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interview ISSN 2175-6708

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Leia a entrevista concedida ao jornalista João Carlos Henriques e ao arquiteto Eduardo Pierrotti Rossetti por Alfredo Gastal, arquiteto que assumiu a superintendência do IPHAN no DF em julho de 2004

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MARQUES HENRIQUES, João Carlos; ROSSETTI, Eduardo Pierrotti. Alfredo Gastal. Entrevista, São Paulo, ano 11, n. 042.01, Vitruvius, maio 2010 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/11.042/3421>.


Mapa das distâncias em linha entre as capitais estaduais e Brasília
Foto Mário Fontenelle [fonte: Acervo Público do Distrito Federal]

João Carlos Henriques e Eduardo Pierrotti Rossetti: Como melhorar a imagem de Brasília nos outros Estados, ainda mais agora que o governo do DF caiu em desgraça. Esse quadro pode ser revertido? O brasileiro conhece Brasília?

Alfredo Gastal: É um problema político, agora local, porém, com tradição nacional localizada aqui... Do ponto de vista turístico a cidade jamais foi explorada. Na verdade, a Brasília de Juscelino começou cosmopolita – pelo menos em termos brasileiros – abrigou, nos seus primeiros anos deputados, senadores, intelectuais, artistas e diplomatas como Darcy Ribeiro, Elvin McKay Dubugras, Glenio Bianchetti, Athos Bulcão, Wladimir Murtinho, Edgar Graeff, Leopold Quarles van Ufford (3), Vladimir Carvalho, Vera Brandt, mais tarde, Aloysio Magalhães, e uma infinidade mais que minha memória e o espaço deste artigo não comportam; isto aqui era o “ó do borogodó”. Mas o tempo foi passando, a cidade cresceu e se ensimesmou. Ela conseguiu ficar alegre, jovem, com ruídos e aglomerações quase metropolitanas no comércio e nas áreas que se transformaram de lazer e, ao mesmo tempo, conservadora e ranzinza.

O brasileiro pouco conhece sobre Brasília. Suas imagens quase sempre as mesmas, são monumentos estáticos em geral despidos de gente que não mudam ao longo dos anos, fala-se sobre a aridez do cerrado, sobre as falcatruas nacionais e locais (novas e se esquece as passadas), na realidade, sabe-se mais dos músicos, compositores e cantores daqui do que de qualquer outra coisa. Brasília jamais foi vendida como um destino nos programas de turismo. Você chega à cidade e, ou aluga um carro ou fica a mercê dos ônibus de turismo. As pessoas olham, acham bonito, mas não entendem. A formação de guias turísticos é pífia e deve servir apenas para preencher currículos; as informações sobre os monumentos mais pífias ainda e o sistema não parece oferecer nada de especial além dos hotéis e cantinas sem graça durante a noite.

O Itamaraty, o Alvorada, o Congresso Nacional, a Catedral, o Planalto todas obras primas de Oscar Niemeyer são visitados com óbvias restrições mas, com exceção do Itamaraty e do Poder Legislativo, poucos ofertam informações e publicações com referência e localização do seu acervo artístico e sua história arquitetônica. O Plano Piloto ou é uma incógnita para o forasteiro ou é mal contado sua concepção. Por outro lado, como nosso sistema político ainda sofre de eventuais crises de caciquismo, existe uma tendência a atacar ao bel prazer do burocrata de plantão as obras de arquitetura e até mesmo o urbanismo de Brasília.

Há até estórias curiosas: áreas no Plano Piloto onde por exigência do arquiteto, com o apoio de um do poderes da República, nas quais foi alterado o gabarito dos prédios e que por isso fogem completamente ao tombamento federal. Outro exemplo está no poder da indústria imobiliária sobre a qualidade da arquitetura. A Asa Sul, foi uma empreitada principalmente governamental e, portanto, pode dar-se ao luxo de não submeter-se às leis econômicas do mercado imobiliário. O resultado é uma arquitetura de grande qualidade. Já a Asa Norte foi projetada, em sua maior parte, e construída pela indústria da construção civil onde o lucro, e não a qualidade arquitetônica, com raras exceções, foram premissas básicas para seus projetos. Isso não quer dizer que a quantidade do espaço seja condicionante de qualidade arquitetônica, entretanto, nesse caso, a pretensão do “faz-de-conta” aburguesado de uma parte da classe média associada a uma legislação marota sobre sacadas, acabou gerando uma arquitetura digna das concepções do BNH dos anos 70. As fachadas dos prédios, a concepção dos espaços internos e externos e os materiais, em geral, são de qualidade freqüentemente discutível. Por outro lado, a maioria dos blocos do Setor Comercial Norte, na avenida W3, parecem saídos de um filme barato de faroeste. É patético ver uma cidade tão esmeradamente concebida, tão cheia de sonhos fáceis de serem alcançados com uma arquitetura simples, econômica e bela por sua singeleza (como sempre insistia Lúcio) ter uma de suas metades transformada num monstrengo urbano. Há que fazer uma ressalva: a W3 Sul, tampouco, foi um primor de arquitetura e hoje, seu estado de decadência precoce também a transforma em uma peça urbana envelhecida e decadente.

nota

3
Embaixador dos Países Baixos, o primeiro embaixador estrangeiro a mudar-se para Brasília.

Operário trabalhando
Foto Peter Sheier [fonte: Acervo do Departamento do Patrimônio Histórico e Artístio do DF]

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042.01
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042

042.02

Entrevista Ana Luiza Nobre e Guilherme Wisnik

Francesco Perrotta-Bosch, Gabriel K. Maia, Mariana Meneguetti, Valmir Azevedo and Carolina Maiolino

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