Your browser is out-of-date.

In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.

 
  • in vitruvius
    • in magazines
    • in journal
  • \/
  •  

research

magazines

my city ISSN 1982-9922

abstracts

português
O objeto deste estudo é a cidade de Indaiatuba, localizada na região metropolitana de Campinas, entre os rios Jundiaí e Capivari. A cidade não possuiu desenvolvimento urbano planejado e nasceu em função de sua abundância de recursos hídricos.

english
The objective of this study is the city of Indaiatuba, located in the metropolitan region of Campinas, between the Jundiaí and Capivari rivers. The city did not have planned urban development and was born due to its abundance of water resources.

español
El objeto de este estudio es la ciudad de Indaiatuba, ubicada en la región metropolitana de Campinas, entre los ríos Jundiaí y Capivari. La ciudad no poseía desarrollo urbano planificado y nació en función de su abundancia de recursos hídricos.

how to quote

MORAES, Heloísa Rubim. Indaiatuba e a região metropolitana de Campinas. A industrialização como determinante no ordenamento territorial. Minha Cidade, São Paulo, ano 19, n. 224.03, Vitruvius, mar. 2019 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/19.224/7264>.


Parque Ecológico de Indaiatuba, arquiteto Ruy Ohtake
Foto Giuliano Miranda [RIC/Prefeitura Municipal de Indaiatuba]


A cidade de Indaiatuba

O município de Indaiatuba está situado na região sudoeste do Estado de São Paulo, pertencendo à região administrativa de Campinas. Apresenta as seguintes coordenadas geográficas: 23º05' de latitude e 47º13' de longitude. Dista 99 km de São Paulo, 22 km de Campinas. Faz limites ao norte com Monte Mor e Campinas; ao Sul, com Salto e Itu; ao leste, com Itupeva e a oeste com Elias Fausto.

Indaiatuba e a Região Metropolitana de Campinas
Imagem divulgação [Emplasa / Governo do Estado de São Paulo]

Este artigo pretende mostrar o desenvolvimento histórico, social e econômico da cidade de Indaiatuba a partir do viés de seu desenvolvimento urbano e regional. Serão abordados desde a origem da cidade como freguesia da Vila de Itu, passando por seu desenvolvimento como cidade em função de sua abundancia hidrográfica, a produção rural e posteriormente o desenvolvimento industrial variado que possibilitou o crescimento da cidade como se conhece hoje.

Histórico

No que diz respeito à constituição do município, o caminho foi aberto decididamente no século 19: em 1830, Indaiatuba tornou-se Freguesia da Vila de Itu, e em 1859, foi elevada à categoria de Vila. Já a data de fundação do povoado original é incerta. A tradição oral estabelece que a povoação foi fundada em fins do século 17, por José da Costa, que teria edificado uma capela de madeira junto ao Rio Jundiaí, próximo à foz do Ribeirão Votura (atual Córrego do Caldeira) também conhecido como Córrego Barnabé ou Bela Vista). O povoado teria se iniciado em torno da capela.

Porém existe uma dimensão lendária para a construção da capela:

“José da Costa, após procurar uma novilha na região que ia dos campos do pai Pirá até o Rio Tietê, cansado de um dia de andanças teria resolvido matar a sede no Ribeirão Votura e, inesperadamente, ali encontrou uma imagem de Nossa Senhora da Candelária. Com a imagem nas mãos teria feito uma prece e, quase que de imediato, encontrado o animal perdido, como por efeito de um milagre” (1).

A este acontecimento estaria relacionada a construção da capela. O pesquisador Scyllas Leite de Sampaio entende que José da Costa teria sido um dos herdeiros de Domingos Fernandes, por sua vez fundador de Itu. Isso justificaria não só a sua presença nas terras que dariam origem ao povoado de Votura, como também a posse destas mesmas terras, e até mesmo a construção de uma capela em devoção à Nossa Senhora da Candelária (2).

Igreja Candelária, Indaiatuba, 1910
Foto divulgação [Prefeitura Municipal de Indaiatuba]

Por volta de 1740, os habitantes da povoação original, pouso habitual de tropeiros, teriam se transferido para uma área de terras devolutas existente entre duas sesmarias, a aproximadamente seis quilômetros de distância, na direção de Campinas. A transferência teria sido motivada por uma violenta epidemia de varíola, relacionada, pelos moradores, à insalubridade do local (3).

Em 1830, além da mudança de denominação (de Cocais para Indaiatuba), houve a elevação do povoado à categoria de Freguesia do Distrito da Vila de Itu (decreto Imperial de 9 de dezembro), em terras desmembradas de Itu, Jundiaí e São Carlos (Campinas). A partir daí, Indaiatuba passou a participar das eleições para a Câmara de Itu e eleger o juiz de paz responsável pela administração da Freguesia. A primeira eleição na cidade aconteceu em 7 de setembro de 1832, no recinto da matriz, como era habitual na época.

Em 1859, pela Lei Provincial nº 12 de 24 de março, Indaiatuba foi elevada à categoria de Vila, desvinculando-se, portanto, de Itu, e emancipando-se política e administrativamente: constituiu sua própria Câmara Municipal e passou a eleger seus vereadores. A primeira eleição para a Câmara de Indaiatuba ocorreu em 3 de julho de 1859 – sete vereadores foram eleitos, sendo empossados em 31 de julho do mesmo ano.

Em 1873, com a criação do Termo de Indaiatuba, o município passou a ficar sob a jurisdição de um juiz de fora para resolver suas pendências judiciais. Em 1906, Indaiatuba foi elevada à categoria de cidade (Lei Estadual nº 1.038). Em 1963, foi criada a Comarca de Indaiatuba (Lei nº 8.050 de 31 de dezembro), desmembrada de Itu; tornou-se Comarca da 2ª Entrância em 1969.

Ocupação do território

A ocupação do espaço urbano e rural de Indaiatuba se deu a partir da vila implantada em torno da capela de Nossa Senhora da Candelária, às margens do córrego Barnabé, em fins do século 17. Formaram-se então vilas a partir de fazendas originadas para o cultivo de cana de açúcar e posteriormente de café.

A cidade permaneceu dividida em seus antigos núcleos de fazendas que, posteriormente, originaram bairros; porém, vazios urbanos eram um grande problema, além das diversas divisas criadas por marcos naturais, como nascentes e córregos. Por isso, no final da década de 70 foram iniciadas diversas medidas para unificação dos bairros e extinção de vazios urbanos a partir do projeto do Parque Ecológico, de autoria do arquiteto Ruy Ohtake, finalizado em 1992.

Parque Ecológico de Indaiatuba
Foto Fernando Santos [Wikimedia Commons]

Apesar dos esforços para aumento da densidade e ocupação de vazios urbanos a densidade bruta da cidade é considerada baixa, chegando a apenas 6,5 hab/ha. A cidade possui diversos parques urbanos como instrumentos estruturadores para a unificação da cidade.

Questões ambientais

Com a origem da cidade as margens do Rio Jundiaí e tendo em vista sua tendência e riqueza hídrica, a cidade sempre foi propicia para o plantio de cana-de-açúcar, o que ocorreu durante o século 19 e atualmente se mantém em algumas partes da zona rural.

Atualmente o poder público cuida da preservação de nascentes e áreas de proteção, tendo em vista a recuperação da mata ciliar, a monitoração de todas as nascentes e mais recentemente a construção de uma barragem para a preservação dos recursos hídricos da cidade, o que inclui também um plantio de 110 mil mudas de árvores nativas.

Indústria

O desenvolvimento industrial da cidade se inicia em meados de 1920, quando começam a se instalar no município as primeiras unidades industriais. Entre os anos de 1930 e 1945 instalaram-se diversas indústrias de transformação de madeira e após 1945, as indústrias têxteis.

Na década de 1960, o município recebeu grandes indústrias mecânicas e metalúrgicas. Em 1980, estavam instaladas 422 indústrias no município. Como muitas outras cidades da região, antes da década de 1970, Indaiatuba era uma cidade de predominância rural.

O grande salto em busca do desenvolvimento de Indaiatuba foi dado com a criação do Distrito Industrial em agosto de 1973, no governo do prefeito Romeu Zerbini que criou no ano seguinte uma lei de incentivos às indústrias que se instalassem no município. Em 1970 havia 37 indústrias em atividade na cidade e esse número subiu para 75 em 1975.

As condições para o progresso da cidade seriam favorecidas pelo seu potencial energético, sua localização em relação aos grandes centros industriais e comerciais e as opções de vias de acesso a outras cidades, o que facilitava o escoamento de sua produção e suas relações comerciais. Na década de 1970, a cidade começou a receber grande número de migrantes e a demarcação da área do Distrito Industrial teve que sofrer algumas mudanças, para ceder espaço à ampliação residencial que foi se processando com esse fluxo migratório.

Nesse período, alguns empresários começaram a reivindicar a criação de uma unidade do Serviço Nacional da Indústria – Senai na cidade, pois a maior parte da formação profissional dos moradores de Indaiatuba era feita no Senai de Itu. Essa deficiência começou a ser sanada com a criação da Fundação Indaiatubana de Educação e Cultura – FIEC, em 1985 e a introdução do primeiro curso técnico de mecânica em 1986.

Posteriormente, o Senai “Comendador Santoro Mirone” iniciou suas atividades em agosto de 1997. Sua instalação é resultado de um convênio entre a Comercial Agropecuária Pimenta (4), doadora do terreno, a Irmandade de São José, construtora do primeiro prédio em parceria com a Associação das Indústrias do Município de Indaiatuba – AIMI, a Prefeitura do Município de Indaiatuba e o Senai-SP (5).

Senai “Comendador Santoro Mirone”, Indaiatuba

Questões econômicas e sociais

No histórico da cidade vemos o início do desenvolvimento econômico pela agricultura no século 19, principalmente a cultura de cana-de-açúcar e, a partir da segunda metade do século 19, também a do café.

Posteriormente, a implantação da indústria em meados da década de 20 trouxe indústrias têxteis e de manuseio de madeira. A cidade hoje faz parte do grande desenvolvimento trazido pela implantação do Aeroporto de Viracopos e faz parte da aerotrópolis que nele se aplica.

Seu eixo rodoviário se encontra próximo das principais rodovias do país, o que faz da cidade um ponto focal de investimento e instalação de indústrias como a automobilística.

Fábrica de automóveis Toyota em Indaiatuba
Foto divulgação [Investe SP / Governo de São Paulo]

O IDH do município é de 0,788, o 40º no ranking nacional, porém existem problemas sociais como a segregação espacial e crescimento da criminalidade.

O município atende também à demanda de escolas públicas de educação infantil, fundamental e médio. Existem também duas escolas técnicas do Senai e a FIEC, escola de ensino profissionalizante implantada pelo governo municipal.

Conclusão

A partir do estudo direcionado a vários aspectos, concluímos que o desenvolvimento da cidade de Indaiatuba segue um padrão comum às cidades do interior de São Paulo, principalmente quanto à Região Metropolitana de Campinas em relação à produção rural, onde seguiram-se os ciclos do café e posteriormente da cana-de-açúcar e principalmente por fazer parte do ramal da estrada de Ferro Sorocabana, chegando inclusive a possuir a estação final do ramal, anterior a construção da estação de Itu.

Posteriormente, o desenvolvimento industrial, que se inicia rarefeito e diversificado, se intensifica por consequência de políticas de subsídio industrial. Esse aspecto atribuiu um caráter industrial diversificado, possibilitando um crescimento e maior desenvolvimento da cidade de Indaiatuba, se destacando entre as cidades da RMC.

notas

NA – Este estudo é um recorte de uma pesquisa feita inicialmente para a produção do Trabalho Final de Graduação I e II do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Metodista de Piracicaba – Unimep, sob orientação do Professor Me. Natanael Macedo Jardim entre fevereiro e novembro de 2016.  A pesquisa tinha como objetivo a proposta de projeto de uma universidade de ciência, tecnologia e inovação com foco em arquitetura e engenharias na área industrial da cidade de Indaiatuba. Para que o projeto tivesse embasamento teórico e houvesse a justificativa de implantação, foi então produzida a pesquisa.

1
Cf. Francisco Nardy Filho. In Indaiatuba. São Paulo, SP Cidades <http://spcidades.com.br/cidade.asp?codigo=163>.

2
Cf. Scyllas Leite de Sampaio. In Indaiatuba. São Paulo, SP Cidades <http://spcidades.com.br/cidade.asp?codigo=163>. Sobre Indaiatuba, ver também: Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Indaiatuba. Conheça nossa cidade. Disponível em <www.aciai.com.br/conheca-nossa-cidade>; História da Cidade. Disponível em <www.indaiatuba.sp.leg.br/institucional/historiaindaia.asp>

3
KOYAMA, Adriana Carvalho. Exemplos da Participação de Indaiatuba na economia paulista dos séculos XVIII e XIX. Disponível in <https://www.promemoria.indaiatuba.sp.gov.br/arquivos/galerias/indaiatuba_na_economia_paulista_sec_xviii_e_xix.pdf>.

4
PIMENTA: Município de Indaiatuba, SP. Disponível em <http://www.estacoesferroviarias.com.br/p/pimenta.htm; Quarque caminho sai na venda. Bairro Pimenta em Indaiatuba. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=-ub4Txft8_Q>.

5
Senai São Paulo. Disponível em <http://indaiatuba.sp.senai.br>.

comments

newspaper


© 2000–2024 Vitruvius
All rights reserved

The sources are always responsible for the accuracy of the information provided