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interview ISSN 2175-6708

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Na entrevista a seguir, o arquiteto italiano Giancarlo De Carlo expõe sua visão, muito rica, das interfaces entre a arquitetura, o urbanismo, a sociedade e seus valores culturais e ambientais

how to quote

PIZA, João. Giancarlo De Carlo. Entrevista, São Paulo, ano 08, n. 032.02, Vitruvius, out. 2007 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/08.032/3292>.


Habitações em Terni, Itália, Giancarlo De Carlo

João Piza: Freqüentemente, a discussão de arquitetura cai em questões subjetivas, de gosto pessoal. Como você trabalha com o gosto dos clientes?

Giancarlo De Carlo: Cliente é cliente, naturalmente. Quando falamos de participação, o cliente é coletivo, é mais amplo, mas pode ser também aquele que encomenda uma casa. Eu acho que é preciso ter sempre claro que a presença do cliente é importante no processo arquitetônico, porque é ele que deve, no fundo, tomar a decisão de fazer uma coisa e depois usá-la. E é preciso ter em conta que não se pode desprezar as pessoas para as quais se trabalha.

Naturalmente, a sua responsabilidade se torna muito maior se o cliente para o qual trabalha é uma coletividade, porque o cliente individual sabe definir suas prioridades mais ou menos por si só, enquanto a coletividade é mais frágil, deve ser ajudada.

Todas pessoas têm gosto. Tendemos a crer que as pessoas refinadas é que têm gosto, no entanto as pessoas pobres também o têm. Algumas vezes, mau gosto. É importante dizer mau gosto, que estabelece uma dialética com o bom gosto, e é sempre melhor o mau gosto que nenhum gosto. Nós estamos em uma época em que não há mais gosto, no sentido que o gosto se vê nas propagandas televisivas. Prefiro o mau gosto que esta falta total de gosto, sugerida pelos meios de informação.

Hoje, porém, também as pessoas que não praticam a arte têm a oportunidade de expressar o seu gosto. Isso existiu muito na história. As casas construídas pelos pescadores, pelos agricultores, pelos camponeses, são frequentemente muito belas. Houve épocas em que eram belíssimas. Porque se imbuíam da natureza, dos raios de sol, da necessidade de sombra, seguiam sobretudo a pesquisa de uma tecnologia que estivesse a seu serviço e por isso faziam as coisas bem feitas. As pessoas normais não querem fazer as coisas mal, querem fazer bem. Há um gosto popular, e precisa se estar atento, pois é uma coisa que se está perdendo. Mas é um gosto que conta. Deve-se respeitar o gosto de todos que o têm.

O arquiteto não é passivo diante deste problema, pois também ele tem o seu gosto. E por isso dialoga, põe em relação, mas deve estar atento para ensinar quem chega de fora. Pois dizer “eu já tenho gosto e eles não entendem nada!” é uma posição enganosa, que empobrece o arquiteto, que nos empobrece. É muito melhor que expresse o seu gosto depois de buscar entender o gosto das pessoas para as quais trabalha, porque delas poderá extrair as sugestões e encontrar um modo de pensar e inventar. Se me propõem uma coisa que me desagrada, eu digo: “desculpe-me, mas eu não posso fazer”. Porém, o próprio fato de me terem proposto me excita muito a encontrar uma solução, que de outra forma eu teria buscado preguiçosamente. Assim, chego ao invento e me torno mais inteligente.

Habitações em Terni, Itália, Giancarlo De Carlo

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