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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Marcelo Corti entrevista o urbanista catalão Jordi Borja, que fala sobre as recentes revoltas na periferia de Paris e seus condicionantes históricos e urbanísticos

english
Marcelo Corti interviews planner Catalan Jordi Borja, who talks about the recent riots in the suburbs of Parisian suburbs and their historical conditions

español
Marcelo Corti entrevista al urbanista catalán Jordi Borja, que habla sobre las recientes revueltas en la periferia de París y sus condicionantes históricos y urbanísticos

how to quote

CORTI, Marcelo. Jordi Borja. Entrevista, São Paulo, ano 07, n. 025.05, Vitruvius, jan. 2006 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/07.025/3304>.


Banlieue em Paris

Marcelo Corti: A exclusão marginal ética e a violência na periferia parisiense, e em geral nas grandes cidades européias, são problemas que ocorrem "na cidade" ou, num certo ponto, são questões próprias da cidade? Como se articulam as dimensões social, política e territorial destes conflitos?

Jordi Borja: Num conflito como o que ocorre hoje em Paris intervêm muitas causas, mas o tema que eu enfatizaria mais é que já faz anos se avariou o elevador social. A gente que vive nestes bairros é, em grande parte, de origem imigrante, mas ao dizer "origem" estamos dizendo que se trata de filhos, e incluso netos, de imigrantes. A imigração tão importante dos anos ´50, ´60 e ´70 foi um dos fatores, ainda que não o único, que moveu à construção destes grandes conjuntos de habitações, os HLM – Habitation à Loyer Moderé (1), etc. Foi uma imigração que se integrou bem rapidamente na sociedade francesa através de uma mobilidade social ascendente vinculada ao trabalho. Boa parte desta população era de origem magrebe, africana, também de cidades do sul da Europa, Espanha, Itália, Portugal; uma parte era religiosa, outra não: muitos dos que chegaram sendo religiosos deixaram de ser. Em todo caso, este nunca foi um problema, nunca foi um elemento de identidade significativo. Muita gente de procedência africana ou árabe deixou de ser religiosa, e ainda que fossem, todos enviaram seus filhos à escola laica, a escola republicana francesa. O que efetivamente funcionou foi a integração através do trabalho, por isso nestes grandes conjuntos se mesclaram pessoas de distintas migrações com franceses de raiz.

O que é que ocorreu? Um processo social e urbano. O processo urbano, que é o mais evidente, é o que se chamou o círculo vicioso da marginalização. Estes bairros, de arquitetura pobre e de urbanismo ainda mais pobre, com pouca qualidade cidadã, periféricos, nem sempre bem comunicados, com pouco equipamento, nas margens da cidade, foram progressivamente abandonados pelas pessoas que melhoravam sua posição. E em troca, os que vieram para eles são precisamente as pessoas que não melhoravam sua posição, as que estavam na escala social mais baixa. Este fenômeno urbano foi acentuando o que era no principio um processo social, em que as pessoas que ficavam na parte baixa da escala (ou que diretamente descendiam) eram em grande parte imigrante. Isto era assim porque na prática funciona uma discriminação de fato, não jurídica, sobre aquelas pessoas que, ainda sendo franceses de nacionalidade, são de origem árabe, africana, latino-americana (em muito menor medida), turco, etc. Estas pessoas são as que na segunda ou terceira geração viram freada sua ascensão social, e ficaram ali. Não todos os de origem imigrante ficaram ali, mas os que ficaram ou os que chegaram nos tempos mais recentes são em grande parte de origem imigrante, ou franceses muito pobres, o que aumenta o grau de violência potencial, porque é gente que disputa os postos de trabalho de pior qualificação. Nestes bairros violentos, a porcentagem de desocupação pode ser facilmente de 50%. Mas existe algo pior que isto: a falta de perspectiva. Nos bairros marginais o problema não é unicamente uma questão de déficit urbano ou de desemprego: é que não se vê saída. Até os anos 80, nestes bairros o acesso ao trabalho era possível e a educação era uma garantia de progresso social. Então, se criam situações de estopim, e quando existe um estopim, uma chama o acende, isso foi o que passou. Existe uma dimensão estritamente urbana, que poderíamos resumi-la em três pontos: localização periférica, pobreza do espaço público e arquitetura dura, sem qualidade. Mas acredito que pesa mais o aspecto social, que está ligado à descriminação, ao desemprego, e à falta de perspectiva de mobilidade.

Banlieue em Paris

notas

1
Os organismos que administram os HLM (Habitation à Loyer Moderé) gestionam em torno de 35% do parque residencial construído na França. Uma pagina WEB do governo francês informa sobre sua situação: <https://bailpdf.com/articles/ministere-du-logement>.

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