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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Realizada em 1992, nesta entrevista a Ana Rosa de Oliveria, Lúcio Costa fala de sua formação, da renovação da arquitetura, de Burle Marx, Le Corbusier e Niemeyer e do Plano Piloto de Brasília

english
Held in 1992 in this interview with Ana Rosa de Oliveira, Lúcio Costa talks about his training, renovation of the architecture of Burle Marx, Le Corbusier and Niemeyer and the Pilot Plan of Brasilia

español
Realizada en 1992, en la entrevista de Ana Rosa de Oliveria, Lúcio Costa habla de su formación, de la renovación de la arquitectura, de Burle Marx, Le Corbusier y Niemeyer y del Plano Piloto de Brasilia

how to quote

OLIVEIRA, Giovanna Ortiz de. Lucio Costa. Entrevista, São Paulo, ano 06, n. 023.03, Vitruvius, jul. 2005 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/06.023/3313>.


Ministério da Educação e Saúde (atual Palácio Capanema), Rio de Janeiro. Lúcio Costa e equipe, 1936-42
Foto Nelson Kon

Ana Rosa de Oliveira: O primeiro jardim que o Burle Marx faz é para uma casa que o senhor projeta com Gregori Warchavchik?

Lúcio Costa: Sim, na Rua Raul Pompéia, o projeto é meu. Eu soube do Roberto através da mãe dele, ele já estava tomando gosto pelas plantas. Então eu o convidei para fazer o jardim.

AR: Como era esse jardim?

LC: Era daqueles lotes em que a casa ocupa muito espaço e era toda a parte externa e o terraço.

AR: Como o senhor conheceu o trabalho de Le Corbusier?

LC: Através da leitura. Le Corbusier tinha publicado vários livros naquela época, fazia muitas conferências, viajando pelo mundo e propagando as novas idéias com grande êxito. De modo que, com o episódio da construção do Ministério da Educação que não era esse que o Oscar construiu, fizemos um projeto que agradou muito ao Capanema. Ele queria construir com pressa, ele queria construir logo, porque o Ministério estava funcionando em um prédio particular; mas como eu estava muito apaixonado por essa renovação, eu não tinha confiança em partes do projeto.

Eu tinha muita admiração pela obra do Le Corbusier e não sabia que era a primeira oportunidade no mundo de fazer um prédio de grande porte, um prédio público, de acordo com essas novas idéias. Na Europa havia muitos prédios construídos de acordo com esse movimento, mas todos prédios menores, prédios pequenos.

Essa oportunidade era de muita responsabilidade. Então eu falei com o Capanema que eu gostaria de ter a aprovação do Le Corbusier, porque nós éramos seus admiradores, seguíamos suas inovações e gostaríamos que ele desse uma mão e aprovasse o projeto também. E o Capanema disse: "Não isso é impossível, eu tenho pressa, no ano anterior eu já chamei o Piacentini" – o arquiteto italiano do Mussolini que construiu a Universidade de Roma e já tinha estado aqui a convite do governo. "Como é que agora eu vou propor ao Vargas convidar um outro arquiteto, para dar um parecer, em um projeto que já está pronto e eu estou gostando e quero construir imediatamente".

Mas quando você está apaixonado... e é moço; eu insisti tanto, que ele disse: "Bom, faz o seguinte: eu levo você ao Catete e você explica ao Getúlio, se ele concordar, se chama esse homem". Ele me levou para o Catete – era o primeiro mandato do Getúlio Vargas, ele estava iniciando. O Getúlio acabou aceitando, mais como um avô fazendo o capricho do neto. Disse: "Se vocês acham que é importante, chamem o homem". Então o Capanema entrou em contato com Le Corbusier, ele veio. Nós fomos esperá-lo de madrugada. Ele veio no Zepelim – aquela coisa prateada, bonita, silenciosa – passava baixinho. Foi o meu primeiro contato com Le Corbusier. Ele ficou aqui um mês, no meu escritório, com os arquitetos todos em volta aproveitando aquela oportunidade. Porque na rua de Sèvres em Paris, tinha arquitetos de todas as nacionalidades, mas nenhum brasileiro. Com o Brasil, aconteceu o contrário, ele é que veio aqui. Então, ele elaborou um projeto, ele achou um absurdo fazer um projeto destas proporções naquele terreno, que ia ser cercado por todos os lugares de prédios de escritório. Ele caminhando uns 500 m estava vendo o mar e o Pão de Açúcar, por que não fazer um prédio num terreno voltado para o mar e o Pão de Açúcar?

Em 1922, houve uma grande exposição internacional de modo que tinha essa parte de aterro feita e o local que ele escolheu estava mais ou menos onde está atualmente o Museu de Arte Moderna. Ele tomou a iniciativa dele próprio elaborar um projeto para este terreno, para servir de base ao projeto definitivo, que nós fizemos junto com ele. Mas aí o Capanema estava com pressa, trocar de terreno era muito complicado, provocaria um atraso, de modo que ele queria fazer nesse terreno mesmo. Nele havia umas limitações da Aeronáutica, um exagero de restrições. Só permitiam um prédio de 8 andares e a orientação do terreno era favorável, mas com oito pavimentos não dava a metragem que o Capanema precisava para o Ministério. O prédio precisava ser mais alto; mas eu como bom brasileiro, bom carioca, sei que algumas coisas ocorrem com perito, de modo que eu fui ao engenheiro calculista Emílio Baumgarten – que introduziu a estrutura de concreto aqui no Rio – ele era de Santa Catarina. Ele estava incumbido de projetar a estrutura do prédio. Então eu disse: “Você faz as fundações, calcula a altura definitiva, já para um prédio de 15, 16 andares, porque eu estou certo de que, com o correr do tempo, a Aeronáutica compreenderá que é um exagero esta limitação.

E assim foi. O prédio já começou com as fundações adequadas. Durante a construção eu consegui que o prédio tivesse a altura definitiva que é esta obra prima do ministério. É um prédio importantíssimo, porque foi construído numa época em que, nos EUA, não havia nenhum prédio assim, com a fachada envidraçada. Hoje em dia você vai a Nova Iorque, vê aqueles prédios todos e acha que aquilo é uma arquitetura americana. Não, aquilo era uma criação européia e a primeira aplicação foi no Ministério.

Depois, em Brasília, foi o próprio Oscar quem chamou o Burle Marx para fazer os jardins. Você sabe que houve um concurso, vinte e tantos concorrentes para escolher o projeto da nova capital. Escolheram meu projeto, mas aí não tanto por iniciativa minha, mas do próprio Oscar. Porque antes da construção de Brasília ser iniciada, o Juscelino – o Oliveira, como o chamavam em Portugal – o presidente Oliveira estava precisando de um arquiteto, quando ele era prefeito de Belo Horizonte. Ele telefonou para o Rodrigo Melo Franco que era na época o diretor do Patrimônio Histórico e Artístico, pedindo para que ele lhe indicasse um arquiteto, porque ele estava precisando fazer umas obras na Pampulha. Pampulha era um arrabalde de lodo, uma lagoa. O Rodrigo teve a inspiração de indicar o Oscar. Então, o Oscar entrou em contato com o Juscelino e os dois se entrosaram muito bem, pareciam irmãos mentalmente e o Oscar com aquela inspiração, rapidez, projetou os quatro edifícios, capela, cassino, clube etc e ficaram muito amigos. Quando o Juscelino transformou-se em presidente da república, ele já tinha um arquiteto no bolso, era Oscar Niemeyer. Era um arquiteto previamente escolhido. Isto quer dizer que o concurso foi somente na parte de urbanismo da cidade, o plano piloto. Eu elaborei o plano piloto. Eu não pretendia participar do concurso, mas no meio do prazo, eu tive uma idéia, achei que valia a pena e concorri.

Ministério da Educação e Saúde (atual Palácio Capanema), Rio de Janeiro. Lúcio Costa e equipe, 1936-42
Foto Nelson Kon

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