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my city ISSN 1982-9922

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Artigo comenta a relação entre o projeto arquitetônico e o design de interiores e de mobiliário na obra da arquiteta Lina Bo Bardi considerando os projetos do Masp – Museu de Arte de São Paulo, da Casa de Vidro e do Sesc Pompeia.

how to quote

DIAS, Bruno; ABASCAL, Eunice. Sesc Pompeia, Casa de Vidro e Masp. A coerência projetual entre arquitetura e o mobiliário nas obras de Lina Bo Bardi. Minha Cidade, São Paulo, ano 17, n. 200.07, Vitruvius, mar. 2017 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/17.200/6478>.



A arquiteta Lina Bo Bardi teve uma produção extremamente significativa no campo da arquitetura. Entre suas obras, podemos citar os projetos do Masp – Museu de Arte de São Paulo, da Casa de Vidro e do Sesc Pompeia, que serão o alvo do presente artigo. Já no campo do design, a arquiteta produziu mobiliário em escala comercial com as fábricas de móveis Studio Palma e Pau Brasil, além dos projetos especiais para as suas obras arquitetônicas.

Masp, São Paulo. Arquiteta Lina Bo Bardi
Desenho Bruno Dias

Aceitando um convite de Assis Chateaubriand para dirigir o Masp, o italiano Pietro Maria Bardi exerceu a função por cerca de 45 anos. As primeiras obras de arte do museu foram selecionadas por Bardi e adquiridas com doações da sociedade local, formando o mais importante acervo de arte europeia do Hemisfério Sul. O museu reúne mais de 8 mil obras, incluindo pinturas, esculturas, objetos, fotografias e vestuário de diversos períodos, abrangendo a produção europeia, africana, asiática e do continente americano. Primeiramente instalado na Rua 7 de Abril, no Centro de São Paulo, o museu foi transferido em 1968 para a atual sede na Avenida Paulista, um projeto de Lina Bo Bardi que se tornou símbolo arquitetônico na cidade. Lina inovou na hora de expor as obras, retirando-as das paredes e expondo-as em cavaletes cuja base podia ser em concreto, parabolt, madeira ou vidro (1).

Casa de Vidro, São Paulo. Arquiteta Lina Bo Bardi
Desenho Bruno Dias

Na Casa de Vidro de 1951, projetada pela arquiteta Lina Bo Bardi originalmente para ser sua residência e que hoje é ocupada pela fundação que leva o seu nome e o de seu marido, percebem-se aspectos da arquitetura moderna ali empregados, como pilotis e lajes planas. Outra marca desse estilo é a integração com a área externa através da transparência que se pode observar tanto na arquitetura, através dos planos de vidro, como nos móveis, cujos volumes principais não encostam no chão. Há ainda a utilização de materiais recorrentes na arquitetura que também são empregados nos móveis, como os pisos e os tampos das mesas revestidos com pastilhas, mármores e a estrutura dos móveis tubulares com acabamento similar ao da casa (2).

Sesc Pompeia, São Paulo. Arquiteta Lina Bo Bardi
Desenho Bruno Dias

O imóvel onde hoje é o Sesc Pompeia era antes uma fábrica, construída em 1938 pela firma alemã Mauser & Cia Ltda. seguindo um projeto dentro do molde inglês do início do século. Em 1945, a fabricante de tambores Ibesa comprou o imóvel, onde instalaria a Gelomatic, indústria de geladeiras a querosene. O projeto do Sesc veio com o intuito de revigorar e dar vitalidade para o antigo espaço abandonado. A restauração dos galpões foi realizada de 1977 a 1982 e seu bloco esportivo foi inaugurado em 1986 (3).

Masp, cavalete, São Paulo. Arquiteta Lina Bo Bardi
Desenho Bruno Dias

Com base no material levantado, há indícios da relação entre o projeto arquitetônico e o design de interiores e de mobiliário na obra da arquiteta Lina Bo Bardi. No caso do Masp, nota-se a predominância do concreto aparente utilizado na edificação, principalmente nas lajes, no guarda-corpo e nas escadas, enquanto os fechamentos laterais foram feitos com vidro. Para a exposição dos quadros, Lina fugiu do usual, que seria fixá-los em paredes, e adotou cavaletes construídos com concreto e vidro, o mesmo tipo de material que foi empregado no edifício.

Casa de Vidro, poltronas, São Paulo. Arquiteta Lina Bo Bardi
Desenho Bruno Dias

Na Casa de Vidro, projetada inicialmente para sua residência, Lina fez os fechamentos da área social com planos de vidro, possibilitando uma integração da área externa com o espaço interno e promovendo a fluidez. O que também pode ser visto no desenho do projeto de interiores é que os móveis contribuem com essa integração pois, na grande maioria, seu volume principal não encosta no piso nem no teto e, assim, não bloqueiam a integração do interior com a área externa. Há similaridades entre o projeto arquitetônico e os móveis, por meio de seus materiais, como o uso de tubos de ferro pintados com um tom de azul claro, além do uso de pedras e pastilhas.

Sesc Pompeia, mobiliário em madeira, São Paulo. Arquiteta Lina Bo Bardi
Desenhos Bruno Dias

Já na obra do Sesc Pompeia, com a construção do bloco novo e com as intervenções feitas nos galpões existentes, foi possível requalificar o espaço deteriorado e torná-lo um polo atrativo para diferentes públicos. Nota-se uma simplicidade do mobiliário, principalmente no desenho das mesas, bancos e balcões, em que se adotou o concreto, mesmo material utilizado nas edificações da área esportiva e no espaço da biblioteca. Percebe-se no desenho dos móveis que características como robustez, baixa manutenção e custo baixo para execução foram ao encontro do projeto arquitetônico, pensando num espaço público que estimula a integração de pessoas de diferentes faixas etárias e variadas classes econômicas e sociais.

Sesc Pompeia, mobiliário em madeira, São Paulo. Arquiteta Lina Bo Bardi
Desenhos Bruno Dias

Sesc Pompeia, mobiliário em madeira, São Paulo. Arquiteta Lina Bo Bardi
Desenhos Bruno Dias

Sesc Pompeia, mobiliário em madeira, São Paulo. Arquiteta Lina Bo Bardi
Desenhos Bruno Dias

 

notas

1
O Masp – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, localizado na Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista – São Paulo – SP, está aberto ao público de terça-feira a domingo das 10h às 18h (bilheteria aberta até as 17h30) e às quintas-feiras das 10h às 20h (bilheteria até as 19h30). Os ingressos custam R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada); às terças-feiras a entrada é gratuita.

2
A Casa de Vidro, sede do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, localizada na Rua General Almério de Moura, 200 – Morumbi – São Paulo – SP, atende o público de duas maneiras: 1) programa educativo: apenas por agendamento prévio para visitas individuais ou em grupo, escolas, universidades entre outros. As visitas envolvem atividades específicas e têm duração estimada em 1h30; 2) visitação espontânea: não necessita agendamento. Duração entre 45 minutos e 1 hora. As visitas têm início em horários específicos: 10h15, 11h45, 14h15 e 15h30. O atendimento é de quinta-feira a sábado, das 10h às 16h (última entrada às 15h30). Os ingressos custam R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (estudantes, professores e terceira idade).

3
O Sesc Pompeia está localizado na Rua Clélia, 93 – Pompeia – São Paulo – SP. O horário de funcionamento de terça-feira a sábado é das 9h às 22h; aos domingos e feriados é das 9h às 20h.

sobre os autores

Bruno Dias conquistou em 2013 o título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo. É professor da Universidade Nove de Julho e também atua com design de mobiliário. Em 2017 completa quinze anos de atividades no círculo moveleiro. Atualmente cursa Doutorado em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Eunice Helena Sguizzardi Abascal é Doutora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUSP). Atua como professora da área de Teoria e História da Arquitetura e como Coordenadora e Docente do Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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