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my city ISSN 1982-9922

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LIMA, André. Vivendo no limbo. Vitória-ES: província ou cidade grande? Minha Cidade, São Paulo, ano 05, n. 051.02, Vitruvius, out. 2004 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/05.051/1994>.



Foto André Lima


A cidade de Vitória se orgulha em ser considerada a quarta melhor cidade brasileira para se viver. Eu, diferente daqueles que qualificaram a cidade, moro em Vitória, e discordo.

Primeiro porque os critérios para avaliar a qualidade de vida desconsideraram os bolsões de pobreza dos municípios vizinhos a Vitória e que, pela proximidade, a pobreza destes municípios influencia diretamente na qualidade de vida da cidade, como por exemplo, a violência, o maior índice do país.

Segundo porque morar em Vitória é ruim mesmo, mas poderia ser bem melhor. Trabalhar em Vitória é conviver com políticos e investidores que se portam como adolescentes de 15 anos vestidos de adultos.

Morar em Vitória é ter que conviver com pessoas medrosas que amontoam os carros na frente dos estabelecimentos onde fazem as compras, pois segundo eles próprios estacionar o carro longe e andar na rua é perigoso.

Passear em Vitória é ir a principal praça da cidade, o Shopping Vitória, ou andar na Praia de Camburí e se maravilhar com a faixa de vista situada entre 15 e 30 graus da linha de horizonte de onde se vê todas as caixas d’água, antenas de tv, fios de alta tensão e as instalações de uma mineradora sobrepostas em frames que se movem à medida que se anda. Concluindo: Na praia, olhe pro chão.

Mas existem pequenas medidas que talvez ajudassem essa cidade a crescer não só pra cima, mas também em maturidade. Uma delas é propor ao PDU (espécie de bíblia municipal) de que as novas construções sejam proibidas de confundir a população de que lazer é sinônimo de dinheiro. O caso é tão grave que os bares da orla de Camburí estão fechando ao mesmo tempo em que surgem agencias bancárias.

Outra medida é distribuir cartilhas culturais propondo que a cidade se desvincule um pouco mais de si mesma, dizendo coisas do tipo: "Nem tudo que é da terra é bom". Talvez reduzisse assim a quantidade de granito das fachadas.

Eu ainda proponho para as empresas que estão vindo para Vitória, como, por exemplo, a Petrobrás, que façam exigências para se instalar na cidade, como por exemplo: 1) Fazer um teatro descente; 2) Distribuir mais a renda para municípios vizinhos, e assim ter condições de reduzir a violência; 3) Um sistema de transporte público eficiente; 4) Acabar com os engarrafamentos (proporcionalmente os piores do país) reformulando as conexões entre os corredores viários e não distribuindo o engarrafamento ao longo da via como é feito.

Concluindo: Se eu fosse de fora e fosse imparcial, provavelmente acharia Vitória uma boa cidade para se morar, mas como moro aqui desde que nasci e vejo que neste processo de cidade provinciana para cidade grande, esqueceram de dar um curso de capacitação para a população, eu, no momento, sou totalmente parcial e detesto. Preferia do jeito que era antes. Enquanto isso, eu peço encarecidamente à Srta Rachel Rolnik e ao Ministério das Cidades que acompanhe a elaboração do PDU e o crescimento de cidades como Vitória, pois se dependermos só daqueles que legislam por estas bandas...

sobre o autor

André Lima, arquiteto, formado pela UFES em 2003.

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