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my city ISSN 1982-9922

abstracts

português
O Parque do Flamengo, de 1965, que teve dentre seus projetistas grandes nomes como Affonso Eduardo Reidy e Roberto Burle Marx, sofre com a ameaça de ter seu projeto original modificado graças a um projeto possivelmente aprovado pelo Iphan

how to quote

RABELLO, Sonia. Marina da Glória: a entrega da área pública? Minha Cidade, São Paulo, ano 12, n. 137.03, Vitruvius, jan. 2012 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/12.137/4087>.



O plano original do Parque do Flamengo é de 1965. Foi elaborado por uma superequipe composta de profissionais geniais capitaneados por Lota de Macedo Soares.

Dentre eles, o mais mencionado é Roberto Burle Max, que esteve à frente de parte do projeto de paisagismo. Em razão disto, mesmo já falecido, ainda se valem do seu nome para justificar a legitimidade de algumas propostas de intervenções no local, como se fossem o próprio.

O arquiteto urbanista do Parque foi o incrível Affonso Eduardo Reidy, também autor do projeto do Museu de Arte Moderna, coadjuvado pelo arquiteto Jorge Moreira e outros.

A iluminação ficou a cargo do americano Richard Kelly, e a botânica coordenada por Luiz Emydio de Mello Filho. O programa educacional do Parque recebeu a contribuição inestimável da educadora Ethel Bauzer Medeiros, convocada por Lota para integrar a equipe do Parque.

Enfim, foi uma equipe orquestrada e genial de profissionais que, durante anos, conceberam e deram forma ao que hoje se constitui num dos mais belos parques urbanos do mundo: o nosso Parque do Flamengo.

Em 1964, Lota de Macedo Soares, autorizada pelo Governador Carlos Lacerda, em carta dirigida ao então diretor do Iphan, Dr. Rodrigo Mello Franco de Andrade, solicitando o tombamento do Parque e de seu projeto original, ainda a ser ali finalizado, assim profetizou:

“Pelo seu tombamento, o Parque do Flamengo ficará protegido da ganância que suscita uma área de inestimável valor financeiro, e da extrema leviandade dos poderes públicos quando se tratar da complementação ou permanência dos planos. Uma obra, que tem como finalidade a proteção da paisagem, e um serviço social para o grande público obedecem a critérios ainda muito pouco compreendidos pelas administrações e pelos particulares” (1).

De fato, o projeto do Parque, nas palavras de uma de suas maiores estudiosas, a arquiteta Cláudia Girão, tinha “dupla finalidade: reverenciar, com belas paisagens abertas, o panorama da fundação do Rio, e oferecer um grande projeto social à população. [...] o projeto do Parque do Flamengo representou um passo firme em direção a um tratamento igualitário, com oferecimento, a todos, de um espaço público de qualidade. Este conceito norteou todo o projeto, marcado pela unidade plástica e pelo equilíbrio” (2).

O tombamento do Parque do Flamengo teve como objetivo precípuo manter a integridade de seu singular projeto original. Por isto, por décadas, o Conselho Consultivo do Iphan determinou e manteve-se fiel ao critério de que nada que adulterasse o projeto original deveria ser permitido. Por isso, este Parque público seria non aedificandi.

Muitos projetos, durante estas 5 décadas de existência, foram propostos para o Parque, e, especialmente para a área conhecida como Marina da Glória. E tudo foi sendo negado, especialmente, qualquer forma de alteração no programa social e educativo do Parque de lazer, inteiramente acessível e disponibilizado para o público, aberto e de uso comum do povo!

Esse critério de não edificabilidade do Parque foi confirmado em duas instâncias na Justiça Federal, em 2006 e 2009.

Agora, em maio de 2010, tudo mudou. Com uma decisão ainda misteriosa para o público em geral, o Conselho Consultivo do Iphan aprovou um projeto ao qual tivemos acesso por vias indiretas.

Temos informações de que, se não contestadas pelo Iphan podem ser reputadas como verdadeiras, a edificabilidade da área da Marina da Glória será enormemente aumentada e, com a sua privatização, a mesma área será entregue à exploração comercial com lojas, local para espetáculos, restaurantes e estacionamentos.

Dentre os vários projetos apresentados ao Iphan em diversos anos, nota-se o absurdo crescimento da área construída proposta, inclusive com um novo deck dentro da Baía da Guanabara, sobre os piers ilegais lá fincados!

Por tudo isto, ontem, oficiamos, ao Presidente do Conselho Consultivo do Iphan e à Ministra da Cultura, para suspensão dos efeitos de qualquer aprovação que tenha sido feita para a área da Marina da Glória, sem a realização de uma audiência pública aberta à participação de toda sociedade carioca!

Esperamos ser atendidos!

notas

NE
Artigo originalmente publicado no blog da autora.

1
Carta de Lota de Macedo Soares a Rodrigo Mello Franco de Andrade, 1964. Apud OLIVEIRA, Ana Rosa de; BARROSO, Cláudia Maria Girão. SOS Parque do Flamengo. Minha Cidade, São Paulo, n. 06.070, Vitruvius, maio 2006 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/06.070/1947>.

2
GIRÃO, Cláudia. Parque do Flamengo: mais um anteprojeto para a marina. Disponível em <www.4shared.com/document/9aSUoXwi/Parque_do_Flamengo_-_mais_um_a.html>.

sobre a autora

Sonia Rabello é vereadora da cidade do Rio de Janeiro.

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