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PORTAL VITRUVIUS. Complexo Esportivo de Deodoro (CED). XV Jogos Pan-Americanos Rio 2007. Projetos, São Paulo, ano 07, n. 083.02, Vitruvius, out. 2007 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/07.083/2839>.


Introdução

As instalações dos Jogos Pan-Americanos de 2007 foram agrupadas em quatro grandes zonas distintas da cidade: Barra, Pão de Açúcar, Maracanã e Deodoro (Vila Militar). Essa estratégia pretendeu distribuir os benefícios diretos e indiretos dos jogos entre todos os habitantes do Rio de Janeiro, através da construção de instalações e melhorias a partir de uma rede de infra-estrutura existente.

No Complexo Esportivo da Vila Militar de Deodoro foram realizadas as provas de Tiro Esportivo, Hipismo, Tiro com Arco, Hóquei sobre Grama e Pentatlo Moderno. Grande parte dos equipamentos esportivos e de apoio permanecerá como legado (um programa para competições similares se aplicaria também a futuros Jogos Olímpicos e Paraolímpicos), formando um conjunto com um grande potencial de catalisar uma revitalização geral de uma área suburbana significativa da cidade (Bangu-Realengo).

Programa

O projeto é um personagem com vários autores, e é inteligente apenas quando é lidado dessa forma. Senão, se torna obsessivo e impertinente” Álvaro Siza (1).

Um projeto para instalações esportivas de um evento do porte dos Jogos Pan-Americanos exige, antes de tudo, o atendimento a uma série de pré-requisitos, regulamentos e orientações de dezenas de instituições nacionais e internacionais. Uma das particularidades desse tipo de projeto é ter que atender a todas essas exigências e demandas para a instalação de grandes eventos temporários internacionais de curta duração (Jogos Pan-Americanos, Campeonatos Mundiais, Olimpíadas) e ao mesmo tempo permanecer como um legado capaz de ser viável em termos de manutenção e de gerenciamento (funcionando como clube de treinamento, escola esportiva, etc.).

Para a realização dos Jogos ou campeonatos mundiais, projetos específicos de Instalações Temporárias (Overlay (2)) devem complementar as instalações definitivas, contemplando todas as necessidades para a operação do evento, garantindo o acesso e o apoio adequados ao público, atletas, imprensa, etc. Os espaços internos temporários nem sempre permanecerão com a mesma função que tinham durante o evento, embora muitas vezes isso aconteça.

Dessa forma, buscamos minimizar ao máximo os espaços de dupla-função (ou seja, que tivessem que ser adaptados para o evento, tendo uma utilização posterior diferente), definindo no programa de necessidades, a partir do evento, um conjunto de edificações e equipamentos definitivos que possibilitasse a organização de outras competições oficiais (campeonatos regionais, mundiais, olimpíadas, etc) bem como um uso cotidiano de fácil manutenção (clube de treinamento, escola esportiva, etc). As instalações temporárias, que teriam suas estruturas e equipamentos removidos logo após os Jogos, deveriam ser acopladas a uma rede de infra-estrutura de acessos e instalações a serem projetadas em conjunto com o legado definitivo, que dessa forma continuaria preparado para receber outros eventos de porte similar no futuro.

Implantação, projeto executivo
Imagem dos autores do projeto


Em todas as cinco instalações esportivas em questão, visando ao evento dos Jogos Pan Americanos e usos posteriores, temos uma série de pré-requisitos em termos de organização, programa e funcionamento, que podem ser considerados como constantes ou análogos em uma mesma visão e estratégia de projeto, tanto do ponto de vista do evento como do ponto de vista do legado. Na etapa de desenvolvimento do Masterplan, o fundamental foi definir a setorização funcional geral e o inter-relacionamento de cada uma das instalações, com base nos diversos fluxos de veículos, pedestres e equipamentos, e seus diversos níveis de segurança e controle. (3)

Imagem

A variedade é o prelúdio da monotonia; para evitá-la, repita seu próprio elemento” Luigi Snozzi (4).

Se o projeto começa dessa complexa rede de pré-requisitos e necessidades específicas de um evento temporário internacional, ele também teria que ir além disso. A arquitetura tinha que ser capaz de atender às complexas demandas do evento e também do “pós-evento”, tendo que absorver as prováveis mudanças de usos, oferecendo flexibilidade para a apropriação de seus espaços, e também se manifestar claramente no contexto da paisagem natural e urbana.

Dessa forma, buscamos criar um repertório formal mínimo que pudesse ser composto de diversas maneiras de acordo com a especificidade de cada esporte e de cada lugar, conferindo a unidade necessária ao conjunto, respondendo a problemas semelhantes de forma semelhante, mantendo a idéia de um “complexo” ao invés de cinco instalações esportivas isoladas. Quanto mais essa identidade fosse bem definida e reforçada, mais ela ajudaria a arquitetura ser capaz de “sobreviver” às diversas e inevitáveis interferências.

A construção planejada a partir da modulação de um vocabulário restrito a poucos elementos, além de permitir pré-fabricação, gerando agilidade no processo de montagem e a economia de escala inerente à repetição dos sistemas, confere uma unidade visual ao conjunto das várias edificações pela própria repetição e combinação das suas proporções, ritmos e escalas.

Por questões de logística e rapidez de execução optamos por um sistema construtivo misto: concreto fundido ‘in loco’ (pilares, contenções e muros de proteção), concreto pré-moldado (degraus e “vigas jacaré” das arquibancadas e lajes em geral) e estrutura metálica (coberturas de vigas treliçadas revestidas com telha sanduíche), com vedações (alvenaria, dry-wall, painéis de telha, brises e vidros) independentes da estrutura. Evitando sempre que possível o uso de “revestimentos”, quase podemos dizer, parodiando Niemeyer, que quando toda a estrutura ficou pronta, a arquitetura também estava finalizada.

As condições climáticas do local (Bangu é uma das áreas mais quentes do Rio de Janeiro) e as particularidades das instalações esportivas, que necessitavam de grandes vãos livres e de isolamento termo-acústico, sugeriram um tipo de sistema construtivo onde a cobertura se desdobra em forro, que se desdobra em parede, gerando uma série de elementos contínuos de forte impacto visual (de linhas retas e simples, às vezes violentamente exacerbadas em contraste com a paisagem natural), mas de fácil construção e manutenção.

Além disso, os poucos materiais empregados (concreto aparente, telha termoacústica, bloco de concreto, cobogó, brises, vidros), juntamente com a repetição das soluções dos pórticos, beirais, forros e dos sheds, conferem uma unidade em termos de imagem austera às cinco instalações esportivas e suas construções de apoio.

Desta forma, o Centro de Tiro Esportivo (CTE), o Centro de Tiro com Arco (CTA), o Centro Hípico (CHI), o Centro de Hóquei sobre Grama (CHG), e a Piscina do Pentatlo Moderno (CPE) devem ser vistos não como cinco projetos independentes, mas como um complexo integrado por diversas partes que, juntamente com as instalações de infra-estrutura urbana, pretendem formar um todo coerente com potencial de catalisar uma requalificação do contexto urbano e natural imediato.

Paisagem

Eu gostaria de ser um arquiteto no Rio de Janeiro. Quando você comete um equívoco, eu imagino, a Natureza imediatamente corre em sua ajuda” Álvaro Siza (5)

A paisagem natural no Rio de Janeiro consegue ser surpreendente até mesmo em regiões como Deodoro. Os mares de morros, a gradação de colinas arredondadas de encostas convexas da parte norte até a planície de sedimentos, suavemente inclinada para o sul, junto com uma combinação de campos sujos e floresta alterada, etc. Esses aspectos que às vezes podem passar despercebidos ao olhar desatento (ou acostumado) ficaram evidentes e foram ressaltados com a simples primeira “limpeza” dos terrenos.

Por outro lado, a paisagem urbana do entorno é típica de subúrbio. A Av. Brasil corta a Vila Militar de Deodoro ao meio, separando sua parte norte da parte sul. Ao norte, a imensa área livre, disponível para a implantação do Centro de Tiro, se destaca na paisagem natural com poucas construções esparsas no seu entorno imediato. Ao sul, onde o bairro propriamente dito se adensa, a Vila Militar ainda é um enclave à parte, quase um oásis de ordem e disciplina num contexto de ocupação desordenada e predominantemente residencial do reduto suburbano da região.

Ao avaliarmos a implantação da Vila Militar, principalmente em vista aérea, vemos claramente o contraste entre essas áreas rigidamente distribuídas e a ocupação mais informal e “orgânica” da vizinhança suburbana; entre a ocupação mais densa e desorganizada dos bairros e a ocupação mais esparsa e arborizada dos militares. Esse contraste é gritante, tanto na urbanização como nas próprias edificações.

Diversas vezes, mesmo assim, a paisagem veio nos dar uma mãozinha quando menos esperávamos. Uma incrível coincidência fez com que tivéssemos um enquadramento perfeito do céu e dos morros a partir da circulação principal do Centro de Tiro, onde a seqüência de vigas dos campos de prova esconde justamente a vista da implantação desordenada do bairro na paisagem. Num outro caso, no Centro de Hipismo, a topografia e a vegetação natural da região onde foi implantada a trilha de 5 km do Cross-Country sugeriram um percurso sinuoso e uma série de obstáculos que parecem fazer parte da paisagem original. Ainda no CHI, uma área em torno de um afloramento rochoso, resultado de um antigo desaterro coberto de mato, se revelou um espaço ideal para um campo de treinamento único e especial. Na região do Centro de Hóquei, ao suspendermos a piscina olímpica , por causa do lençol freático, tivemos uma vista inesperada da vegetação exuberante ao fundo.

1 – Centro de Tiro Esportivo (CTE)

2 – Centro de Tiro com Arco (CTA)

3 – Centro de Hóquei sobre Grama (CHG)

4 – Centro de Pentatlo Moderno (CPE)

5 – Centro de Hipismo (CHI)

notas

1
ANGELILLO, Antonio (ed.). Álvaro Siza: Writings on Architecture. Milan, Skira Editore, 1997. (tradução livre).

2
Definiu-se como Overlay todas essas estruturas, equipamentos e instalações que deixariam de existir após o evento. Definiu-se como Legado todas as estruturas, equipamentos e instalações que permaneceriam sendo utilizadas com funções esportivas e de apoio no uso cotidiano.

3
Público, Transmissão de Rádio e Televisão, Mídia, Atletas e Equipes, Família Pan-Americana e VIPs, Patrocinadores, Gerenciamento e Administração.

4
DISCH, Peter. Luigi Snozzi. Costruzioni e progetti-Buildings and projects (1958-1993), Lugano CH, ADV Publishing House SA, 1994 (tradução livre).

5
ANGELILLO, Antonio (ed.). Op. Cit., em comentário válido até mesmo em Deodoro, para nossa surpresa.

ficha técnica

Arquitetura
BCMF Arquitetos (antiga MCA Arquitetura)

Autores
Bruno Campos (Arquiteto Responsável), Marcelo Fontes e Silvio Todeschi (co-autores)

Equipe
Jorge Leal, Cláudio Parreiras Reis, Luciana Maciel, Lisiane Melo, Leonardo Fávero, Cristiano Monte-Mór, Ana Kawakami, Fabiana Fortes e Antônio Valadares

Consultoria
Eduardo Castro Mello

Overlay
Gustavo Nascimento (CO-Rio 2007) e John Baker (M.I Associates/ Bligh Voller Nield)

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083.02 Institucional
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Autores do projeto
Rio de Janeiro RJ Brasil

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083

083.01 Concurso

Concurso de Arquitectura Centro Matucana - Museo de la Memoria

083.03 Acadêmico

XXI Taller Internacional de Arquitectura

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