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my city ISSN 1982-9922

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CORINALDI, Vittorio. Residência Schocken de Erich Mendelsohn: é possível salvar uma memória? Minha Cidade, São Paulo, ano 03, n. 034.02, Vitruvius, maio 2003 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/03.034/2041>.


Residência e Biblioteca Schocken, Erich Mendelsohn, Jerusalém, 1934
Foto Alfred Bernheim [IFA – Institut für Auslandsbeziehungen]


Residência e Biblioteca Schocken, Erich Mendelsohn, Jerusalém, 1934 [Fonte: Revista Óculum 7/8]

 

Ultimamente, a consciência da necessidade de preservar arquiteturas do passado tem tido um certo incremento. Talvez venha em ajuda para isto – mais do que uma sincera preocupação pela busca de raízes culturais – a descoberta por parte de executivos imobiliários, do potencial econômico contido na recuperação de edifícios capazes de despertar nostalgias românticas, com pinceladas de história misturadas a empreendimentos de nítido caráter comercial.

Como, em última análise, o resultado de um tal enfoque é a salvação e melhoramento de obras que de outro modo estariam condenadas ao desaparecimento, só se pode aprovar medidas de tal natureza.

Menos afortunadas são aquelas obras de um passado mais próximo, documentos de desenvolvimentos culturais que marcaram o século XX, que escapam à curiosidade que construções mais antigas podem suscitar.

Elas exigem um maior envolvimento e interesse pelo âmbito histórico-crítico; seu estado de manutenção freqüentemente desleixado, assim como o fato de encontrar-se elas muitas vezes em áreas da cidade que sofreram modificação de valores imobiliários, as tornam presa fácil para interesses especulativos, que tendem a diminuir com menosprezo seu valor, colocando-as na mesma ordem de julgamento que a medíocre corrente geral das construções adjacentes.

Algumas vezes, uma legislação urbana normalmente pouco eficiente consegue evitar a completa destruição, outorgando direitos preferenciais de ocupação de solo, ou concedendo facilitações fiscais de vária natureza, em troca da reabilitação do imóvel existente

Temos visto alguns passos neste sentido – alguns mais, outros menos coroados de êxito – nas principais cidades de Israel.

Aqui, como é sabido, se concentra um acervo incomum da arquitetura das primeiras décadas do século, quando essas cidades tiveram seu primeiro “boom” construtivo. Em cada uma delas encontramos exemplares de significado histórico e arquitetônico – obras de arquitetos oriundos da Europa e formados dentro dos princípios da Bauhaus e do Movimento Moderno internacional.

Muitas caíram em degradação, desgastadas em seus materiais perecíveis por um uso pouco respeitoso. Outras sofreram intervenções ofensivas, que freqüentemente as deturparam de forma irreconhecível. Mesmo como parte dos esforços de restauração, houve casos de manipulações irreverentes de pouco gosto e escassa compreensão cultural.

Mas de modo geral, pode-se afirmar que a tendência de criar desenvolvimento à custa de apagar o passado foi contida em certa medida.

No entanto, um grave atentado em sentido inverso está para ser perpetrado, conforme foi noticiado recentemente: a residência Schocken – uma das melhores e mais conhecidas obras de Erich Mendelsohn em Jerusalém, e um dos mais importantes documentos do período israelense daquele grande artista – está ameaçada de demolição, para deixar lugar para mais um projeto imobiliário, um dos muitos que têm proliferado ultimamente.

Trata-se de uma brutal tentativa de sobrepor as conhecidas considerações de lucro às necessidades de respeito e memória urbana: lucro dos empreendedores, ávidos de uma exploração muito mais intensiva do terreno; lucro da autoridade municipal, que em sua crônica deficiência orçamentária fecha os olhos diante da possibilidade de aumentar seus rendimentos tributários; lucro dos proprietários, desejosos de se livrar de onerosos custos de manutenção, mesmo si forem sensíveis à importância histórica do edifício.

É de esperar que aos protestos que começaram a se fazer ouvir aqui em Israel, se juntem urgentemente vozes internacionais, que venham reforçar uma tentativa de última hora de salvar uma obra de acentuada qualidade artística e de indiscutível importância histórica e documentária dentro do quadro da cultura ocidental.

sobre o autor

Vittorio Corinaldi é arquiteto formado na FAU USP e correspondente Vitruvius em Israel.

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