácara que todos nós conhecíamos na época como a chácara do Seu Peixoto, e daí se originou o nome que se dá ao referido trecho de Copacabana que chamamos hoje de Bairro Peixoto. O Seu Peixoto era um português que tinha uma chácara imensa que posteriormente foi loteada e virou o Bairro Peixoto.

AAMB: Na verdade Senador eu acho importante relembrar que a expansão da Cidade em direção à Copacabana se inicia exatamente naquele trecho que o Senhor viveu na infância em virtude da abertura do hoje chamado Túnel Velho ainda em finais do século XIX, não é isto?

RSB: Exatamente. Você tem razão. O túnel chamado Alaor Prata passou a ser conhecido como Túnel Velho justamente depois que se abriu o Túnel Novo que segue pelo Morro do Pasmado em direção à atual Avenida Princesa Isabel, que divide o Bairro do Leme de Copacabana propriamente dita. E da abertura do Túnel Novo eu me lembro, mas o Túnel Velho é anterior ao meu nascimento, no tempo em que Copacabana era um imenso pitangal. Era um areal com muitas pitangueiras. Minha mãe que conheceu Copacabana ainda menina, pois ela era nascida em 1906, me contava muitas histórias sobre o bairro. E na verdade os meus pais foram, certamente, um dos primeiros moradores de Copacabana, pois o meu avô materno possuía um terreno ali na rua que saia do Túnel Alaor Prata – o Túnel Velho – que naquele tempo se chamava de Rua Barroso. Atualmente chamada de Rua Siqueira Campos localizada ali bem no meio e no coração de Copacabana. A rua tem este nome em homenagem a um dos heróis do episódio dos 18 do Forte cujo desfecho foi exatamente na esquina da Rua Barroso com a praia.

AAMB: Qual era a profissão dos seus pais?

RSB: Meu pai era um engenheiro, filho de Campistas e ele também nascido em Campos dos Goytacazes na região norte do Estado do Rio. Na verdade a família Saturnino Braga é oriunda de Campos. E por lá tem até um Distrito de Campos chamado de “Saturnino Braga”, pois o meu bisavô possuía uma grande fazenda na região. O meu avô paterno Ramiro Saturnino Braga foi Deputado Federal ligado ao Nilo Peçanha. E meu pai veio ainda menino para o Rio, para acompanhar o meu avô que fora eleito Deputado Federal no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. De forma que a política está no meu DNA, digamos assim. E meu pai foi um engenheiro de transportes, primeiro de portos, depois de estradas. Meu pai, chamado Francisco Saturnino Braga, foi praticamente um dos fundadores do DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagens). E ele sempre foi conhecido apenas pelo nome de Saturnino Braga. Minha mãe era uma “Horta Barbosa Gonçalves Pena” que era uma família mineira de muita tradição e o pai dela, meu avô materno, era também um engenheiro ferroviário, que comprou o terreno que eu mencionei na Rua Barroso e onde ela foi morar, imagino que pelo ano de 1910 ou 1912 não estou bem certo agora. E a minha mãe me contava muitas histórias daquele tempo que ela passou em uma Copacabana ainda recém desbravada. E eu tinha apenas um irmão que, aliás, faleceu ano passado, mas que não tinha muito interesse pela política como no meu caso.

AAMB: O seu pai também foi um conhecido político no Rio, certo? Ele exerceu cargos públicos importantes no Rio, não é isto?

RSB: O meu pai depois de ser Engenheiro também foi eleito Deputado Federal pelo antigo Estado do Rio e exatamente pelas ligações que ele tinha lá em Campos de onde veio a nossa família. Ele também tinha ligações com outros municípios da região e ele foi Deputado Federal por três mandatos. Ele foi eleito pelo PSD; o velho PSD do Amaral Peixoto. Meu pai era ligado ao Amaral Peixoto e ao próprio Getúlio Vargas por que ele sempre foi um funcionário público, foi Diretor do DNER e sempre ligado a algumas das mais importantes correntes governistas da época.

Meu pai foi deputado Federal e o nome parlamentar dele era apenas “Saturnino Braga”. Meu pai era o Deputado Saturnino Braga. Em 1962 eu me candidatei e me elegi Deputado Federal. Eu era um jovem Deputado Federal com pouco mais de 30 anos, mas não pelo PSD do meu pai e sim pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro) por que eu sempre tive esta utopia socialista comigo na minha cabeça e no meu coração e o Partido Socialista era um partido simpático. A minha votação foi relativamente pequena, mas mesmo assim me elegi Deputado Federal. E meu pai deixou de ser Deputado, pois nesta mesma eleição ele se candidatou a Senador e perdeu a eleição. Então eu fui para a Câmara e na hora de adotar o meu nome parlamentar eu não queria adotar o nome “Saturnino Braga”. E aí para me diferenciar do meu pai eu passei a ser o Deputado Roberto Saturnino. Depois fui eleito também Senador e o meu nome continuou sendo Roberto Saturnino. Mas acontece que aqui no Rio de Janeiro, a imprensa e os meus eleitores sempre me chamaram de “Saturnino Braga” assim como o meu pai também era conhecido. Então eu fui o Prefeito Saturnino Braga, o Vereador Saturnino Braga. São pequenas ambigüidades, mas que acho interessante explicar até mesmo para que se tenha uma noção de que a minha relação com a política vem justamente desta importante participação que a família “Saturnino Braga” sempre teve no Estado do Rio.

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