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interview ISSN 2175-6708

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Gabriela Celani entrevista Tobias Wallisser, um dos sócios do LAVA - Laboratory for Visionary Architecture - de Berlim, que utiliza meios digitais, princípios estruturais encontrados na natureza e as últimas tecnologias de fabricação digital.

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CELANI, Gabriela. Lava, arquitetura visionária em Berlim. Entrevista com Tobias Wallisser. Entrevista, São Paulo, ano 16, n. 064.02, Vitruvius, out. 2015 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/16.064/5808>.


Mercedes Benz Museum
Foto divulgação [UNStudio]

Gabriela Celani: Você poderia falar sobre sua atividade de ensino na Academia de Artes em Stuttgart? O que vocês estão ensinando lá?

Tobias Wallisser: A Academia de Artes é um lugar muito especial. Geralmente na Alemanha você tem grandes universidades técnicas e você tem as universidades tecnológicas, que formalmente são ainda mais técnicas, mas há apenas duas escolas na Alemanha onde você pode estudar arquitetura como programa de bacharelado e mestrado, e isso é um modo muito artístico de olhar para essa questão. O que nós tentamos é deixar que as pessoas encontrem sua própria abordagem para a arquitetura. Então nós não apenas ensinamos aos alunos como fazer algo; nós queremos formar alunos interessados, e aí eles se tornarão motivados em aprender como fazer. Eu ensino no programa de mestrado. É um atelier sobre diferentes tipos de espaços, muito relacionado com o uso de diagramas, tentando abstrair ou visualizar as relações e conexões subjacentes em um projeto a criar algo que você não criaria baseado na sua vivência cultural ou na sua experiência. Trata-se de permitir às pessoas desenvolverem algo sem saber exatamente o que elas querem fazer. Eu também dou uma disciplina sobre projeto digital. A ideia é mostrar às pessoas o processo completo, como desenhar uma geometria complexa, como construir protótipos usando máquinas CNC, aprendendo o que funciona bem e o que não funciona, e as limitações da máquina CNC, e quando adaptar seu modelo digital de novo, e então desenvolver um projeto final. Então, o que nós estamos tentando fazer é mostrar aos alunos que há elementos interessantes em cada parte do processo, desde que você trabalhe em um ciclo. O processo não é linear; é um processo recursivo. Não importa mais se você começa de cima para baixo ou de baixo para cima. Quando você se move por todo o ciclo você tem que combinar ambas as abordagens. Você precisa ter uma ideia, mas então a ideia precisa se materializar em detalhes e cada detalhe precisa ser manufaturado. Vendo a manufatura, você tem algumas ideias sobre o partido, se era o conceito correto ou se você precisa adaptar a geometria ou mesmo o partido. É muito sobre ensinar um método. "Como trabalhar", ao invés de "o que fazer".

GC: Você traz muitas experiências do seu escritório em Berlim para os ateliers de projeto que você leciona em Stuttgart?

TW: Como um arquiteto praticante você pode aplicar o conhecimento que você desenvolve no escritório; esse trabalho entre análise e síntese você pode realmente aplicar nos cursos e nossa prática também é beneficiada por essa abordagem mais teórica que fazemos no atelier de projeto. Por exemplo, nós sempre olhamos para as possibilidades de manufatura no uso de certas máquinas. Por exemplo, é espantoso ver como as pessoas usando impressoras 3D acham que você não precisa se preocupar com a geometria, você apenas aperta um botão e você consegue construir qualquer geometria 3D. Mas isso é parcialmente verdade. Há limitações na fabricação de modelos impressos em 3D. O que eu acho que poderia ser mais interessante informar é que o modelo será construído em camadas, então nós usamos esse processo como algo que se torna como a sua impressão digital. O processo de manufatura é visível no produto final, como característica ou como qualidade do produtor final, em vez de tentar imprimir algo que pareça totalmente liso como uma superfície. Nós estamos olhando para a capacidade da impressão 3D de ser usada também como qualidade estética. Nós chamamos [esses exercícios] de 3D digitais. Você pode manufaturar a mesma geometria, mas se você imprimir em um ângulo diferente as coisas podem sair um pouco diferentes, e em vez de ser algo que simplesmente aconteceu você na realidade projetou dessa maneira. É uma decisão que você toma. Você deve estar ciente disto e ser capaz de levar isso em consideração quando projeta um objeto. Se você precisar dividir um objeto em partes menores você tem que pensar sobre as junções e então transformá-las em uma qualidade do objeto em vez de somente algo necessário.

GC: Qual sua opinião sobre a educação dos arquitetos na Alemanha? Quais novas tecnologias estão efetivamente sendo incorporadas no treinamento profissional?

TW: Claro, é importante que você aprenda a usar uma variedade de ferramentas, como inserir a informação no computador e como retirar a informação dele. Mas as pessoas acabam aprendendo de alguma maneira. No meu ponto de vista o que é mais problemático na educação é que nós ainda estamos ensinando as pessoas com uma visão do século 19 sobre o arquiteto criativo. O cara que tem uma ideia, e criação é algo pessoal, você faz o projeto e você tem outras pessoas que ajudam a executar. Isso é uma ideia muito antiquada do trabalho do arquiteto. Hoje [a profissão está muito mais ligada ao] processo colaborativo, onde cada um contribui com diferentes habilidades e conhecimentos. Na prática é muito mais sobre a colaboração entre arquitetos e engenheiros. Você precisa aprender uma linguagem para se comunicar com um engenheiro. Essa linguagem é a programação, e isso é fantástico, mas não funciona para todo mundo. Mas geralmente uma pessoa sabe programação e outra sabe sobre algo diferente e eles precisam se comunicar sobre o projeto. Então eu penso que a coisa mais importante é ensinar a comunicação dentro de uma equipe de arquitetos ou arquitetos e engenheiros. Comunicação é a parte mais valiosa e isso é algo para o qual não estamos dando a atenção necessária.  Nós ensinamos habilidades e destrezas, mas nós também precisamos aprender como ensinar a tomar decisões. Nós também precisamos ensinar cultura, cultura arquitetônica. Não apenas história da arquitetura, mas a história da manufatura, a história do projeto, entendendo que tecnologia é importante, é o que torna possível fazer algo diferente. Mas eu gostaria de citar Cedric Price: “se a tecnologia é a resposta, então qual é a pergunta?”. No fim nós sempre perguntamos a nós mesmos por que estamos fazendo isso, porque é algo para as pessoas. Nós não deveríamos projetar um edifício porque nós podemos apertar um botão em uma fantástica ferramenta nova a qual permite a você desenhar um edifício que se pareça como isto ou aquilo. Isto é bom para o ambiente acadêmico, é um ponto inicial, mas não deveria ser seu objetivo na vida construir essa coisa maluca duplamente retorcida, apenas para deixar uma marca como o cara que fez a forma da última moda. Mas podemos juntar essas habilidades para fazer algo que tenha sentido? Isso é algo em que eu sempre penso, mas nós nunca temos tempo suficiente para chegar a esse ponto. Nós estamos ocupados tentando ensinar o básico e nós nunca falamos sobre o que você faz quando você adquire os conhecimentos básicos.

GC: Você está fazendo pesquisas na Escola de Artes?

TW: Nós somos uma pequena escola com um orçamento limitado, então nós não podemos montar um grande espaço de fabricação. Nós temos máquinas pequenas e nós pesquisamos no básico. Um exemplo é [aquele que eu descrevi anteriormente sobre a impressora 3D]. Outra coisa que nós fizemos com uma simples CNC de três eixos, foi alterar o código do caminho de fresagem da máquina para que você não precise um monte de polígonos para ter uma superfície bastante complexa. Nós projetamos uma superfície simples e então nós alteramos o código para em vez de ter a máquina fresando suavemente, ela avança [rapidamente] sobre o material, e o resultado é baseado puramente no processo [de fabricação] e não na geometria. O que nós projetamos é na realidade o movimento da fresa e seu rastro se materializa no objeto. Então nós olhamos para isto, como um arquiteto, onde você pode interferir no processo de manufatura. É o oposto de dizer que primeiramente nós produzimos uma geometria complexa e que então nós achamos uma máquina melhor para produzir aquela complexidade. É mais sobre como usar uma simples máquina, mas aumentado a complexidade do resultado ao utilizá-la de modo diferente. É como “hackear”. Quando eu trabalhei no meu Commodore 64 a memória do computador era tão pequena que eu constantemente tinha que ser criativo sobre como armazenar dados. Nós olhávamos mais para o processo e em como reutilizar as coisas e como minimizar o trabalho. Eu acredito que isso é apropriado para uma escola onde nós não temos recursos para comprar o equipamento mais moderno. Mas nós também colaboramos com outras pessoas. Nós temos um workshop de robótica com a TU Graz, no qual nós cortamos isopor, procurando usar o robô para minimizar o desperdício.

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